No próximo dia 20 de abril completará 1 ano uma das maiores falcatruas da história não somente do heavy metal brasileiro, mas do mercado musical de nosso país como um todo. Foi em 20 de abril de 2012 que teve início o festival Metal Open Air, que prometia marcar época como um evento grandioso, mas conseguiu isso por outros motivos.
Como é sempre bom lembrar o que aconteceu e quem foram os responsáveis pelos eventos ocorridos em São Luís, no Maranhão, vamos repassar os fatos. No final de 2011 surgiu um rumor que dava conta de que o Brasil receberia a primeira edição internacional do tradicional festival alemão Wacken Open Air, um dos maiores eventos do calendário da música pesada em todo o mundo. Na sequência, a ICS, empresa que produz o Wacken, veio a público divulgar um comunicado declarando que não tinha nada a ver com o festival, que foi então rebatizado para Metal Open Air - leia matéria aqui.
Com a saída prematura dos alemães - se é que eles estiveram envolvidos em algum momento, o que duvido muito -, a Lamparina Produções e a Negri Concerts, ao lado da CKC Concerts, assumiram totalmente o festival e o divulgaram maciçamente na mídia especializada nacional. Banners gigantes do MOA eram vistos nos principais sites de heavy metal do país, bem como anúncios de página dupla estampavam as páginas da principal revista brasileira do gênero.
As bandas que tocariam no festival foram anunciadas, e montavam um cast dos sonhos: Rock and Roll All Stars, Megadeth, Anthrax, Blind Guardian, Glenn Hughes, Grave Digger, Obituary, Exodus, Destruction, Dio Disciples, Otep, Volbeat, Anvil, Fear Factory, Venom, U.D.O., Legion of the Damned, Annihilator, Symphony X, Saxon, Orphaned Land e Exciter, além das nacionais Krisiun, Andre Matos, Torture Squad, Drowned, Attomica, Terra Prima, Shaman (que gravou a música tema), Almah, Shadowside, Matanza, Hangar, Stress, Dark Avenger, Korzus, Motorocker, Semblant, Expose Your Hate, Unearthly, Obskure, Ácido, Ânsia de Vômito, Headhunter D.C., Megahertz e Ratos de Porão. Ou seja, mais de 40 atrações em 3 dias que prometiam ser antológicos, tendo com mestre de cerimônias o ator norte-americano Charlie Sheen. O anúncio das atrações atraiu pessoas de todo o Brasil, que fizeram planos e economizaram durante meses para assistir ao festival no Maranhão.
Entretanto, com a aproximação da data de início do MOA, uma avalanche de fatos começou a acontecer em cascata, fazendo a pulga atrás da orelha que sempre existiu em relação ao festival se transformar em um gigantesco monstro. Um dia antes do início do MOA, quanto milhares de pessoas já haviam se deslocado e estavam em São Luís para os shows, publicamos um texto compilando os diversos problemas que o festival apresentava. Relembre o que colocamos no ar com exclusividade na época:
- as bandas participantes receberam o cronograma com a programação do festival dois dias antes do evento
- a produção não pagou o cachê e nem as passagens das bandas nacionais, o que fez com que Hangar, Headhunter D.C., Terra Prima e Stress cancelassem as suas apresentações. O que se fala nos bastidores é que mais bandas cancelarão os seus shows ainda hoje
- os seguranças contratados não receberam nenhum tostão, e, por isso, as empresas terceirizadas que iriam fazer a segurança do MOA mandaram os seus funcionários se retirarem do local
- o Corpo de Bombeiros de São Luís fez uma vistoria e não aprovou as condições do Parque Independência, local onde o festival será realizado. Para vocês terem uma ideia, nem extintor de incêndio o local tem. Ou seja, é um caos anunciado
- as pessoas que chegaram para o camping um dia antes do festival não puderam entrar porque, segundo a assessoria de imprensa, as pulseiras não estavam prontas. Essa é uma desculpa meio sem sentido. Em um evento deste porte, as pulseiras, ingressos, crachás e afins precisam ficar prontos com muita antecedência. Se isso for verdade, quem está promovendo o evento só atesta a sua total falta de capacidade
