Como a Amazon pode ser uma ótima alternativa para o mercado brasileiro de música



A chegada da Amazon ao mercado brasileiro de música pode ser uma ótima alternativa para os pequenos e médios selos especializados em rock e heavy metal. Neste texto, vou tentar explicar porque penso dessa maneira.

A empresa norte-americana iniciou quinta, 08/08, a venda de itens relacionados à música e filmes em seu site aqui no Brasil. Estão disponíveis na Amazon Brasil CDs, LPs, DVDs, Blu-rays e toca-discos, em um catálogo que cresce dia após dia e já conta com mais de 10 mil itens. Maior varejista do mundo, a Amazon possui um catálogo imenso em suas lojas online nos Estados Unidos e Inglaterra, e essa diversidade de opções deve chegar ao Brasil nas próximas semanas. Conheça a loja de música da Amazon clicando aqui, e a loja de filmes clicando aqui.

Para tanto, algumas coisas são necessárias. A primeira delas é a negociação com as grandes gravadoras que operam aqui no Brasil. Grupos como Warner, Universal, EMI, Som Livre e outras ainda não tem os seus catálogos disponíveis em sua plenitude no site. Acredito que isso deva ser corrigido gradualmente nas próximas semanas, tanto pela percepção por parte das gravadoras do imenso canhão de vendas que é a Amazon quanto pelo interesse da própria empresa norte-americana, que deve negociar diretamente com as gravadoras para aquisição de seus itens. O que vemos em sites como Saraiva, Submarino e Americanas deve se repetir na Amazon, mas com mais profundidade. Afinal, quem não quer ter o seu produto disponível e em destaque na maior vitrine do varejo mundial, não é mesmo?


A venda de itens de música na Amazon Brasil está sendo feita de dois modos: produtos vendidos pela própria Amazon e itens disponibilizados através de marketplace, que é o método onde vendedores e lojas anunciam seus itens no site da Amazon e são respaldados pela segurança e garantia de entrega da companhia. Em ambos os casos, acredito que sejam ótimas opções para selos pequenos e médios que trabalham com bandas de rock e metal aqui no Brasil, como Hellion, Shinigami e outros.

Para isso, vale analisar o case da Pipoca & Nanquim. A editora paulista, que surgiu do canal homônimo no YouTube, se transformou em um fenômeno no mercado de quadrinhos. Com um trabalho de curadoria excelente, a PN – que é formada por três profissionais com vasta experiência em editoras brasileiras – construiu toda a sua estratégia e modelo de negócio tendo a Amazon como parceira vital. Os títulos da Pipoca & Nanquim são vendidos e distribuídos quase que exclusivamente através da Amazon. E mais: as tiragens de cada uma das HQs da editora são definidas tendo como base os pedidos das pré-vendas realizadas no site da Amazon. Isso, somado ao ótimo trabalho de curadoria e a um histórico de anos de relacionamento com o público através do canal no YouTube, faz com que a grande maioria dos títulos publicados pela PN se transformem em sucessos de venda, além de receber aclamação da imprensa especializada.

Esse exemplo da Pipoca & Nanquim vejo como didático e perfeitamente aplicável para o mercado de música. Selos médios e pequenos especializados em metal e rock podem trabalhar de maneira similar, utilizado a Amazon como plataforma e vitrine para alcançar um público maior do que aquele que atingem hoje em dia, seja pela falta ou dificuldade de acessibilidade de alguns sites de vendas destes selos ou pela própria limitação que o nicho do rock e do metal acabam proporcionando. Alcançar um público de fora desse nicho e que nem sabe que alguns itens que poderia gostar existem é algo sempre bom, não é mesmo?


A Amazon teve um impacto gigantesco no mercado de quadrinhos brasileiro. Ao começar a operar no setor, a empresa adotou uma política de preços extremamente agressiva, conquistando de maneira quase imediata os leitores. Isso gerou consequências: abaladas por anos de más administrações e relacionamentos predatórios com o mercado, redes como Saraiva e Cultura foram especialmente afetadas, e, por uma série de motivos que tem a chegada da Amazon apenas como um dos fatores, ambas pediram recuperação fiscal após mergulharem em dívidas monstruosas. Isso também se refletiu nas bancas de revistas e nas redes menores, que não tem como concorrer com a Amazon e sentiram fortemente o impacto da chegada da gigante norte-americana. Rapidamente, a Amazon Brasil se consolidou na principal plataforma de vendas do mercado de quadrinhos, em uma relação direta com as grandes editoras – cada uma delas possui vitrines e páginas exclusivas dentro do site, como você pode ver aqui. Hoje, a inclusão de itens no site da Amazon é feita, em sua grande maioria, pelas próprias editoras, que utilizam o site como plataforma de lançamento de novos títulos e exploram o imenso poder e a grande penetração da empresa norte-americana no mercado.

Há de se mencionar que, como cliente, a diferença é bastante clara para quem utiliza a Amazon para comprar quadrinhos. Falo isso com experiência própria. O sistema de compras da Amazon é muito simples, intuitivo e tudo funciona de maneira ágil e segura, com entrega rápida e garantida. É um modo de vender online que ninguém no Brasil chegou perto. E não, eles não estão me pagando para falar e elogiar, é só um relato pessoal de alguém que já comprou em vários sites e nenhum foi tão completo quanto a Amazon. Isso sem falar na relação com os clientes, que é exemplar.

