O heavy metal e suas infinitas variações


Não existe gênero mais inquieto que o heavy metal. Para comprovar essa afirmação, basta perceber a infinidade de subgêneros em que o estilo se reinventa a cada dia. Desde sua origem, lá em 13 de fevereiro de 1970 - uma sexta-feira 13, diga-se de passagem - com o lançamento do primeiro álbum do Black Sabbath, até o momento em que você está lendo este texto, o metal viu nascer as mais extremas, criativas e curiosas variações. É praticamente impossível listar todos os estilos em um só texto, então vou me ater aos principais gêneros da música pesada, em um guia que serve de porta de entrada para cada estilo.

Os discos indicados em cada gênero não têm a pretensão de serem apontados como os melhores de cada estilo, mas sim os que julgo mais adequados para conhecer e ter contato com cada uma das facetas do rico universo do heavy metal. Além disso, procurei indicar apenas um álbum de cada banda em cada estilo, então é por isso que tal álbum está aqui e outro não, ok? Além disso, algumas bandas se aventuraram por gêneros variados em suas carreiras, e por isso constam como referência em estilos distintos.

Um detalhe: o metal tradicional não consta aqui porque, afinal de contas, trata-se do heavy metal como o conhecemos - como o próprio nome diz, “normal” -, aquele que fez surgir todos os outros e que não precisa de maiores explicações.

Reforçando então: este é apenas um guia para quem quer conhecer os vários gêneros do metal. Em nenhum momento o objetivo foi criar um texto definitivo, até porque, para isso, seria necessária uma pesquisa muito mais intensa e profunda da que foi utilizada aqui.

Então, mergulhe comigo no maravilhoso e apaixonante universo do heavy metal!

Avant-Garde Metal

Alguns críticos utilizam o termo “metal experimental” para esse estilo, que surgiu na Europa central na metade dos anos oitenta. Como o próprio nome indica, é aplicado para definir o som de bandas de vanguarda, que experimentam possibilidades dentro do heavy metal.

Frequentemente, a música dessas bandas não é compreendida de imediato pela grande maioria dos ouvintes devido à estrutura das composições, geralmente fora do padrão convencional.

Pioneiros: Mr. Bungle, Alboth!, Faxed Head, Old.

Audição recomendada:

Mr. Bungle – Mr. Bungle (1991)
Old – Lo Flux Tube (1991)
Sigh – Hail Horror Hail (1997)
Fantômas – Fantômas (1999)
Arcturus – The Sham Mirrors (2002)
Meshuggah – Nothing (2002)
Diablo Swing Orchestra – Sing Along Songs for the Damned & Delirious (2009)
Devin Townsend – Deconstruction (2011)

Black Metal

Gênero que se caracteriza pelo uso de letras satânicas e que cultuam o demônio aliadas a uma produção rústica, que resulta em uma sonoridade propositadamente crua.

Apesar de algumas bandas já explorarem temas satânicos nos anos setenta, o black metal como gênero propriamente dito teve origem com o Venom, grupo inglês que influenciou profundamente o estilo.

Na segunda metade da década de 80 e início da de 90, uma geração de bandas formadas por jovens noruegueses levou o estilo além com álbuns que hoje são considerados clássicos. Além disso, esses jovens não ficaram só nas letras que escreviam para as suas composições, mas também colocaram em prática a sua crença, queimando igrejas históricas por toda Noruega.

Hoje, o black metal incorporou diversos elementos em sonoridade, notadamente góticos e sinfônicos, e uma parcela considerável de grupos do gênero não faz mais uso de produções pobres, muito pelo contrário, visto a exuberância dos trabalhos recentes do Dimmu Borgir, por exemplo.

O aspecto visual sempre foi muito importante no black metal. O corpse paint, maquiagem que imitava um cadáver, foi popularizada pelas bandas norueguesas e evoluiu para maquiagens e figurinos muito mais elaborados atualmente, dando um aspecto teatral para o gênero.

Pioneiros: Venom, Hellhammer, Bathory, Sarcófago, Mayhem.