- no local do camping, que foi vendido como um dos diferenciais em pacotes de ingressos, não há luz, banheiros e nem alimentação. A infra-estrutura é precária. As empresas que fariam isso se retiraram do local por falta de pagamento da produção
- segundo o que levantei com diversas pessoas com acesso aos bastidores, ao que parece ouve um racha entre as produtoras envolvidas no evento, a Lamparina, de São Luís, e a Negri Concerts, de São Paulo. Por esse motivo, o equipamento de som e os técnicos, que viriam de São Paulo, não vão mais para o Maranhão, e a equipe de Lamparina está desesperada entrando em contato com os grupos de micareta da região para conseguir “montar” um equipamento de som para o festival. Resumindo: o heavy metal tem uma sonoridade muito específica, não apenas totalmente diferente da micareta, mas que também exige mixagens e ajustes minuciosos, ainda mais em um evento ao ar livre. Traduzindo: se o festival acontecer, o som será de péssima qualidade
- seria por essa razão que o palco do festival ainda não estava pronto nesta quinta-feira, véspera do evento: a produção ainda não tem o equipamento para realizar os shows. Qualquer pessoa que acompanha eventos grandes sabe que os palcos são montados com dias de antecedência
- além disso, os camarins dos músicos não estavam prontos na véspera do festival. Isso é, sinceramente, inadmissível
- o Procon de São Luís realizou uma reunião com os produtores do evento no final desta quinta-feira, dia 19 de abril, onde fez os organizadores assinarem um termo de ajuste de todos os problemas encontrados no local do evento. Se esses problemas não foram solucionados o festival será cancelado
Pelas razões erradas, esse texto acabou se tornando um dos mais lidos da história da Collectors Room, e a razão é simples: com exceção do site amigo Van do Halen, que desde o início das evidências se desdobrou, ao nosso lado, para trazer notícias sobre o que estava acontecendo em São Luís, e apesar das enormes pistas de que algo estava muito errado, nenhum portal, nenhuma revista, publicou NADA alertando seus leitores sobre o que estava prestes a acontecer no Maranhão, preferindo manter no ar os banners e anúncios pagos do festival.
Também na quinta-feira, 19 de abril de 2012, o Venom cancelou a sua apresentação no MOA alegando um problema com os vistos dos músicos. Uma desculpa esfarrapada, já que, ao contratar uma atração internacional, uma das primeiras providências dos contratantes é justamente providenciar os documentos para que os músicos possam, efetivamente, entrar e tocar no país. Logo em seguida, o Saxon também cancelou, alegando uma grande violação no contrato assinado com a banda - que depois, se descobriria, era o fato de o cachê combinado não ter sido pago ao grupo. Daí em diante as coisas descambaram para o fundo do poço, com o aguardado Rock ‘n’ Roll All Stars, projeto liderado por Gene Simmons e que reunia grandes nomes do hard rock, também cancelando, e outra das bandas mais esperadas, o Anthrax, desembarcando no Aeroporto de Guarulhos e não tendo NINGUÉM da produção do MOA esperando para receber os músicos em solo brasileiro.
Nesta matéria postada no sábado, dia 21 de abril, relatamos o festival de atrocidades e desrespeito pelo qual o público e as bandas foram submetidos. Leia novamente para relembrar o quão baixo o evento chegou. Foi somente neste dia que os grandes portais e veículos especializados em heavy metal brasileiros, todos com o rabo preso com o MOA por ele ser promovido por Felipe Negri, produtor com ótimo relacionamento e adepto da política do tapinha nas costas tão peculiar ao metal em nosso país, começaram a contar aos seus leitores o que a Collectors Room e Van do Halen já relatavam há dois dias, desde 19 de abril. Até que, na tarde do dia 21/04, o Metal Open Air foi finalmente cancelado por absoluta falta de estrutura. Clicando aqui você pode relembrar tudo o que publicamos sobre o MOA.