Hoje, não é tarefa das mais fáceis encontrar uma boa loja de CDs online especializada em rock e metal aqui no Brasil. É claro que existem ótimas opções como a paulista Die Hard, que presta um excelente atendimento há anos e é extremamente confiável, além de possuir um site com layout amigável. Porém, a Die Hard acaba sendo uma exceção, principalmente pela facilidade em acessar o site, que é bastante intuitivo. Outras lojas e gravadoras especializadas em rock e metal oferecem a venda online, porém fazem isso com sites um tanto confusos e pouco funcionais em sua maioria.


Outro ponto fundamental é a extinção das lojas de discos. Com exceção das capitais e principais cidades brasileiras, a grande maioria dos municípios do Brasil não possui mais nenhuma loja de CDs, LPs e afins. Quem está na faixa dos vinte e poucos anos se acostumou a comprar itens online, mas quem é mais veterano como eu ainda tem nas lojas de discos um local de confraternização com pessoas que compartilham uma mesma paixão. Aqui na Grande Florianópolis, existem apenas duas lojas de discos – não estou colocando na soma grandes redes como Saraiva e Americanas, que tem diminuído cada vez mais o espaço destinado à venda de CDs. E apenas duas lojas para uma região com mais de 1 milhão de habitantes é, convenhamos, muito pouco, ainda que a venda de música no formato físico tenha diminuído drasticamente ao longo dos anos. Em cidades menores é impossível encontrar uma loja de discos, e isso é triste. A Amazon resolve essa questão, proporcionando o acesso que já foi exclusividade de redes como Saraiva e Submarino, porém com muito mais eficiência – como já comentei, quem já comprou itens nessas empresas e comparou o serviço com a Amazon sabe que a diferença é brutal.

Em um futuro próximo, visualizo a loja de música da Amazon de forma similar a como a página de quadrinhos da empresa está organizada, com lojas exclusivas para gêneros e selos, listas de mais vendidos e tudo mais. Há de se mencionar também que a política de preços da Amazon costuma ser bastante agressiva, além de contar com promoções periódicas, que certamente tornarão esses preços ainda mais baixos. Estou me baseando muito no que a empresa fez quando começou a operar no setor editorial aqui no Brasil porque vejo essa forma sendo utilizada pela Amazon em diversos outros segmentos que ela começou a oferecer ao longo dos anos, e acredito que seguirá atuando de forma semelhante no mercado de música.


Hoje, a principal plataforma de venda online de CDs e LPs aqui no Brasil é o Mercado Livre, que oferece uma variedade enorme de itens com preços que variam entre aceitáveis e inacreditáveis (no mau sentido). Com a chegada da Amazon isso deve mudar de maneira gradativa, com a empresa norte-americana assumindo o protagonismo na mesma proporção em que realiza negociações e estreita o seu relacionamento com os grandes, médios e pequenos players do mercado fonográfico brasileiro.

Por fim, o início das vendas de itens de música pela Amazon Brasil é uma excelente notícia para quem segue adquirindo CDs, LPs e mídia física. O catálogo, que ainda é reduzido, tende a crescer nos próximos meses pelos motivos expostos acima, solidificando a empresa como uma das principais opções de compra para quem procura esse tipo de produto. Vamos ver como tudo se desenrolará daqui para frente, mas o fato é que a chegada da gigante norte-americana muda os rumos do mercado fonográfico nacional, e esperamos que para melhor.


Comentários

  1. Discos não são mais necessários para o consumo de musica como há 20~25 anos atrás. Isso é fato. Logo, tornaram-se objetos específicos ao nicho dos colecionadores. Portanto penso que a reativação desse mercado para nós é algo muito bom. Mas isso só será viável se houver uma revisão dos impostos cobrados sobre esses produtos, pois só a livre concorrência de mercado não será suficiente, pois lembrem, estamos nem país onde tudo tende a não dar certo. Eu espero sinceramente que a força da gigante global pressione o governo quanto à sua política tributária, pois do jeito que está (para comprar aqui ou para trazer de fora) ainda está muito caro. Tendo em vista que nós colecionadores somo um público devotado que irá inevitavelmente consumir cd's e lp's, a impressão que tenho é de que mantém-se alíquotas absurdas sobre eles propositalmente, para lucrar horrores em cima da paixão alheia. Uma "sem-vergonhisse" que eu espero que acabe com essa novidade.

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  2. Para começar, confesso duas coisas:

    1) perdi totalmente o costume de consumir mídia física de música. Sei qual foi o último disco que eu comprei (em CD): The Final Frontier do Iron Maiden. Já são quase dez anos!

    2) mas ainda compro livros. Sou cliente da Amazon BR desde que ela começou a operar no mercado de vendas online de livros no Brasil.

    Dito isso, acho a Amazon uma opção muito interessante, mas existem efeitos colaterais. A chegada da Amazon vendendo livros e a crise do mercado editorial tiveram como consequência a implosão do mercado online de vendas de livros. Já tem mais de um ano que não compro um livro em outro lugar que não seja a Amazon e acho isso péssimo.
    E o motivo é simples: muitas vezes os livros buscados não estão disponíveis nos concorrentes que sobraram (alguém reparou que os estoques de Submarinos e afins não existem mais?) ou se estão, o preço nunca compensa.

    Hoje em dia, praticamente não há mais concorrência. E a própria Amazon sabe disso, tanto é que o serviço piorou. Ainda é um bom serviço, mas quando começaram a operar no Brasil, era excelente. Os preços também não são tão bons como eram (mesmo levando em conta a crise, etc)...

    E faz sentido. Pra que oferecer serviços como antes? Pra que entregar os produtos com tanta rapidez como antes? Pra que oferecer promoções e descontos como antes? Não tem mais concorrente. Não precisa.

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  3. Quero comprar mas não consigo visualizar estoque

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