Audição recomendada:

Venom – Black Metal (1982)
Hellhammer – Apocalyptic Raids (1984)
Bathory – Under the Sign of the Black Mark (1987)
Sarcófago – INRI (1987)
Darkthrone – A Blaze in the Northern Sky (1992)
Immortal – Pure Holocaust (1993)
Dissection – The Somberlain (1993)
Mayhem – De Mysteriis Dom Sathanas (1994)
Burzum – Hvis lyset tar oss (1994)
Emperor – In the Nightside Eclipse (1994)
Dimmu Borgir – Enthrone Darkness Triumphant (1997)

Death Metal

O death metal surgiu nos Estados Unidos na metade da década de oitenta, quando um grupo de bandas naturais, em sua maioria, da Flórida, e influenciadas por Slayer e Kreator, tornaram a sua música ainda mais agressiva e violenta da que a praticada por estes dois ícones do thrash metal.

A sonoridade extrema do death metal tem algumas características-chaves, como a bateria extremamente veloz (os chamados blast beats), guitarras com afinações mais baixas, acordes em progressão cromática e vocais guturais. As letras geralmente abordam temas sombrios, violentos e anti-religiosos.

Pioneiros: Death, Possessed, Morbid Angel, Sepultura.

Audição recomendada:

Possessed – Seven Churches (1985)
Death – Leprosy (1988)
Morbid Angel – Altars of Madness (1989)
Carcass – Symphonies of Sickness (1989)
Sepultura – Beneath the Remains (1989)
Obituary – Cause of Death (1990)
Dismember – Like an Ever Flowing Stream (1991)
Entombed – Clandestine (1991)
Deicide – Legion (1992)
Vader – De Profundis (1995)
Immolation – Close to a World Below (2000)
Krisiun – Conquerors of Armageddon (2000)

Death Metal Melódico

O death metal melódico teve a sua origem quando, no início da década de 90, algumas bandas suecas começaram a acrescentar grandes doses de melodia na agressividade característica do death. Isso fez surgir o termo “Gothenburg Sound” para caracterizar estes grupos, em sua grande maioria naturais dessa cidade e arredores.

Os vocais se alternam entre passagens guturais e limpas, e as guitarras apresentam elementos do metal tradicional nas melodias e nos solos.

Pioneiros: Carcass, Dark Tranquillity, At the Gates, In Flames.

Audição recomendada:

Carcass – Heartwork (1993)
Dark Tranquillity – The Gallery (1995)
At the Gates – Slaughter of the Soul (1995)
In Flames – Whoracle (1997)
Children of Bodom – Hatebreeder (1999)
Soilwork – Natural Born Chaos (2002)
Kalmah – They Will Return (2002)
Arch Enemy – Anthems of Rebellion (2003)
Mercenary – The Hours That Remain (2006)
Scar Symmetry – Pitch Black Progress (2006)

Doom Metal

Com um andamento lento e arrastado e doses generosas de peso, o doom metal tem como uma de suas principais características a atmosfera que as suas músicas procuram criar, passando a sensação de angústia e desespero para o ouvinte. A baixa afinação das guitarras também é outro elemento importante no gênero. As letras geralmente exploram temas como tristeza, depressão, medo e sofrimento, resultando em um painel perturbador.

As raízes do estilo estão no início dos anos 70, nos primeiros discos do Black Sabbath, principalmente no álbum Master of Reality (1971). Nos anos 80, bandas europeias transformaram o que era apenas uma das características do som do Black Sabbath em um gênero próprio. Nomes como Witchfinder General, Candlemass, Pentagram, Saint Vitus e Trouble desenvolveram o estilo com discos que hoje são considerados clássicos.

Uma nova geração de grupos como My Dying Bride, Cathedral e Electric Wizard renovou o doom nos anos 90, e hoje o estilo mantém-se vivo e pulsante, com uma legião de fãs em todo o mundo.

Pioneiros: Black Sabbath, Pentagram, Witchfinder General, Saint Vitus, Trouble, Candlemass.