Tentando consertar a péssima imagem deixada pelas duas (ir)responsáveis pelo MOA, a Lamparina Produções e Negri Concerts, esta última divulgou nota comunicando que os ingressos do festival seriam aceitos no show que o Blind Guardian, uma das atrações, realizou em São Paulo no dia 23 de abril. Uma esmola para quem foi seduzido por um mundo de maravilhas e foi enganado sem dó.
Um de nossos textos sobre o MOA, intitulado Edu Falaschi e Thiago Bianchi: os maiores hipócritas do metal nacional, escrito pelo colaborador e amigo Bruno Sanches, teve que ser retirado do ar após os representantes legais do cantor do Shaman nos enviarem uma intimação dizendo que, se insistíssemos com a sua publicação, seríamos processados - mais aqui.
Seis meses após o que prometia ser um grande festival, a Negri Concerts, teoricamente afastada do mercado devido à péssima reputação que obteve e pela imensa pressão do público contra a empresa, ressurgiu rebatizada como Indestructible Entretenimento promovendo uma turnê do Destruction pelo Brasil. Essa estratégia foi descoberta, e em uma grande vitória para toda a cena, o grupo alemão cancelou os shows depois de ser informado pelo público com que estava lidando - leia mais.
No final de 2012 surgiram rumores de que Felipe Negri estaria à frente de uma empresa chamada 8x8 Live, responsáveis pelos recentes shows do Accept e do Turisas por aqui. Essa informação não foi confirmada, e a própria empresa veio a público se manifestar negando qualquer associação com Negri.
Mais recentemente, recebemos a informação de que a turnê que a banda U.D.O. fará pelo Brasil no mês de julho está sendo promovida por uma suposta nova empresa de Felipe Negri, mas não temos confirmação se essa informação é verdadeira ou não.
Em relação às pessoas que foram até o Maranhão assistir ao Metal Open Air, centenas de processos foram abertos em todo o país contra a Lamparina Produções e a Negri Concerts. Eles estão em andamento e ainda não tiveram um veredito final definido, e um dos motivos é que a Negri Concerts simplesmente sumiu do mapa, não tendo mais sede fixa, telefones e site, antes amplamente divulgados. Ou seja, é impossível encontrar um dos responsáveis pelo MOA, o que só atesta a sua má fé na realização do festival.
No entanto, a justiça começou a ser feita. A cervejaria Ambev, que usou o MOA como plataforma de lançamento da marca Budweiser no Maranhão, foi condenada a participar do pagamento da indenização aos lesados pelo evento, em uma decisão que aponta que os culpados, um dia, deverão ser punidos.
A cena brasileira de heavy metal foi construída na base da política da troca de favores e tapinhas nas costas. É muita coisa por baixo do pano, com gigantes e donos de coisa nenhuma usando um suposto “poder” para ameaçar e intimidar quem levanta a voz contra a forma como as coisas são feitas. A grosso modo, e por experiência própria, posso afirmar que os bastidores do heavy metal aqui no Brasil, incluindo grandes sites, revistas e gravadoras, é tão sujo quanto o que imaginamos acontecer dentro do Congresso Nacional. Respondendo a uma pergunta frequente que sempre surge quando critico esse mercado, foi por esse motivo que eu, Ricardo Seelig, deixei de colaborar com algumas publicações onde matérias minhas foram publicadas há alguns anos atrás.
Uma nova geração de jornalistas e blogueiros está surgindo, com opinião própria, distante dos vícios desta “mídia” estabelecida e ciente do mal que suas práticas causam para toda a cena. Nós, da Collectors Room, assim como outros sites como a Van do Halen e mais alguns, fazemos parte de um grupo que acredita ser possível mudar o modo como as coisas são feitas e acontecem neste mercado. Recebemos o apoio de jornalistas e artistas nessa iniciativa, que visa informar o leitor através de um jornalismo independente, correto e transparente, algo que está muito distante da realidade atual.
