Rolling Stones - The Biggest Bang (2007)


Por Ricardo Seelig
Colecionador

Cotação: ****1/2

Os Stones ainda são relevantes? Essa é uma questão bastante complexa. Se levarmos em conta apenas o aspecto musical, a resposta é não. Há tempos a gangue de Jagger e Richards não lança um álbum de cair o queixo, que possa figurar com destaque em sua discografia. O último trabalho a alcançar esse status foi
Tattoo You, lançado há mais de vinte e cinco anos.

Então eles não passam de uns velhinhos teimosos que não querem se aposentar? Também não. Se no aspecto artístico a banda não é mais imprescindível, isso é preenchido pelo gigantismo que envolve tudo o que o grupo faz. A turnê de A Bigger Bang, que contou com poucos shows, mas todos em lugares gigantescos, foi a mais lucrativa da história do rock. A língua característica do grupo é uma das marcas mais conhecidas do planeta. Seus integrantes ostentam o status de lendas vivas. Não há, em termos mercadológicos, nada que se compare ao lançamento de qualquer novo produto dos Rolling Stones, seja um álbum inédito ou um documentário dirigido por um cineasta famoso.

E tudo fica melhor ainda quando o lançamento em questão é algo na linha do box
The Biggest Bang. Com quatro DVDs e um acabamento gráfico excelente, é o documento oficial e definitivo sobre a última tour do grupo. 

O primeiro disco traz um show espetacular realizado em Austin, no Texas, para uma platéia gigantesca. Essa apresentação em especial serve para calar a boca de quem pensa que os Stones não sentem mais prazer em tocar juntos. Inspirada, a banda esbanja energia, e, na medida em que as músicas vão se sucedendo, os integrantes percebem que estão em um noite especial, onde nada poderá dar errado. As câmeras flagram olhares cúmplices entre Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts, surpreendendo-se uns com os outros em vários momentos do show. O palco, enorme e com um design belíssimo, faz o show tomar proporções ainda maiores. Neste primeiro disco, os melhores momentos são o resgate de “She´s So Cold”, a execução da até então inédita ao vivo “Swan” (do clássico Sticky Fingers, de 1971), a homenagem ao público texano com uma ótima releitura de “Learning the Game” e Richards transformando os Stones em uma banda de boteco em “Little T&A”. Além disso, os extras trazem uma verdadeira jóia, como o grupo ensaiando “I Can´t Be Satisfied”, onde Jagger e Watts começam a tocar e Richards e Wood, empolgados com o que ouvem, juntam-se rapidamente à dupla, em um registro que emociona até o mais rodado dos rockers.

Já o segundo DVD traz o famoso show do grupo em Copacabana em 2006. Talvez esse seja o principal motivo para os brasileiros se interessarem por este box inicialmente, mas, assistindo tudo o que The Biggest Bang traz, esta apresentação acaba sendo o momento mais baixo entre todos. Visivelmente nervosos, os Stones executam uma performance apenas mediana, cometendo erros em diversas passagens, tudo isso aos olhos de um público que, em sua grande maioria, nem sabia o que estava fazendo ali. Aliás, fossem os Stones ou fosse uma escola de samba, grande parte do público não veria a diferença, já que estava em Copacabana apenas porque se tratava de um evento gratuito. Como bônus, um ótimo documentário com tudo o que envolveu a produção da apresentação. Apesar de tudo, trata-se de um registro histórico, sem dúvida, e esse fator justifica a sua inclusão.

No terceiro disco temos trechos de shows realizados no Japão, na China e na Argentina, sendo que a apresentação em Buenos Aires, no estádio do River Plate, é disparada a melhor de todas. Completam o disco vídeos com participações especiais de nomes como Eddie Vedder, Bonnie Raitt e Dave Matthews, além de uma dispensável intervenção de Cui Jian, astro chinês que aparece todo perdido ao lado dos Stones.

Fechando o pacote, o quarto disco traz um extenso e completíssimo documentário sobre a tour de
A Bigger Bang, repleto de curiosidades e histórias, mostrando tudo o que envolve uma turnê da maior banda de rock do mundo.

Apesar de um ou outro deslize,
The Biggest Bang é um lançamento excepcional, obrigatório, principalmente para aqueles que pensam que os Stones já deram o que tinha que dar. 

Se depender do que assistimos neste box, muita pedra ainda vai rolar nesta história …


Comentários

  1. Concordo em genero e grau Cadão. A Apresentação do Rio é muito fraca, mas não por culpa dos Stones, e sim pela fraca reação da platéia. Tanto que em um determinado momento, Jagger fala algo do tipo "ainda está fraco". É o probelma de se fazer shows para pessoas sem cultura. Em compensação, o que é a apresentação em Buenos Aires? E abaixo de chuva ainda por cima, parece que rendeu bem mais. Aquele monte de camisas sendo jogados ao palco, loucura total. Só por essa apresentação vale a pena a caixinha. Pena que não colocaram ela inteira.

    E o palco de Austin é fabuloso!

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