Audição recomendada:

Black Sabbath – Master of Reality (1971)
Witchfinder General – Death Penalty (1982)
Trouble – Psalm 9 (1984)
Saint Vitus – Saint Vitus (1984)
Candlemass – Epicus Doomicus Metallicus (1986)
Pentagram – Day of Reckoning (1987)
Cathedral – The Ethereal Mirror (1993)
My Dying Bride – The Angel and the Dark Ride (1995)
Electric Wizard – Dopethrone (2000)

Folk Metal

O folk metal surgiu na Europa no início da década de 1990, quando algumas bandas começaram a unir elementos e características da música folclórica de seus países de origem ao heavy metal que praticavam.

O uso de instrumentos como violino, flauta, acordeão e outros pouco comuns à música pesada fazem com que o folk metal soe de maneira única. Isso, aliado às melodias baseadas, em alguns casos, em canções centenárias e o uso de idiomas locais, torna o som inegavelmente interessante.

Nos últimos anos, uma nova geração de bandas vindas da leste europeu, cujo principal expoente são os israelenses do Orphaned Land, têm levado o gênero a um novo nível.

Pioneiros: Skyclad, Mägo de Oz, Cruachan, Isengard.

Audição recomendada:

Cruachan – Thuata na Gael (1995)
Skyclad – Oui Avant-Garde á Chance (1996)
Mägo de Oz – La Leyenda de La Mancha (1998)
Moonsorrow – Voimasta ja kunniasta (2001)
Ensiferum – Ensiferum (2001)
Orphaned Land – Mabool: The Story of the Three Sons of Seven (2004)
Finntroll – Nattfödd (2004)
Korpiklaani – Voice of Wilderness (2005)
Suidakra – Caledonia (2006)
Eluveitie – Spirit (2006)
Turisas – The Varangian Way (2007)
Myrath – Desert Call (2010)

Gothic Metal

O gothic metal surgiu no início dos anos 1990 quando algumas bandas inglesas, finlandesas, alemãs, italianas e norueguesas começaram a inserir elementos do rock gótico dos anos 80 em seu som.

Tendo como principal característica a melancolia e os vocais extremamente graves, o gothic metal passou a ser associado erroneamente, nos últimos anos, com bandas com vocais femininos operísticos.

As raízes do gêneros estão nos primeiros trabalhos de grupos como Paradise Lost, Type O Negative, Tiamat, Lacrimosa e Theatre of Tragedy – banda norueguesa que foi uma das pioneiras no uso do contraste entre vozes masculinas guturais e belos vocais femininos.

Pioneiros: Paradise Lost, Type O Negative, Lacrimosa, Tiamat, Theatre of Tragedy.

Audição recomendada:

Type O Negative – Bloody Kisses (1993)
Tiamat – Wildhoney (1994)
Paradise Lost – Draconian Times (1995)
The Gathering – Mandylion (1995)
Moonspell – Wolfheart (1995)
Sentenced – Down (1996)
Theatre of Tragedy – Aégis (1998)
Tristania – Widow's Weeds (1998)
Lacrimosa – Elodia (1999)

Grindcore

Na metade dos anos oitenta, bandas inglesas como Napalm Death e Carcass começaram a executar um som extremíssimo, que unia elementos do thrash e speed metal com o hardcore.

Com andamentos rapidíssimos – a popularização dos blast beats veio daqui – e vocais urrados e frequentemente ininteligíveis, o grindcore se caracteriza por composições curtas e violentas e letras que falam de temas polêmicos como podridão, cadáveres, canibalismo e a fisiologia humana.

Pioneiros: Napalm Death, Carcass, Macabre, Pungent Stench, Terrorizer.

Audição recomendada:

Napalm Death – Scum (1987)
Carcass – Symphonies of Sickness (1989)
Repulsion – Horrified (1989)
Terrorizer – World Downfall (1989)
Pungent Stench – For God Your Soul … For Me Your Flesh (1990)
Cannibal Corpse – Tomb of the Mutilated (1992)
Brutal Truth – Extreme Conditions Demand Extreme Responses (1992)
Macabre – Sinister Slaughter (1993)
Pig Destroyer – Prowler in the Yard (2001)

Groove Metal

No início dos anos noventa, bandas como Pantera e Sepultura deram uma ênfase maior para o groove em suas composições, que tinham riffs mid-tempo semelhantes aos do thrash metal, mas ritmos menos velozes que os do thrash.