O Metal Open Air completará um ano daqui a poucos dias. Olhando hoje, o que aconteceu acabou se revelando necessário, pois foi o início de um processo que identificou e continua identificando as pessoas má intencionadas que estão em nosso meio. Esse processo está longe de acabar, mas acreditamos firmemente que ele traz ótimos frutos a cada novo dia, limpando a sujeira, afastando a corja, destronando “coronéis” e pondo fim a falcatruas.
Se você acredita que é possível ter uma cena heavy metal sadia por aqui, siga com a gente.
Isso não é ingenuidade, mas sim esperança de dias melhores para quem curte hard rock e heavy metal no Brasil.
Por Ricardo Seelig
Como é sempre bom lembrar o que aconteceu e quem foram os responsáveis pelos eventos ocorridos em São Luís, no Maranhão, vamos repassar os fatos. No final de 2011 surgiu um rumor que dava conta de que o Brasil receberia a primeira edição internacional do tradicional festival alemão Wacken Open Air, um dos maiores eventos do calendário da música pesada em todo o mundo. Na sequência, a ICS, empresa que produz o Wacken, veio a público divulgar um comunicado declarando que não tinha nada a ver com o festival, que foi então rebatizado para Metal Open Air - leia matéria aqui.
Com a saída prematura dos alemães - se é que eles estiveram envolvidos em algum momento, o que duvido muito -, a Lamparina Produções e a Negri Concerts, ao lado da CKC Concerts, assumiram totalmente o festival e o divulgaram maciçamente na mídia especializada nacional. Banners gigantes do MOA eram vistos nos principais sites de heavy metal do país, bem como anúncios de página dupla estampavam as páginas da principal revista brasileira do gênero.
As bandas que tocariam no festival foram anunciadas, e montavam um cast dos sonhos: Rock and Roll All Stars, Megadeth, Anthrax, Blind Guardian, Glenn Hughes, Grave Digger, Obituary, Exodus, Destruction, Dio Disciples, Otep, Volbeat, Anvil, Fear Factory, Venom, U.D.O., Legion of the Damned, Annihilator, Symphony X, Saxon, Orphaned Land e Exciter, além das nacionais Krisiun, Andre Matos, Torture Squad, Drowned, Attomica, Terra Prima, Shaman (que gravou a música tema), Almah, Shadowside, Matanza, Hangar, Stress, Dark Avenger, Korzus, Motorocker, Semblant, Expose Your Hate, Unearthly, Obskure, Ácido, Ânsia de Vômito, Headhunter D.C., Megahertz e Ratos de Porão. Ou seja, mais de 40 atrações em 3 dias que prometiam ser antológicos, tendo com mestre de cerimônias o ator norte-americano Charlie Sheen. O anúncio das atrações atraiu pessoas de todo o Brasil, que fizeram planos e economizaram durante meses para assistir ao festival no Maranhão.
