Essa é uma pergunta que pode ter várias respostas. Você pode
responder que não há uma cena rockeira atual convincente, mas estará errado.
Você pode dizer que o rockBR continua sendo feito pelos mesmos nomes de sempre,
aqueles que vieram ao mundo durante as décadas de 1980 e 1990, e não estará
errado. As variáveis são muitas, e todas elas passam por uma questão bastante
clara: o rock brasileiro atual não chega até os ouvidos de seus consumidores.
Você está louco, dirão os mais apressados. Não, não estou.
Se pegarmos a cena rockeira da década de oitenta, por exemplo, observaremos
exatamente o oposto que ocorre agora: a produção das bandas chegava até os
ouvintes, as músicas invadiam nossas casas e nossas vidas. Hoje, esse processo
não se dá com o rock, mas com outros estilos, como o sertanejo universitáro,
onipresente em todo o Brasil.
É claro que o rock nunca deixou de ser produzido no Brasil,
mas é justo perguntar por onde ele anda, já que, com o seu afastamento do mainstream e das
grandes massas, ficou mais difícil para as novas bandas chegarem até um novo
público.
Qual foi a última grande banda de rock surgida no Brasil? NX
Zero? Não. Cachorro Grande? Ótimos, mas nunca foram um fenômeno de
popularidade. Los Hermanos? Foram um fenômeno de público, com seguidores
fanáticos, mas não eram necessariamente uma banda de rock. Raimundos? Sim,
provavelmente. E quando foi isso? No início da década de 1990. Estamos em 2013.
Um longo tempo, não?
Hoje, há uma inversão na realidade quando a comparamos aos
anos 1980 e 1990. O rock não é mais a música da juventude brasileira. Não, não é mesmo. Não analise
isso pensando apenas na realidade das grandes cidades como São Paulo. Olhe de
maneira mais abrangente. Olhe o Brasil como um todo. O que os jovens escutam
hoje em dia? Outros sons, não o rock. O sertanejo universitário é o atual pop
brasileiro. Ivete Sangalo e Cláudia Leitte ocuparam o lugar de Renato Russo e
Cazuza. São esses artistas que possuem identificação com a geração atual,
identificação essa que pertencia às bandas de rock há alguns anos atrás.
O riff foi trocado pela onomatopeia. Antigamente, um jovem
de 14, 15 anos, compunha riffs imaginários em sua mente, influenciado pelas
bandas que ouvia. Hoje, um adolescente de 15 anos imagina onomatopeias,
influenciado por nomes como Michel Teló e Gustavo Lima.
Tche-tche-tche-tche-rê-rê-rê-rê ... Não há mais conteúdo na
música que é consumida hoje, em grande escala, Brasil afora. É tudo com uma
qualidade rasteira, com arranjos simples e melodias derivativas, onde, em
alguns casos, até a letra que está sendo cantada se transformou em um acessório de luxo.
Para um país como o nosso, com a tradição musical como o
Brasil, reconhecido em todo o mundo como o berço de uma das músicas mais
respeitadas do planeta, berço de gênios como Tom Jobim, Vinícius de Moraes,
João Gilberto, Gilberto Gil e muitos outros, trata-se de uma volta à Idade da
Pedra. Regredimos, estamos rastejando, atolados em um cenário que não cheira nada bem.
Em relação ao rock, como já dito antes, ele deixou de ser a
trilha da maioria da juventude brasileira, substituído por outros gêneros com
maior apelo junto a esse público. Naturalmente, por esse motivo, as vias que a
nova produção rockeira, que as novas bandas, tinham para chegar até os ouvintes,
diminuíram. De nada adiantam “rádios rock” que tocam as mesmas velhas canções de sempre, revezando-se entre “Smoke on the Water” e “Exagerado”, “Stairway to Heaven” e “Faroeste Caboclo”. De nada servem casas de
shows que preferem contratar bandas cover a artistas autorais. Aqui em
Florianópolis, cidade onde resido, ao andar pelas ruas um desavisado pensará
que está em Los Angeles ou Londres devido aos imensos cartazes que anunciam
shows de nomes como U2, Guns N´ Roses, Iron Maiden e Rolling Stones – todos eles,
claro, com um minúsculo adendo “cover”
ao lado.
É claro que eu sei que o rock não morreu em nosso país, e
jamais irá morrer. Há ótimas bandas em todos os cantos. Tomada, Baranga, Pedra
(que voltou recentemente), Cachorro Grande, O Terno ... A lista é grande.