O estilo ganhou força anos últimos anos, principalmente pelo fato de nomes clássicos como Exodus e Anthrax terem explorado características do gênero em seus trabalhos mais recentes.

Pioneiros: Pantera, Sepultura, Prong, White Zombie, Machine Head.

Audição recomendada:

Pantera – Vulgar Display of Power (1992)
White Zombie – La Sexorcisto: Devil Music, Vol 1 (1992)
Sepultura – Chaos A.D. (1993)
Machine Head – Burn My Eyes (1994)
Grip Inc. - Solidify (1999)
Lamb of God – As the Palaces Burn (2003)
Chimaira – Chimaira (2005)
DevilDriver – Pray for Villains (2009)

Metal Alternativo

O termo surgiu na segunda metade da década de 80 para definir algumas bandas que misturavam o peso do heavy metal com outros gêneros musicais como o funk (Primus, Faith No More, Bad Brains, Fishbone), hip-hop (Rage Against the Machine) e grunge (Soundgarden).

Nos anos 90, essa definição evoluiu para o chamado “nu metal”, aplicado ao então efervescente cenário de novos grupos norte-americanos. Apesar disso, algumas bandas atuais como o System of a Down ainda são classificadas como heavy metal alternativo.

Pioneiros: Mother's Finest, Bad Brains, Faith No More, Primus.

Audição recomendada:

Primus – Frizzle Fry (1990)
Prong – Prove You Wrong (1991)
Soundgarden – Badmotorfinger (1991)
Faith No More – Angel Dust (1992)
Rage Against the Machine – Rage Against the Machine (1992)
Helmet – Meantime (1992)
Tool – Aenima (1996)
Deftones – White Pony (2000)
System of a Down – Toxicity (2001)

Metal Industrial

A união do heavy metal com elementos do rock industrial e da música eletrônica surgiu no final da década de oitenta. O uso de sinterizadores, samplers e baterias eletrônicas é uma constante, assim como as guitarras afinadas em tons mais baixos e riffs cíclicos, que se repetem infinitamente ao longo das faixas. Os vocais geralmente são distorcidos, o que dá um clima ainda mais extremo para a música.

Pioneiros: Ministry, Godflesh, Fear Factory

Audição recomendada:

Ministry – The Land of Rape and Honey (1988)
Godflesh – Streetcleaner (1989)
Nailbomb – Point Blank (1994)
Strapping Young Lad – Alien (1995)
Fear Facture – Demanufacture (1995)
Marilyn Manson – Antichrist Superstar (1996)
Rob Zombie – Hellbilly Deluxe (1998)
Rammstein – Mutter (2001)

Metal Neo-Clássico

Este gênero surgiu durante os anos setenta, quando Ritchie Blackmore, guitarrista do Deep Purple, fundou o Rainbow e extravasou a sua paixão pela música clássica. Na década de oitenta, o sueco Yngwie Malmsteen levou o estilo além, criando as suas composições tendo como ponto de partida a música clássica ao invés do heavy metal.

O gênero sempre teve como instrumento dominante a guitarra, através de guitar heros que exploravam a sua técnica avantajada em composições repletas de melodia e arranjos complexos. O uso de arpegios, contrapontos e vibratos, além da velocidade com que as notas são tocadas, são algumas das principais características do estilo.

Pioneiros: Rainbow, Yngwie Malmsteen, Jason Becker

Audição recomendada:

Rainbow – Rising (1976)
Yngwie Malmsteen – Rising Force (1984)
Vinnie Moore – Mind's Eye (1987)
Tony MacAlpine – Maximum Security (1987)
Cacophony – Speed Metal Symphony (1987)
Jason Becker – Perpetual Burn (1988)
Impellitteri – Grin and Bear It (1992)
Narnia – Awakening (1998)

Metalcore

O metalcore combina o heavy metal e o punk em composições cheias de quebras e mudanças de andamento, além do uso expressivo da dissonância. Os vocais se alternam entre guturais e vozes limpas, essas últimas geralmente nos refrões.