Entretanto, com a aproximação da data de início do MOA, uma avalanche de fatos começou a acontecer em cascata, fazendo a pulga atrás da orelha que sempre existiu em relação ao festival se transformar em um gigantesco monstro. Um dia antes do início do MOA, quanto milhares de pessoas já haviam se deslocado e estavam em São Luís para os shows, publicamos um texto compilando os diversos problemas que o festival apresentava. Relembre o que colocamos no ar com exclusividade na época:
- as bandas participantes receberam o cronograma com a programação do festival dois dias antes do evento
- a produção não pagou o cachê e nem as passagens das bandas nacionais, o que fez com que Hangar, Headhunter D.C., Terra Prima e Stress cancelassem as suas apresentações. O que se fala nos bastidores é que mais bandas cancelarão os seus shows ainda hoje
- os seguranças contratados não receberam nenhum tostão, e, por isso, as empresas terceirizadas que iriam fazer a segurança do MOA mandaram os seus funcionários se retirarem do local
- o Corpo de Bombeiros de São Luís fez uma vistoria e não aprovou as condições do Parque Independência, local onde o festival será realizado. Para vocês terem uma ideia, nem extintor de incêndio o local tem. Ou seja, é um caos anunciado
- as pessoas que chegaram para o camping um dia antes do festival não puderam entrar porque, segundo a assessoria de imprensa, as pulseiras não estavam prontas. Essa é uma desculpa meio sem sentido. Em um evento deste porte, as pulseiras, ingressos, crachás e afins precisam ficar prontos com muita antecedência. Se isso for verdade, quem está promovendo o evento só atesta a sua total falta de capacidade
- no local do camping, que foi vendido como um dos diferenciais em pacotes de ingressos, não há luz, banheiros e nem alimentação. A infra-estrutura é precária. As empresas que fariam isso se retiraram do local por falta de pagamento da produção
- segundo o que levantei com diversas pessoas com acesso aos bastidores, ao que parece ouve um racha entre as produtoras envolvidas no evento, a Lamparina, de São Luís, e a Negri Concerts, de São Paulo. Por esse motivo, o equipamento de som e os técnicos, que viriam de São Paulo, não vão mais para o Maranhão, e a equipe de Lamparina está desesperada entrando em contato com os grupos de micareta da região para conseguir “montar” um equipamento de som para o festival. Resumindo: o heavy metal tem uma sonoridade muito específica, não apenas totalmente diferente da micareta, mas que também exige mixagens e ajustes minuciosos, ainda mais em um evento ao ar livre. Traduzindo: se o festival acontecer, o som será de péssima qualidade
- seria por essa razão que o palco do festival ainda não estava pronto nesta quinta-feira, véspera do evento: a produção ainda não tem o equipamento para realizar os shows. Qualquer pessoa que acompanha eventos grandes sabe que os palcos são montados com dias de antecedência
- além disso, os camarins dos músicos não estavam prontos na véspera do festival. Isso é, sinceramente, inadmissível
- o Procon de São Luís realizou uma reunião com os produtores do evento no final desta quinta-feira, dia 19 de abril, onde fez os organizadores assinarem um termo de ajuste de todos os problemas encontrados no local do evento. Se esses problemas não foram solucionados o festival será cancelado
Pelas razões erradas, esse texto acabou se tornando um dos mais lidos da história da Collectors Room, e a razão é simples: com exceção do site amigo Van do Halen, que desde o início das evidências se desdobrou, ao nosso lado, para trazer notícias sobre o que estava acontecendo em São Luís, e apesar das enormes pistas de que algo estava muito errado, nenhum portal, nenhuma revista, publicou NADA alertando seus leitores sobre o que estava prestes a acontecer no Maranhão, preferindo manter no ar os banners e anúncios pagos do festival.
Também na quinta-feira, 19 de abril de 2012, o Venom cancelou a sua apresentação no MOA alegando um problema com os vistos dos músicos. Uma desculpa esfarrapada, já que, ao contratar uma atração internacional, uma das primeiras providências dos contratantes é justamente providenciar os documentos para que os músicos possam, efetivamente, entrar e tocar no país. Logo em seguida, o Saxon também cancelou, alegando uma grande violação no contrato assinado com a banda - que depois, se descobriria, era o fato de o cachê combinado não ter sido pago ao grupo. Daí em diante as coisas descambaram para o fundo do poço, com o aguardado Rock ‘n’ Roll All Stars, projeto liderado por Gene Simmons e que reunia grandes nomes do hard rock, também cancelando, e outra das bandas mais esperadas, o Anthrax, desembarcando no Aeroporto de Guarulhos e não tendo NINGUÉM da produção do MOA esperando para receber os músicos em solo brasileiro.
