Por Thiago Sarkis
Colecionador e Jornalista
Shows lotados, 70 milhões de discos vendidos, uma legião de fãs que duas ou três bandas – se é que quaisquer outras além deles – podem se gabar de ter conquistado tocando heavy metal, apresentações como atração principal nos maiores festivais europeus, asiáticos, sul-americanos e, eventualmente, norte-americanos, além de clássicos que se tornaram hinos de um estilo e trilhas sonoras de várias gerações. Resumidamente, este é o Iron Maiden de Steve Harris (baixo), Bruce Dickinson (vocal), Dave Murray (guitarra), Adrian Smith (guitarra), Janick Gers (guitarra) e Nicko McBrain (bateria), formado em 1975.
Cerca de uma década antes do surgimento deste fenômeno, outro Iron Maiden circulava pela cena britânica em busca de um pouco de atenção e reconhecimento. Além do nome e do rock, com as guitarras em realce, o grupo sessentista de Essex, Inglaterra, assemelhava-se ao bem-sucedido xará pela figura de seu líder, Barry Skeels, também baixista. Vários músicos entraram e saíram do conjunto, mas ele permaneceu até o encerramento das atividades da banda, em 1970.
“Eles estão no Brasil novamente?”, questionou Skeels ao ser comunicado da recente turnê do Maiden de Harris pela América do Sul. ”É incrível! Eu nunca imaginei que o Iron Maiden fosse se transformar em um gigante do rock. Pelo menos, não o meu (risos)”.
Bem-humorado, porém, em tom mais sério, o músico, dono da Offbeat Management e ainda em atividade com a The Black River Band, ressalta os feitos do homônimo de seu findado projeto. “Nós éramos insignificantes comparados a tudo isso que eles conquistaram. Excursionar por todos os continentes e se transformar em uma entidade com ídolos mundiais jamais se aproximou da nossa realidade. Eles triunfaram em um meio difícil e alcançaram coisas que nem grupos medianos ou grandes conseguem. De certa forma, sinto orgulho disso. Acho que é porque temos algo em comum (risos)”.
O ex-baixista relembra a fundação de seu Iron Maiden com satisfação, mesmo que faça ressalvas e ria dos primeiros passos que deram. “Começamos a trabalhar como Iron Maiden em 1968 com Steve Drewett nos vocais, Trevor Thoms na guitarra, Paul Reynolds na bateria e eu no baixo. Antes disso, tocamos por mais ou menos dois anos com o nome Bum. Penso que não foi a decisão mais sábia iniciar uma banda nomeando-a bunda (risos)”.
A vertente musical? Apesar de referências similares às de Harris, a descrição de Barry Skeels definitivamente não nos dá a idéia de músicas que escutaríamos em álbuns como Killers (1981), The Number of the Beast (1982) e Powerslave (1984). “Nós seguíamos uma linha que mesclava rock, blues, pop e progressivo. Éramos da mesma época de lendas como Deep Purple, Led Zeppelin e King Crimson, e havia algumas semelhanças entre o som deles e o nosso. No entanto, as raízes blues geralmente se destacavam em nossas composições”, afirma.
As risadas e a descontração param e dão lugar à esquiva quando o indago se o “Iron Maiden famoso” tinha consciência do Iron Maiden que o precedeu. “Nós abrimos shows para The Who, Jethro Tull, Fleetwood Mac, David Bowie. Tínhamos uma boa reputação na região de Londres. Tocávamos frequentemente. Certa vez, conversei com Steve Harris e o antigo guitarrista deles, não me lembro o nome agora”. Logo pensei em Dennis Stratton e sugeri que fora ele o músico que Barry encontrara. “Sim. Ele mesmo”, confirmou. “O baterista, Clive Burr, também nos encontrou. Eles eram muito jovens e talentosos”. Ao perceber que minha pergunta resultara em um tremendo vácuo, resolvi repeti-la e finalmente obtive uma resposta satisfatória. “Nós chegamos a gravar um álbum naquela época, entretanto, ele não saiu na Inglaterra. Foi lançado apenas na Alemanha, acho. Curiosamente, não tivemos tanto sucesso como Iron Maiden como quando nos apresentávamos como Bum (risos). Harris sabia de nossa existência, sem dúvida. Contudo, acredito que ele conhecia ou ouvira falar do Bum, não do Iron Maiden”.