O gênero surgiu no início dos anos 90, mas ganhou notoriedade apenas no final da década, quando uma nova geração de bandas norte-americanas projetou o metalcore para o mundo.

Pioneiros: Converge, Earth Crisis, Iconoclast

Audição recomendada:

Converge – Jane Doe (2001)
Killswitch Engage – Alive or Just Breathing (2002)
Shadows Fall – The Art of Balance (2002)
Between the Buried and Me – The Silent Circus (2003)
Lamb of God – Ashes of the Wake (2004)
Heaven Shall Burn – Antigone (2004)
Trivium – Ascendancy (2005)
The Human Abstract – Nocturne (2006)
All That Remains – The Fall of Ideas (2006)
Darkest Hour – Deliver Us (2007)
Protest the Hero – Fortress (2008)
Every Time I Die – Ex Lives (2012)

New Wave of British Heavy Metal

No final dos anos 70, uma geração de novas bandas surgiu na Inglaterra e mudou para sempre o rumo do heavy metal. Afastando o metal de suas raízes do blues e investindo em grandes doses de melodia e guitarras gêmeas, nomes como Iron Maiden, Tygers of Pan Tang, Saxon e outros criaram a base na qual todo o heavy metal dos anos oitenta se desenvolveu.

Com temas épicos e vocais altos, o termo NWOBHM foi criado primeiramente para definir a origem destes novos grupos e não um estilo musical próprio. Porém, com o passar dos anos, a sonoridade forte e cheio de personalidade dos principais nomes do movimento, como Maiden, Saxon, Blizkrieg e Diamond Head, acabou sendo definida como o som característico da New Wave of British Heavy Metal.

Pioneiros: Iron Maiden, Angel Witch, Saxon, Diamond Head, Tygers of Pan Tang.

Audição recomendada:

Iron Maiden – Iron Maiden (1980)
Angel Witch – Angel Witch (1980)
Diamond Head – Lightning to the Nations (1980)
Saxon – Wheels of Steel (1980)
Samson – Head On (1980)
Quartz – Stand Up and Fight (1980)
Def Leppard – High 'n' Dry (1981)
Tygers of Pan Tang – Spellbound (1981)
Raven – Rock Until You Drop (1981)
Demon – Night of the Demon (1981)
Tokyo Blade – Tokyo Blade (1983)
Jaguar – Power Games (1983)
Tank – This Means War (1983)
Blitzkrieg – A Time of Changes (1985)

Nu Metal

Também chamado de new metal, surgiu nos Estados Unidos em meados da década de noventa, quando uma leva de bandas começou a dar uma ênfase muito maior ao ritmo e ao peso em suas composições.

A guitarra deixou de ser usada para criar melodias e solos, e passou a ser quase exclusivamente um instrumento rítmico. Baixo e bateria pegaram elementos do funk e hip-hop e uniram ao peso, privilegiando o groove. Os vocais também passaram por uma grande mudança, sendo mais falados e declamados, contrastando com as linhas vocais tradicionais do heavy metal. Além disso, as vozes, em sua maioria, são sempre agressivas e até mesmo guturais.

A produção tem um papel importante no estilo, com o uso de efeitos e outros elementos para ambientação da música.

Vários pesquisadores apontam o álbum Roots, lançado pelo Sepultura em 1996, como o marco zero do estilo.

Pioneiros: Korn, Deftones, Limp Bizkit, Slipknot, Coal Chamber.

Audição recomendada:

Sepultura – Roots (1996)
Deftones – Around the Fur (1997)
Soulfly – Soulfly (1998)
Korn – Follow the Leader (1998)
Slipknot – Slipknot (1999)
Linkin Park – Hybrid Theory (2000)
Sevendust – Animosity (2001)

Power Metal

Combinando elementos do metal tradicional e do thrash metal, o power metal surgiu na Europa no início dos anos oitenta. Era uma música rápida, baseada na melodia e na harmonia entre os instrumentos. É bastante comum também os grupos do gênero inserirem elementos sinfônicos em suas composições, tornando-as ainda mais pomposas. Liricamente, as letras exploram temas repletos de fantasia ou buscam inspiração na mitologia.