Porém, as músicas dessas bandas precisam chegar não apenas até os meus ouvidos,
mas aos ouvidos de uma parcela muito – muito, mas muito mesmo – maior de
pessoas. A utopia é que uma composição do Tomada tenha a mesma popularidade do
sucesso atual de Michel Teló – algo que, na realidade atual, é impossível de
acontecer.
Mais espaço nas rádios, mais espaço nos palcos, mais espaço
na imprensa, mais espaço em todos os lugares: é isso que o rock brasileiro de qualidade, bom de verdade, precisa.
Se isso não acontecer, ele seguirá sendo, cada vez mais, um gênero relegado a
um nicho específico, algo que está longe da tradição do estilo em nosso país.
Por Ricardo Seelig
Por Ricardo Seelig
Excelente texto!
ResponderExcluirRicardo, também resido em floripa e gostaria de saber, o que você acha da cena local? Mais uma vez, parabéns pelo texto.
Pra mim o rock tem um idioma, e é o inglês. Em outros idiomas não é necessariamente ruim, mas não funciona comigo. Mesmo assim, eu acho bem melhor do que qualquer um dos gêneros mais populares no Brasil atualmente.
ResponderExcluirDeixando o idioma de lado... Um aspecto que me incomoda muito é que as bandas brasileiras que alcançaram o sucesso precisaram evitar um som agressivo. Não falo com muita certeza, mas forçando a memória pra lembrar da bandas, acho que é assim mesmo. Se é o caso, a situação nunca foi realmente animadora.
Meses atrás eu procurei bandas brasileiras (em inglês, lógico). É uma busca que exige paciência, e eu acabei com uma banda de rock que eu nem gosto muito e duas de heavy metal.
Salve,
ResponderExcluirO Brasil teve grandes bandas de rock que fizeram e fazem sucesso em toda a cena mundial, exemplo: Sepultura, krisiun,torture squad. Mais são banda do gênero do rock mais agressivo, tem o Ratos de Porão que por sinal esta ofuscada e foi a primeira banda e fazer crossover no Brasil. Mais sinto falta de bandas de estilo como punk, trash, etc..Tenho impressão que as bandas punks brasileiras são discriminadas e sempre ficam no underground!! A MTV da década de 90 ajudou muito varias bandas no tempo, muito mesmo! Mais ai? Ficou tudo comercial!! Lamentável!! O Matanza é minha esperança hoje!
Percebi essa falta de espaço para o rock brasileiro no Rock in Rio. O metal estava bem representado, mas bandas como Cachorro Grande, Tomada e Anjo Gabriel também deveriam estar lá no palco, até para fazer jus ao nome do festival, no lugar de algumas tranqueiras que nem pra tocar em bar servem e artistas pop. Mas para isso os próprios fãs de rock e metal devem adotar uma atitude mais aberta e menos conservadora - as vaias ao Ghost demonstram a obtusidade de boa parte do público, que permanece aberto somente a nomes já consagrados há décadas e não dá chance a talentos mais recentes - o que se observa tanto no rock quanto no metal.
ResponderExcluirO público brasileiro não gosta de rock, ou não descobriu que pode gostar (nós obviamente somos minoria). Eu me pergunto por que o rock não faz sucesso, e não encontro uma resposta convincente. Nem sei se existe.
ResponderExcluirLembro de uma banda brasileira relativamente famosa, acho que Fresno, dizendo que resolveu fazer um som mais pop pra conquistar fãs, porque o público não quer rock. Não importa entrar no mérito da banda agora. A questão é a escolha de estilo, e acho que exemplifica bem a situação do rock no Brasil.
Complicado Ricardo, concordo com tudo o que disse, falta boa vontade, ousadia de promotores, vivemos numa sociedade totalmente ignorante que consome lixo, acredito que a degradação da educação também aprofunda o processo... infelizmente.
ResponderExcluirConcordo com o texto, muito bem escrito! As bandas estão ai e precisamos pesquisar, apenas isso. Capitão Bourbon, Anjo Gabriel, Necronomicon, Cascadura, Tomada, Baranga... Enfim, são várias e o idioma não é o mais importante aqui, pois composições em português podem tornar o rock interessante: o idioma é rico e variado. Se Matanza é uma esperança, acho que estamos fadados ao fracasso.
ResponderExcluirÉ.... uma triste verdade , aqui no Brasil , o rock perdeu muita força que tinha na década de 80 por exemplo e até meados dos anos 90.
ResponderExcluirBanda Atual Boa é Cachorro Grande, no mais na questão de rock aqui no Brasil não vejo outra banda que me agrade.
