Behemoth - The Apostasy (2007)


Por Ricardo Seelig
Colecionador

Cotação: *****

The Apostasy
, último álbum do Behemoth, veio ao mundo cercado de expectativa, afinal o grupo polonês vem apresentando um crescimento constante nos seus últimos trabalhos. Seus quatro últimos discos (Satanica de 1999, Thelema.6 de 2000, Zos Kia Cultus (Here and Beyond) de 2002, e, principalmente, Demigod de 2004) consolidaram a banda liderada por Nergal como um dos maiores representantes do black metal atual (apesar de parte da mídia e dos fãs os classificarem como death metal).

Mais uma vez apostanto em uma temática que não se prende apenas ao satanismo, o Behemoth investe novamente em tópicos históricos. Se em
Demigod o assunto era o Egito, em The Apostasy o tema principal é o antigo Império Romano.

Uma introdução instrumental, marcada por um vocal feminino atmosférico, inicia o álbum, e é seguida por uma de suas melhores faixas, “Slaying the Prophets ov Isa”. O que se percebe de cara é que a produção seguiu o mesmo caminho do último disco, mantenho os mesmos timbres dos instrumentos. “Slaying the Prophets ov Isa” aposta em mudanças de andamento e linhas instrumentais complexas, bem construídas, tudo isso selado pelo potente vocal de Nergal. Chama a atenção também a presença de coros em algumas passagens da música, enriquecendo ainda mais o resultado final.

Como já havia demonstrado em seus últimos trabalhos, o grupo não se prende apenas à formação vocal-guitarra-baixo-bateria, investindo na inserção de diversos outros instrumentos na construção da sua música. Essa característica ajuda, e muito, na contextualização proposta pelo trio, além de diferenciar enormemente o som do Behemoth na cena.

Chama a atenção também o excelente trabalho de guitarra feito por Nergal, que investe em solos repletos de melodia. O baterista Inferno é outro que faz um trabalho desumano em
The Apostasy, com batidas muito técnicas e que não se limitam a nenhum estilo específico. O baixista Orion completa a banda, e suas linhas complementam e convivem em harmonia com a guitarra de Nergal, acrescentando ainda mais peso às músicas.

The Apostasy é um disco muito, muito rico, tanto lírica quanto musicalmente. Proliferam detalhes em suas composições, nuances que enriquecem e mostram o talento destes três poloneses. Há uma grande quantidade de coros épicos, passagens acústicas, piano e vários outros instrumentos, e o resultado final é um álbum que coloca uma farta dose de ambição na música extrema, levando-a para territórios em que ela nunca pisou antes.

Warrel Dane, vocalista do Nevermore, participa de “Inner Sanctum” ao lado do pianista Leszek Mozder, muito famoso na terra natal do grupo, a Polônia. Outros destaques são a já citada “Slaying the Prophets ov Isa”, “At the Left Hand ov God”, “Be Without Fear” (com um riff que é puro thrash metal), “Libertherme”, “Pazuzu” (sobre o lendário demônio, citado no clássico filme
O Exorcista) e o fechamento, com a impressionante “Christgrinding Avenue”. Uma característica que chama a atenção é a ausência de canções mais longas, já que todas as faixas do disco giram em torno dos quatro minutos.

O Behemoth conseguiu mais uma vez.
The Apostasy está, no mínimo, no mesmo nível do excepcional Demigod, e não deve nada a clássicos mais antigos como Satanica, por exemplo. Um álbum espetacular, com uma riqueza sonora impressionante.


Faixas:
1. Rome 64 C.E. - 1:25
2. Slaying the Prophets ov Isa - 3:23
3. Prometherion - 3:03
4. At the Left Hand ov God - 4:58
5. Kriegsphilosophie - 4:23
6. Be Without Fear - 3:17
7. Arcana Hereticae - 2:58
8. Libertheme - 4:53
9. Inner Sanctum - 5:01
10. Pazuzu - 2:36
11. Christgrinding Avenue - 3:40

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