No Brasil, o termo ficou mais conhecido como “metal melódico”.

Pioneiros: Helloween, Blind Guardian, Virgin Steele, Running Wild.

Audição recomendada:

Virgin Steele – Noble Savage (1986)
Helloween – Keeper of the Seven Keys Part II (1988)
Running Wild – Death or Glory (1989)
Viper – Theatre of Fate (1989)
Angra – Angels Cry (1993)
Gamma Ray – Land of the Free (1995)
Blind Guardian – Imaginations From the Other Side (1995)
Grave Digger – Tunes of War (1996)
Stratovarius – Visions (1997)
Edguy – Mandrake (2001)
Avantasia – The Metal Opera (2001)
Masterplan – Masterplan (2003)
Kamelot – The Black Halo (2005)

Prog Metal

Como o nome diz, é a união do heavy metal com o rock progressivo, gerando composições longas, intrincadas e repletas de peso. A técnica dos instrumentistas é uma característica onipresente, com músicos que são, de modo geral, referências em seus instrumentos. Liricamente, as letras exploram temas mais intelectualizados, com vocalistas que, de modo geral, cantam em timbres altos e fazem uso de vocalizações operísticas.

Pioneiros: Fates Warning, Dream Theater, Crimson Glory, Queensrÿche

Audição recomendada:

Fates Warning – Awaken the Guardian (1986)
Queensrÿche – Operation: Mindcrime (1988)
Crimson Glory – Transcendence (1988)
Dream Theater – Images and Words (1992)
Savatage – Edge of Thorns (1993)
Symphony X – The Divine Wings of Tragedy (1997)
Conception – Flow (1997)
Shadow Gallery – Gallery (1998)
Evergey – In Search of Truth (2001)
Pain of Salvation – Remedy Lane (2002)
Ayeron – The Human Equation (2004)

Sludge

No final da década de oitenta, algumas bandas começaram a unir os andamentos mais lentos e a atmosfera sombria do doom metal com a violência e os vocais agressivos do hardcore e do punk.

Grupos como Crowbar e Corrosion of Conformity pavimentaram o caminho sobre o qual o gênero, cada vez mais popular, se desenvolveu ao longo dos anos.

Pioneiros: Crowbar, Melvins, Corrosion of Conformity

Audição recomendada:
Corrosion of Conformity – Blind (1991)
Melvins – Houdini (1993)
Down – NOLA (1995)
Crowbar – Broken Glass (1996)
Neurosis – Through Silver in Blood (1996)
Isis – Oceanic (2002)
Cult of Luna – The Beyond (2003)
High on Fire – Blessed Black Wings (2005)

Stoner

Colocando em um mesmo caldeirão elementos do doom metal, do rock psicodélico e do blues rock, o stoner é um gênero que se destaca pela melodia e pelo peso. O baixo tem um papel importante, sempre em destaque, fazendo a cama sobre a qual os riffs de guitarra se desenvolvem. Liricamente, um dos temas mais explorados pelas bandas é o culto a maconha.

Com uma sonoridade que remete aos anos setenta, os grupos do estilo costuman agradar os fãs dos mais variados gêneros da música pesada.

Pioneiros: Kyuss, Spiritual Beggars, Fu Manchu, Corrosion of Conformity

Audição recomendada:

Kyuss – Blues for the Red Sun (1992)
Corrosion of Conformity – Deliverance (1994)
Orange Goblin – Frequencies From the Planet Ten (1997)
Spiritual Beggars – Ad Astra (2000)
Grand Magus – Wolf's Return (2005)
Church of Misery – Houses of the Unholy (2009)

Symphonic Metal

Heavy metal temperado com elementos da música clássica. O uso de instrumentos sinfônicos torna as composições geralmente mais épicas, além de grandiosas. O estilo surgiu na primeira metade da década de 90, e se popularizou e evoluiu com os anos.