Realmente tá difícil. Fui a um show d'O Terno aqui em Brasília, que proclamam aos quatros ventos ser uma cidade roqueira, e tinha 50 pessoas na casa. Ainda que O Terno tenha apenas um disco na carreira e ter ainda um longo caminho pra percorrer, esse disco teria potencial para se tornar um sucesso comercial, pois se trata de uma obra de qualidade altíssima qualidade e fácil assimilação, mas os tempos são outros. Se se vai num festival de música independente, como o Bananada ali em Goiânia, tem-se uma surpresa de quantas bandas boas temos no país. Mas, ou essas bandas chegam pra gente justamente em festivais ou tocam pra um público que se preocupa em não ignorar a produção nacional, e esse público é apenas uma pequena parcela de quem diz que gosta de rock. Outro fenômeno que aumenta a despopularização do rock é a relação inversamente proporcional entre a maioria dos jovens, que quer a "música" cada vez mais mastigada, e as bandas independentes que tornam seu som cada vez mais autoral resultante de uma mistura de influências, e aqui as possibilidades são infinitas, em busca de uma identidade própria numa sociedade onde se parece ser impossível tocar algo original. Enfim, vale a pena ir pesquisando, tentando ficar por dentro do que acontece e aproveitando os ótimos shows de pertinho do palco.
ResponderExcluirBom texto! Concordo plenamente. Quando o Ricardo sai do salto a coisa fica melhor, rs.
ResponderExcluirRinoceronte, Anjo Gabriel, Saturndust, Monster Coyote, Hellbenders, Fuzzly, Witching Altar, Mad Grinder, Sillverado Rock Blues, Boogarins, é enorme o número de boas bandas no cenários.Quem dizer que falta Rock não sabe bem o que diz...
ResponderExcluirA questão aqui não é uma suposta falta de bandas, é onde as bandas estão, o fato de que elas não estão chegando ao público como outros gêneros musicais chegam.
ResponderExcluirMuro, em nenhum momento foi dito que faltam bandas. Sugiro que você releia o texto.
ResponderExcluirEu gostaria de propor uma reflexão:
ResponderExcluirNão seria este um fenômeno global?
Estive recentemente em Londres, imaginando que estaria respirando Rock em todos os lugares, mas não foi o que vi, eu vi pubs de rock com 20 pessoas e boates de música eletrônica com filas gigantescas....
Onde o Rock é realmente popular hoje em dia?
Não me venham com exceções, quero países realmente relevantes.
abraços
Assim como aqui, vi shows de bandas cover muito mais cheios do que de bandas autorais.
ResponderExcluirVi coisas realmente legais e criativas, com tudo para arrebentar se a cena fosse favorável.
A última banda de rock gigantesca, popular em todo o mundo, ainda é o Guns, certo?
ResponderExcluirAntes tivemos o U2 ...
Existem bandas boas, mas sinto que, além da falta de vontade "popular" com relação ao rock, há uma elitização exacerbada no estilo. Elitização no sentido de linguagem, falta tocar a galera. Um bom exemplo é o El Efecto, cujo qualidade musical é gigantesca e suas letras são geniais, mas que, infelizmente não "toca" o povão. Aí também vem o que o Júlio César diz com relação à educação...
ResponderExcluirPedro, isso até explica a situação de bandas como El Efecto, Scalene e Anjo Gabriel. Mas há outras bandas com propostas mais, digamos, acessíveis, como Cachorro Grande, Baranga, Tomada, que também não conseguem se projetar.
ResponderExcluirPessoas...em relação a música pra jovens brasileiros (da dita classe média e universitária)...é impossível que ela seja o rock... a música feita para este mercado é acessório para a "pegação" em baladas ... isto é...serve de mera desculpa e instrumento para o xaveco e tudo que vem em decorrência disto ...
ResponderExcluirNo mais...mesmo em relação a Londres...creio que temos uma juventude/sociedade hj que é muito mais hedonista que as anteriores... e que também não precisa fazer tantas conquistas sociais como as anteriores...logo o pessoal quer ouvir música pra se divertir e dançar... e se possível transar... acho que talvez isso explique o sucesso da música eletrônica...
Sei que minha visão é meio simplista e talvez distorcida...por isso peço mais comentários sobre esse excelente tema
"A última banda de rock gigantesca, popular em todo o mundo, ainda é o Guns, certo?"
ResponderExcluirO Nirvana foi 5x mais relevante, e praticamente com um disco só
Esse tema é tão bom que renderia até uma tese de mestrado. É interessante perceber que o rap, por exemplo, hoje consegue se comunicar com o público de forma semelhante ao que o rock brasileiro fazia na década de 80. Talvez seja porque as letras do rap expressam melhor os anseios da juventude atual, inclusive seu hedonismo. Outro diferencial é que o rap conseguiu se organizar como movimento.
