Mark Knopfler: crítica de Privateering (2012)

Mark Freuder Knopfler completou 63 anos no último 12 de agosto. A banda que o tornou famoso, o Dire Straits, encerrou as atividades há 17, em 1995. Desde então, o vocalista e guitarrista gravou diversos álbuns solos e trilhas para filmes, distanciando-se cada vez mais do som que o consagrou e o tornou conhecido em todo o mundo.

Privateering é o sétimo disco solo de Knopfler. O trabalho é duplo e traz generosas vinte faixas. A sonoridade é calcada no folk blues e no country, com a inclusão de instrumentos como sanfona, banjo, violino e órgão, entre outros. Esse direcionamento é até certo ponto surpreendente, visto que a música do trabalho é profundamente inspirada e calcada no universo sonoro norte-americano, e Mark Knopfler, pra quem não sabe, é escocês (ele nasceu em Glasgow). Porém, desde a dissolução do Dire Staits, Knopfler tem caminhado para uma sonoridade cada vez mais focada no blues.

Um ponto que chama a atenção é o quanto a voz de Mark Knopfler adquiriu um timbre mais grave e sombrio nos últimos anos. Em algumas canções, parecemos estar ouvindo faixas de algum disco de Leonard Cohen ou de Bob Dylan. Para efeitos de comparação, para situar o ouvinte, há uma similaridade entre as composições de Privateering e o disco gravado por Bruce Springsteen em homenagem a Pete Seeger, We Shall Overcome: The Seeger Sessions (2006). O clima é interiorano, bucólico, com canções contemplativas e meditativas, que trazem um Knopfler avaliando a sua própria vida.

O principal mérito de Privateering é agregar elementos da música celta ao blues, fazendo surgir um som diferente e único. Em certos aspectos um trabalho que aproxima-se de um esforço arqueológico, as vinte composições de Privateering revelam um Mark Knopfler muito mais completo e profundo do que o que conhecemos através do pop do Dire Straits. Esse contraste, essa diferença, entre universos sonoros tão díspares pode fazer com que os ouvintes casuais do Dire Straits não curtam ou não entendam Privateering, julgando-o, apressada e equivocadamente, como “monótono” e “caipira”. Azar deles, pois estarão deixando de curtir um dos discos mais interessantes dos últimos anos.

Um bluesman escocês apaixonado por country: essa é a nova cara de Mark Knopfler, e Privateering traduz de maneira certeira o atual momento do músico. Surpreendente, em todos os (bons) sentidos.

Nota: 8


Faixas:

CD 1
  1. Redbud Tree
  2. Haul Away
  3. Don’t Forget Your Hat
  4. Privateering
  5. Miss You Blues
  6. Corned Beef City
  7. Go, Love
  8. Hot or What
  9. Yon Two Crows
  10. Seattle

CD 2
  1. Kingdom of Gold
  2. Got to Have Something
  3. Radio City Serenade
  4. I Used to Could
  5. Gator Blood
  6. Bluebird
  7. Dream of the Drowned Submariner
  8. Blood and Water
  9. Today is Okay
  10. After the Beanstalk

Comentários

  1. O álbum está fantástico...
    Haul Away é uma das músicas mais bonitas que já escutei, Dream of the Drown Submariner tem um clima inexplicável, os blues estão ótimos...
    É um álbum que está na briga pra ser o melhor da carreira solo do Mark, em uma briga boa com o Sailing to Philadelphia.

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  2. O álbum está fantástico...
    Haul Away é uma das músicas mais bonitas que já escutei, Dream of the Drown Submariner tem um clima inexplicável, os blues estão ótimos...
    É um álbum que está na briga pra ser o melhor da carreira solo do Mark, em uma briga boa com o Sailing to Philadelphia.

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  3. Sem dúvidas um discaço!

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