Review: Lucifer - Lucifer II (2018)


O Lucifer estreou em 2015 com o seu auto-intitulado debut, e dá um passo enorme em seu segundo disco. A banda, que possui raízes suecas e alemãs, é uma das revelações da cena atual, com um som cativante e pronto para alcançar novos ouvintes.

O grupo é formado por Johanna Sadonis (vocal), Martin Nordin (guitarra), Linus Björklund (guitarra), Alexander Mayr (baixo) e Nicke Andersson (bateria). Essa é a formação ao vivo. No estúdio, a presença de Andersson, conhecido pelo seu trabalho como vocalista e guitarrista dos ótimos The Hellacopters e Imperial State Electric, dá um pedigree extra para o Lucifer e chama a atenção para uma banda que tem muitos méritos. Nicke assume a guitarra na gravação, imprimindo o seu toque único para a sonoridade do Lucifer.

A evolução apresentada entre o disco de estreia e esse Lucifer II é gigantesca. Da produção aos timbres, tudo soa melhor, principalmente as composições. As nove músicas do álbum são muito bem resolvidas e caminham pela seara do hard com pitadas setentistas, porém com a onipresença de melodia característica dos projetos em que Andersoon está envolvido. Mesmo não assumindo a guitarra, a influência das bandas de Nicke permeia a sonoridade do Lucifer, ainda que o quinteto possua uma personalidade própria e que é bem mais sombria que o Hellecopters e o Imperial State Electric.

O ponto focal do Lucifer é Johanna Sadonis. A bela vocalista, que é esposa de Nicke Andersson, canta com profundidade e possui uma voz agradável, que somada às escolhas sonoras da banda resulta em um disco acessível e que agrada de imediato. É rock, e dos bons, onde a pretensão está em compor boas canções e não em reinventar a roda e iniciar uma nova tendência. Na verdade, o Lucifer nada junto com a tendência do occult rock surgida a partir de 2010 com o Ghost, mas apresenta uma música com característica originais e que não possui praticamente nenhum elemento de heavy metal, enquanto bebe sem medo no hard dos anos 1970 e não esconde que o gênero é uma das suas maiores inspirações. O tratamento dado à “Dancing With Mr. D”, música de abertura de Goats Head Soup (1973), décimo-primeiro LP dos Rolling Stones, evidencia as qualidades da banda e seus pontos fortes: a sensualidade e a malícia, ambas caminhando para longe da luz e para extremos mais sombrios.

Outros pontos fortes são encontrados na abertura com “California Son” (com ecos sutis de Uriah Heep), na deliciosa “Dreamer” e no sentimentalismo da linda “Before the Sun”, onde Johanna entrega a melhor interpretação do disco. A adição de uma segunda guitarra tornou a música do Lucifer, além de mais encorpada, também mais rica, já que os duetos e a interação entre os instrumentos de Nordin e Björklund salta aos ouvidos e é outro dos grandes acertos do disco.

Este segundo álbum do Lucifer é uma das boas surpresas do ano. Totalmente underrated e pouco comentada, a banda gravou um ótimo disco e que deve cair no gosto de quem aprecia nomes como Blues Pills, Rival Sons e companhia. 

Pra fechar, a ótima notícia é que Lucifer II acaba de ser lançado no Brasil pela Hellion Records, facilitando o acesso pra quem curte os bons sons.

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