ResponderExcluirA música como forma de arte é reflexo dos valores socais de sua época. E a música atual só reflete a superficialidade, futilidade e imediatismo dos dias de hoje. Tudo vem mastigado, acelerado e com letras de conteúdo paupérrimo. Podem reparar, praticamente não há mais valorização da introdução na musica pop,as pessoas ficam impacientes ao ouvir uma introdução de mais de 20 segundos. Nesse contexto, as rádios têm a sua culpa em modelar o dito formato comercial. Conclui-se que o rock não se encaixa nesse cenário em que nos encontramos, a nivel de Brasil e de mundo. Mas, respondendo a pergunta do colega acima, eu vejo apenas os países nórdicos se salvando disso tudo, principalmente a Suécia, que vem se constituindo como a cena mais prolífera atual dentro do rock e metal, lugar de onde vem o fenômeno Ghost, por exemplo.
ResponderExcluirMuito boa a reflexão.
ResponderExcluirEu desconheço a maior parte de bandas citadas aqui (conheço Cachorro Grande, e odeio). Se eu que gosto de rock há algumas décadas não to sacando as bandas, imagina o grande público! Sem a menor chance.
Eu meio que desanimei com o que chegou até mim nos últimos tempos sobre rock brazuca (muita coisa indie): Cachorro Grande, Bidê ou Balde, Cansei de ser Sexy, Autoramas, Forgotten Boys, Leela, Pitty.. Fora coisas como NX Zero e Fresno (sem mencionar os coloridos). Enfim, depois de não gostar de nada disso, fiquei preguiçoso rsrs
Tentando lembrar coisa boa aqui, do lembrando do Macaco Bongo, banda instrumental muito boa, mas que ouvi pouco material e depois mais nada.
Seelig, antes de postar meu comentário, faço um registro pessoal: sou amante de hard e thrash metal.. buscava muitas informações no finado combe do iommi. Quando o blog terminou, fiquei órfão e ao mesmo tempo, deixei de lado a busca por "novas" experiências para a música.. Fiquei meio estagnado, ouvindo as antigas bandas e tal..
ResponderExcluirFoi quando "descobri" seu blog, e tarãããã...
Eis que se tornou obrigatório os acessos diários neste rotativo, muito bem escrito..
Aprendo cotidianamente com o blog... Ótimas resenhas, ótimas notícias, ótimas opiniões (poderia até dizer o seguinte: "CollectorsRoom, vida inteligente na Internet...")
Em relação ao post, concordo plenamente contigo!
Tenho 33 anos e percebo que a garotada mais nova gosta mesmo é de um fast food, e, numa metáfora grosseira, músicas sem nutrientes, rápidas e fácil de fazer..
Parabéns.. Continue com o excelente trabalho no blog!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMacaco Bongo eu tentei ouvir e não consegui. Das bandas brasileiras mais famosas eu nunca gosto. Se a música delas me agradasse, provavelmente não seriam famosas. Dá preguiça procurar bandas desconhecidas (as muito famosas nós não procuramos, elas nos encontram), e o pior de tudo é que, depois de descobrir a banda e simpatizar com o som, os álbuns podem ser difíceis de encontrar. Mas eu continuo procurando assim mesmo...
ResponderExcluirO roqueiro, de modo geral, não sabe falar bem de sexo, que é o melhor tema da tríade "sexo, drogas e rocknroll". No nacional, o funk, sertanejo cumprem essa missão muito melhor. No internacional, as vadias do pop é que tão fazendo isso muito bem (leia-se Rihanna). Por isso, a música pra dançar roubou o sexo do rock. Isso é um processo muito longo, começa na Disco, mas desde lá ... a música pra dançar, seja ela EDM, eletrônica ou Pop tirou todo o sexo do rock. Até pq o rock se ocupou demais em ser a música de pensar, contestar, filosofar e tudo mais. Daí, nascem frankesteins como o Tico Santa Cruz, Pitty e Dinho Ouro Preto que se acham "inteligentes" e críticos.
ResponderExcluirNa boa, qual roqueiro nacional ou internacional sabe falar de sexo hoje?
E sobre drogas e rocknroll ... eu já deixo pra outra hora.
As onomatopeias, pra mim, ficam mais nessa coisa sexual mesmo ou da libido e sensualidade onde só precisa mesmo dar uns GEMIDOS pra coisa funcionar.
Acho que a eletrônica e o pop estão cumprindo a sua missão nisso. Não sei o que acontece com o sexo no rock, mas sei que, nenhum roqueiro tem moral pra falar de sexo hoje. Nenhum!
