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Por Ricardo Seelig
Colecionador
O Concrete Blonde é uma das minhas bandas favoritas desde sempre. Ouvia muito o grupo na década de noventa, e ele fez parte dos dias e aventuras dos meus vinte e poucos anos.
Formado em 1986 em Los Angeles, o trio tem como figura principal a baixista, vocalista e compositora Johnette Napolitano, dona de uma das mais belas vozes femininas do rock. Ao seu lado sempre esteve o fiel escudeiro Jim Mankey, cuja guitarra possui um timbre personalíssimo. O posto de baterista do conjunto sempre apresentou alta rotatividade, com Harry Rushakoff ocupando a banqueta entre 1986-1990 e 2001-2002, Paul Thompson entre 1990-1995 e Gabriel Ramirez-Quezada no período 2002-2006.
O som do Concrete Blonde, apesar de ser comumente rotulado como rock alternativo, na verdade não tem nada disso. A música da banda está a quilômetros de distância de baluartes indies como Sonic Youth e Dinosaur Jr, por exemplo. Não há em sua música o noise desses dois grupos. Para mim, o que Johnette e sua turma sempre fizeram foi um pop rock de extremo bom gosto, que em alguns momentos bebia na energética fonte do punk - mas em doses homeopáticas - e em outras se deliciava, de maneira farta, com a infinita culinária beatle.
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Napolitano, além de compor belas e confessionais letras, possui uma criatividade espantosa para dar luz à linhas vocais inspiradíssimas e pra lá de grudentas, fazendo com que os discos do Concrete Blonde possuam um ar de coletânea, com cada faixa apresentando imenso potencial radiofônico, prontas para virar hit.
A banda acabou em 1995, voltou à ativa em 2001 (tocando inclusive no Brasil, tour que gerou o bom duplo ao vivo Live in Brazil) e encerrou definitivamente suas atividades em 2006. Aqui estão os três discos recomendados para quem nunca ouviu a grupo ir atrás e virar mais um adepto. Então, sente-se, levante o volume e delicie-se com uma das mais belas obras do pop contemporâneo.
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Mexican Moon (1993) ****1/2
Esse é, fácil fácil, o trabalho mais consistente do Concrete Blonde. Baseado na festa dos mortos mexicana, o álbum é bastante pesado, contrastando com os outros discos do trio. A força de suas composições surpreende quem nunca ouviu a banda.
"Mexican Moon" é uma densa balada chicana; "Heal It Up" é um hard rock vigoroso, que inclusive rodou bastante na MTV Brasil naquele início da década de noventa; a densa "Jonestown" conta a história dos 914 mortos no massacre promovido pelo fanático pastor Jim Jones na Guiana, em 18 de novembro de 1978; "Rain" é mais uma das baladaças compostas por Johnette, com um refrão arrepiante, assim como "Close to Home", influenciadíssima por Leonard Cohen. E, de lambuja, o trabalho ainda traz uma versão de "Mexican Moon" cantada em espanhol, batizada como "Bajo La Luna Mexicana". Clássico!!!
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Bloodletting (1990) ****1/2
Esse é o álbum mais conhecido do Concrete, e isso se deve ao fato de o trabalho conter a música mais famosa da banda em terra brasilis, a linda balada "Joey". Além dela, destaques para a climática faixa título, para a rápida "The Sky is a Poisonous Garden", para a estradeira "Caroline", "Darkening of the Light" (outra ótima balada), "Lullabye" e para "Tomorrow, Wendy", que fala sobre as perdas da primeira geração a sucumbir a AIDS. Se encontrar, não pense duas vezes: compre!
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Free (1989) ****
Em oposição a Mexican Moon, este é o trabalho mais pop do Concrete Blonde. O set list do álbum conta com alguns dos maiores clássicos do grupo, como a paulada "God is a Bullet", a meio gótica "Scene of a Perfect Crime" e "Happy Birthday", um pequeno tesouro pop. Além disso, estão no play "Roses Grow", a arrepiante "Little Conversations" e "Carry Me Away", que fecha o disco mostrando todo a força criativa de Johnette Napolitano como compositora.
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