Nesta matéria postada no sábado, dia 21 de abril, relatamos o festival de atrocidades e desrespeito pelo qual o público e as bandas foram submetidos. Leia novamente para relembrar o quão baixo o evento chegou. Foi somente neste dia que os grandes portais e veículos especializados em heavy metal brasileiros, todos com o rabo preso com o MOA por ele ser promovido por Felipe Negri, produtor com ótimo relacionamento e adepto da política do tapinha nas costas tão peculiar ao metal em nosso país, começaram a contar aos seus leitores o que a Collectors Room e Van do Halen já relatavam há dois dias, desde 19 de abril. Até que, na tarde do dia 21/04, o Metal Open Air foi finalmente cancelado por absoluta falta de estrutura. Clicando aqui você pode relembrar tudo o que publicamos sobre o MOA.
Tentando consertar a péssima imagem deixada pelas duas (ir)responsáveis pelo MOA, a Lamparina Produções e Negri Concerts, esta última divulgou nota comunicando que os ingressos do festival seriam aceitos no show que o Blind Guardian, uma das atrações, realizou em São Paulo no dia 23 de abril. Uma esmola para quem foi seduzido por um mundo de maravilhas e foi enganado sem dó.
Um de nossos textos sobre o MOA, intitulado Edu Falaschi e Thiago Bianchi: os maiores hipócritas do metal nacional, escrito pelo colaborador e amigo Bruno Sanches, teve que ser retirado do ar após os representantes legais do cantor do Shaman nos enviarem uma intimação dizendo que, se insistíssemos com a sua publicação, seríamos processados - mais aqui.
Seis meses após o que prometia ser um grande festival, a Negri Concerts, teoricamente afastada do mercado devido à péssima reputação que obteve e pela imensa pressão do público contra a empresa, ressurgiu rebatizada como Indestructible Entretenimento promovendo uma turnê do Destruction pelo Brasil. Essa estratégia foi descoberta, e em uma grande vitória para toda a cena, o grupo alemão cancelou os shows depois de ser informado pelo público com que estava lidando - leia mais.
No final de 2012 surgiram rumores de que Felipe Negri estaria à frente de uma empresa chamada 8x8 Live, responsáveis pelos recentes shows do Accept e do Turisas por aqui. Essa informação não foi confirmada, e a própria empresa veio a público se manifestar negando qualquer associação com Negri.
Mais recentemente, recebemos a informação de que a turnê que a banda U.D.O. fará pelo Brasil no mês de julho está sendo promovida por uma suposta nova empresa de Felipe Negri, mas não temos confirmação se essa informação é verdadeira ou não.
Em relação às pessoas que foram até o Maranhão assistir ao Metal Open Air, centenas de processos foram abertos em todo o país contra a Lamparina Produções e a Negri Concerts. Eles estão em andamento e ainda não tiveram um veredito final definido, e um dos motivos é que a Negri Concerts simplesmente sumiu do mapa, não tendo mais sede fixa, telefones e site, antes amplamente divulgados. Ou seja, é impossível encontrar um dos responsáveis pelo MOA, o que só atesta a sua má fé na realização do festival.
No entanto, a justiça começou a ser feita. A cervejaria Ambev, que usou o MOA como plataforma de lançamento da marca Budweiser no Maranhão, foi condenada a participar do pagamento da indenização aos lesados pelo evento, em uma decisão que aponta que os culpados, um dia, deverão ser punidos.
A cena brasileira de heavy metal foi construída na base da política da troca de favores e tapinhas nas costas. É muita coisa por baixo do pano, com gigantes e donos de coisa nenhuma usando um suposto “poder” para ameaçar e intimidar quem levanta a voz contra a forma como as coisas são feitas. A grosso modo, e por experiência própria, posso afirmar que os bastidores do heavy metal aqui no Brasil, incluindo grandes sites, revistas e gravadoras, é tão sujo quanto o que imaginamos acontecer dentro do Congresso Nacional. Respondendo a uma pergunta frequente que sempre surge quando critico esse mercado, foi por esse motivo que eu, Ricardo Seelig, deixei de colaborar com algumas publicações onde matérias minhas foram publicadas há alguns anos atrás.