Hoje, o uso de instrumentos sinfônicos está disseminado em praticamente todos os estilos do heavy metal, mas em nenhum com tanta evidência quanto aqui.

Nos últimos anos, o estilo tem se caracterizado pelo uso cada vez maior de vocais femininos operísticos.

Pioneiros: Rhapsody, Rage, Therion, Haggard

Audição recomendada:

Therion – Theli (1996)
Nightwish – Oceanborn (1998)
Rhapsody – Symphony of Enchanted Lands (1998)
Rage – XIII (1998)
Trans-Siberian Orchestra – Beethoven's Last Night (2000)
Dark Moor – The Hall of the Olden Dreams (2000)
Within Temptation – Mother Earth (2000)
Haggard – Eppur si muove (2004)
After Forever – After Forever (2007)
Epica – The Divine Conspiracy (2007)

Thrash Metal

O thrash surgiu no início da década de 80, primeiramente nos Estados Unidos e logo depois ne Europa. A famosa cena da Bay Area de San Francisco revelou bandas seminais como o Metallica, Slayer e Exodus. Quase ao mesmo tempo, a Alemanha também fazia história como grupos como o Destruction, Kreator e Sodom.

O que esses grupos fizeram foi unir a sonoridade cheia de melodia da NWOBHM com a agressividade do punk, fazendo nascer um gênero novo que influenciou profundamente a história do heavy metal.

Composições longas, cheias de mudanças de andamento e baseadas em riffs, fizeram a cabeça de grande parte dos headbanger durante a década de oitenta, em uma resposta aos caminhos cada vez mais intrincados que o metal daquela época vivia. A guitarra base assumiu um posto de destaque no thrash metal, cuspindo riffs e bases que alicerçaram o gênero. Liricamente, os temais sociais começaram a ser explorados, com músicas falando de violência, morte e guerras.

Pioneiros: Metallica, Slayer, Megadeth, Destruction, Kreator, Sodom, Anthrax

Audição recomendada:

Exodus – Bonded by Blood (1985)
Destruction – Infernal Overkill (1985)
Metallica – Master of Puppets (1986)
Slayer – Reign in Blood (1986)
Kreator – Pleasure to Kill (1986)
Anthrax – Among the Living (1987)
Testament – The Legacy (1987)
Overkill - Taking Over (1987)
Sodom – Agent Orange (1989)
Megadeth – Rust in Peace (1990)
Sepultura – Arise (1991)

Viking Metal

O viking metal nasceu com o álbum Hammerheart, lançado pelo Bathory em 1990. No disco, o grupo liderado por Quorton deixou de lado o black metal e explorou uma sonoridade influenciada pela mitologia viking.

O uso de riffs galopantes e instrumentos folclóricos nórdicos diferencia o estilo dos demais. Além disso, algumas bandas costumam se vertir com figurinos que lembram os antigos guerreiros vikings, e cantam letras de louvor a antigas batalhas.

Pioneiros: Bathory, Thyrfing, Falkenbach, Borknagar

Audição recomendada:

Bathory – Hammerheart (1990)
Borknagar – The Olden Domain (1997)
Falkenbach - … Magni Blandinn Ok Megintiri … (1998)
Thyrfing – Vansinnesvior (2002)
Graveland – The Fire of Awackening (2003)
Turisas – Battle Metal (2004)
Amon Amarth – Surtur Rising (2011)

Comentários

  1. Aí está uma matéria de respeito, com todos os estilos bem representados. Só pra dar inveja na galera, esses dias na Galeria do Rock achei dois discos do Cult of Luna lacrados por 10 reais heheheh

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  2. sensacional!!!muitos headbangers precisavam de uma aula dessas...

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  3. Ricardo, você entrou (e você sabe rs) num terreno pra lá de polêmico rs Definir quais os subestilos do metal, seja historicamente seja na atualidade, e ainda tentar enquadrar bandas neles é algo pra lá de arriscado, e cada tópico desse post geraria boas e SAUDÁVEIS discussões (discussão NÃO é briga, e tampouco se trata de "rotular" bandas, como muitos dizem, de um forma até 'pejorativa' - sendo que, pelo contrário, é o tipo de coisa que apenas enriquece e esclarece).