Atual empresário do Skyclad, ex-agente de turnê, técnico de guitarra e baixo do Venom, ele vê com naturalidade o surgimento de outro Iron Maiden após o seu. “Eu fiquei irritado no começo, porque pensei que fosse algum membro do Iron Maiden que eu havia fundado e que levara o nome consigo. Todavia, não foi isso que aconteceu. Era outra banda e eles já estavam com tudo encaminhado para se transformarem em um supergrupo. Nós, por outro lado, tínhamos encerrado atividades há muito tempo. Logo, aquilo não me incomodou”.
Em 1998, a Audio Archives lançou Maiden Voyage, único registro original do Iron Maiden que o mundo não ouviu. “Nós não somos muito assediados, mas há certa curiosidade das pessoas quanto ao que fizemos. Isso ficou mais intenso após a explosão da internet. Mais que nunca, as pessoas sabem que existiu um Iron Maiden antes do Iron Maiden que todos conhecem. A Audio Archives nos procurou por causa disso. Eu guardei várias gravações em casa e levei a eles. Foi legal lançarmos material oficial depois de tanto tempo”. Como o disco soa para Barry? “É divertido. Talvez muito suave para fãs de Iron Maiden, mas compusemos boas músicas progressivas e, de certa maneira, sombrias”.
Para ele, os conjuntos com os quais toca hoje em dia não seriam recomendáveis aos entusiastas de Harris, Dickinson e companhia, entretanto, uma audição não faz mal a ninguém. “Certamente não é o que eles - fãs do Iron - procuram, porém, deem-nos uma chance (risos). Vai que vocês gostam da Black River Band e do extinto Ambience UK. É possível”.
Interrompidos por uma urgência na Offbeat Management, finalizamos a conversa, contudo, ainda em tempo para Barry Skeels fazer uma ligeira propaganda e assegurar o potencial do Skyclad de conquistar admiradores do Maiden. “Acredito que tem tudo a ver. O Skyclad traz elementos de folk em sua música, mas é rápido, melódico, metal. O novo álbum deles, In The ... All Together, é excelente e sairá em maio próximo. Confiram e curtam os shows do Iron Maiden”.
Para ele, os conjuntos com os quais toca hoje em dia não seriam recomendáveis aos entusiastas de Harris, Dickinson e companhia, entretanto, uma audição não faz mal a ninguém. “Certamente não é o que eles - fãs do Iron - procuram, porém, deem-nos uma chance (risos). Vai que vocês gostam da Black River Band e do extinto Ambience UK. É possível”.
Interrompidos por uma urgência na Offbeat Management, finalizamos a conversa, contudo, ainda em tempo para Barry Skeels fazer uma ligeira propaganda e assegurar o potencial do Skyclad de conquistar admiradores do Maiden. “Acredito que tem tudo a ver. O Skyclad traz elementos de folk em sua música, mas é rápido, melódico, metal. O novo álbum deles, In The ... All Together, é excelente e sairá em maio próximo. Confiram e curtam os shows do Iron Maiden”.
Boa matéria. Parabéns Sarkis. POderia sair também uma sobre o Skid Row né?
ResponderExcluirMatéria interessantíssima.Nunca tinha lido um texto sobre o primeiro Iron Maiden.minha sugstão também: Nirvana (apesar de ter saído na PZ do Bento Araújo)
ResponderExcluirAs duas sugestões são ótimas. Tanto o primeiro Skid Row quanto o primeiro Nirvana são desconhecidos do grande público, e renderiam matérias interessantíssimas. Lembram de mais alguma banda homônima que poderia ser abordada aqui?
ResponderExcluirmuito boa materia mesmo eu como fã de maiden , nao sbia e nunca tinha ouvido falar desse maiden antecessor hehe parabes
ResponderExcluir( agora nao saio mais desse blog )