Uma nova geração de jornalistas e blogueiros está surgindo, com opinião própria, distante dos vícios desta “mídia” estabelecida e ciente do mal que suas práticas causam para toda a cena. Nós, da Collectors Room, assim como outros sites como a Van do Halen e mais alguns, fazemos parte de um grupo que acredita ser possível mudar o modo como as coisas são feitas e acontecem neste mercado. Recebemos o apoio de jornalistas e artistas nessa iniciativa, que visa informar o leitor através de um jornalismo independente, correto e transparente, algo que está muito distante da realidade atual.
O Metal Open Air completará um ano daqui a poucos dias. Olhando hoje, o que aconteceu acabou se revelando necessário, pois foi o início de um processo que identificou e continua identificando as pessoas má intencionadas que estão em nosso meio. Esse processo está longe de acabar, mas acreditamos firmemente que ele traz ótimos frutos a cada novo dia, limpando a sujeira, afastando a corja, destronando “coronéis” e pondo fim a falcatruas.
Se você acredita que é possível ter uma cena heavy metal sadia por aqui, siga com a gente.
Isso não é ingenuidade, mas sim esperança de dias melhores para quem curte hard rock e heavy metal no Brasil.
Por Ricardo Seelig
MOA eu fui!
ResponderExcluirAs bandas não.
Estive nessa merda de MOA em São Luis e sem dúvidas foram alguns dos dias mais tristes da minha vida...Pode parecer exagero, mas sempre fui muito ligado a "cena" Heavy Metal nesse país, cresci ouvindo Sepultura, Angra, Eterna, Wizards, Tuatha de Dannan, Attomica e tantas outras bandas que valorizava e respeitava tanto quanto as internacionais. Ficou a imagem dos fãs que, mesmo nessas condições absurdas deram um exemplo de educação, mantendo a paz na cidade, não houve um incidente sequer...Leiam o depoimento da banda Strees, descrevendo todo esforço que fizeram para seus familiares assistissem o seu momento de glória. Sou guitarrista, tenho banda, me coloquei no lugar desses caras, isso mexeu muito comigo...
ResponderExcluirDali pra frente passei a acompanhar o Collectors Room que se tornou meu guia musical, ao menos uma coisa boa aconteceu em meio a tanta bosta.
Isso não pode ficar barato, temos que nos unir e boicotar qualquer evento organizado por essa corja imunda que a muito já deveria estar na cadeia.
Negri, Indestructible, Lamparina, CKC, Paulo Maluf, Renan Calheiros, Sarney, Roadie Crew, Edu Falaschi, Thiago Bianci...BRASIL!
As coisas mudaram em alguns aspectos, mas em outros ainda somos tratados muito mal no Brasil, especialmente com os valores absurdos cobrados pelos ingressos que as produtoras que organizam esses eventos colocam, justificando a "meia entrada" como a principal vilã dos eventos, tanto que diversos eventos tiveram baixa venda de ingressos devido ao preço (madonna e lady gaga como exemplos).
ResponderExcluirOutro ponto a se salientar é que alguns problemas parecidos como os do MOA ainda ocorram no Brasil, como os shows cancelados pelo Sepultura no sul do Brasil e a falta de estrutura para a apresentação da banda Shadowside em um festival que ocorreu no nordeste, então há ainda esses problemas, e eles têm de ser sanados para podermos ver nossas bandas com maior diversão e sem ter dor de cabeça e vergonha como foi o MOA.
não fui ao festival, li somente as criticas e concordei com todas, exceto com o o que fizeram como o Edu, achei totalmente injusto, visto que não foi o cara quem organizou o festival e ele deu uma declaração, logo após o show qdo ainda estava na euforia.
ResponderExcluirnão fui ao festival, li somente as criticas e concordei com todas, exceto com o o que fizeram como o Edu, achei totalmente injusto, visto que não foi o cara quem organizou o festival e ele deu uma declaração, logo após o show qdo ainda estava na euforia.
ResponderExcluirnão fui ao festival, li somente as criticas e concordei com todas, exceto com o o que fizeram como o Edu, achei totalmente injusto, visto que não foi o cara quem organizou o festival e ele deu uma declaração, logo após o show qdo ainda estava na euforia.
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