    Aliás, é bem óbvio que você citou bandas pra lá de variadas, que se encaixariam até em mais de um estilo - o que eu até costumo jogar tudo no campo do progressivo.

    Logo, concluo dizendo que, só por ter arriscado uma matéria dessa magnitude, já merece meu APLAUSO! (concordemos ou não com o que foi dito, se incluiríamos ou não bandas, se classifcaríamos de modo diverso ou não, etc.)

    Eu estava me abstendo de fazer maiores comentários no blog, já que fui tesourado diversas vezes (então, se não vou ser ouvido na hora da crítica, acho que também devo me abster quando é para elogiar). PORÉM, como é assunto pertinente ao que andamos discutindo em tópicos recentes, acho que vale deixar aqui meu incentivo a mais matérias como essa.

    saudações!

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  4. ótimo texto , até salvei para conferir os discos que não conheço.

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  5. Ótima matéria...muito didática... eu só incluiria também o GLAM METAL ou HAIR METAL, mas que no Brasil é considerado Hard...sabe-se lá pq ????
    Meus parábens !!!!!

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  6. Uma aula! os diversos estilos foram tão bem resumidos que (acho) chamar o texto de perfeito não seria exagero!

    parabéns!

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  7. Boa matéria, só que o Cannibal Corpse nunca foi Grindcore ou fez um álbum próxima a esse estilo.

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  8. Materia fraca. Nada que ninguem já saiba...
    Ao citar os discos pecou feio! Discos muito mais importantes no Heavy Metal foram esquecidos substituidos por albuns fracos.

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  9. Boa matéria, apesar de algumas coisas que eu não concordo, ("Ahes Of The Wake" metalcore?).

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  10. Matéria interessante e boa pra se colocar numa roda de papo sobre metal. Claro que poderiam ter outros discos, clássico tal do gênero tal e blá, blá, blá.... Mas e daí?! O texto tá ai pra quem quiser ler e diante de tanta música ruim e falta de estudos de metal, enriquece e permite muitos que estáo no início pra curtir o som, tenham referências.

    Parabéns pelo trabalho!

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  11. Uma boa matéria, mas tem dois detalhes: o grindcore não fica só nos temas explicitados, já que você citou Napalm Death cujos álbuns, não sei se são todos, mas alguns trazem letras de cunho político basta só olhar a capa do Scum por exemplo. No caso do Graveland, o prórprio Rob Darken define a banda como pagan metal é só olhar as letras dos discos e notar que a sonoridade não tem nada haver com o Viking Metal.

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  12. Uma boa matéria, mas tem dois detalhes: o grindcore não fica só nos temas explicitados, já que você citou Napalm Death cujos álbuns, não sei se são todos, mas alguns trazem letras de cunho político basta só olhar a capa do Scum por exemplo. No caso do Graveland, o prórprio Rob Darken define a banda como pagan metal é só olhar as letras dos discos e notar que a sonoridade não tem nada haver com o Viking Metal.

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  13. O Skyclad merecia estar em Folk Metal.

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  14. Meshuggah nao e avant-garde nem fodendo

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  15. Cara eu gostei muito da matéria, pois ela traz muita informação sobre o Metal. Achei q faltou o Glam Metal, e somente isso por enquanto, pois, não conheço muito sobre os gêneros, subgêneros, vertentes do Metal etc. Poderia dar uma atualizada nessa matéria visto q faz o q? Seis anos q foi escrita? Portanto concluo cm imensa satisfação a leitura desta matéria, pois, mesmo cm alguns erros citados em outros comentários ela é bem completa e ajuda os headbangers novatos a conhecer um pouco mais deste maravilhoso gênero, estilo de vida ou como queirão classificar chamado Metal.

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  16. Cara sou teu fã

    Duas palavras parabéns e obrigado parcero

    HELL YEAH

    Sempre se comunica bem
    ponderado antenado justo sensato

    Abraço!

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