Sobre NX Zero, CPM22, Pitty, Restart .. eu acho que eles são seres feitos no laboratório da MTV pra geração 2000. E todos estão FUDIDOS pq o tempo deles acabou, com o fim da emissora! Quero ver dar conta agora, mesmo com jabá, de continuar adiante.
"De um lado, vejo uma rapaziada antenada, fazendo coisas melhores, mas pouco acessíveis. De outro, vejo um pop rock adocicado, infantiloide", Samuel Rosa (Skank)
http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2012/07/31/o-pop-rock-perdeu-lugar-na-preferencia-da-juventude-diz-samuel-rosa-do-skank.htm
"Antigamente, as bandas eram mais determinadas. Faziam música para as massas. Hoje, de repente, os caras estão resignados. Não têm a intenção de fazer uma música para a minha mãe cantar. Todo mundo já correu atrás de uma gravadora com uma fitinha debaixo do braço. Do Nirvana ao Pink Floyd, todos quiseram ter um hit na rádio. Eu fico tentando lembrar qual foi a última música de uma banda nova do segmento que tenha feito o Brasil cantar. Por que será que isso parou de acontecer? A partir dos anos 90, grupos apareceram com popularidade de razoável abrangência, mas não fizeram músicas que pudessem transcender o segmento. A partir do sucesso, o flanelinha, o profissional liberal, o Brasil inteiro cantava aquilo. Isso parou de acontecer. Hoje, poucos artistas de rock enchem estádios. E quando enchem são da velha guarda: Bruce Springsteen, Madonna, Bob Dylan, Paul McCartney... Qual artista da nova geração consegue encher um estádio? Só lembro do Coldplay, que é dos anos 90. Sinto que as bandas novas não dão muita bola, não querem muito". Samuel Rosa (Skank)
http://g1.globo.com/musica/noticia/2012/08/antigamente-bandas-eram-mais-determinadas-diz-samuel-rosa.html
Discordo de uma coisa: o Nirvana foi 5 vezes maior que Guns, até pelos clipes com o Axl pagando de roupinha grunge e não Kurt de pose hardrock pegando mulher, comendo-as e até ficando viúvo e "não chorando hoje à noite no novembro chuvoso" ... Só de ver o efeito pós-Nirvana e o Guns já se sabe qual foi a maior banda. Mas entendo essa visão, pois a maioria aqui é do metal e tem essa visão mesmo, assim como acham que Alice in Chains nasceu "metal" ou pro "metal" (coisa que não aconteceu nem quando eles eram na cola do Guns, quando se chamavam Diamond Life). Não vou discutir isso. E o alice in chains contribui pra essa leitura mesmo pq todas as vezes que era rentável e oportuno dizer que era grunges, eles disseram. Passou a moda, todas as vezes que puderam negar .... também o fizeram. Então, acho natural essa merda toda e nem faz "a" diferença, mas só colocando a minha visão discordando, pq no resto eu concordo com todo mundo em quase tudo. Difícil chegar atrasado aqui e não falar algo que já não tenha sido falado (pontos muito bons de todos, do texto aos comentários)
ResponderExcluirSó queria dizer que Pedrotex fala algo muito interessante sobre a lírica apontando pro Rap. Linkando com o sexo e o discurso lascivo/sensualidade, que é o grande interesse da juventude, a gente viu nos anos 2000 o Rap (lírica cabeçal, reclamando da realidade, periferia, idéias, poetas marginais) se expandir no termo Hip Hop exatamente pra aglutinar as pistas de dança (dentro da expansão da música eletrônica mais breakbeat e não bate-estaca).
Ninguém dança Rap. Se escuta. Mas se dança Hip Hop. Essa ampliação também abarcou a experiência com o sexo e diria até a coisa do ROCKSTAR, que andava desgastada, na figura do GANGSTA: o cara pegador, comilão de fêmeas, líder de outros machos, que tem um harém e tal. O sexo dominou o Hip Hop dos anos 2000 e rendeu uma figura como Beyoncé que transpira sensualidade, muito diferente de um ícone 90 como a Missy Elliot e as TLC ... passando por Salt N Pepa dos anos 80 também.
O sertanejo brazuca saiu do "entre tapas e beijos" dos anos 90 e do "Deus e eu no sertão" dos anos 2000 pra abarcar o sexo por agora, além de ter ganhado as pistas com boites especializadas em sertanejo. Muito louco isso: o sertanejo tem a sua base em boites com espaço pra apresentação ao vivo e não em som mecânico.
Em suma, mais uma vez: a coisa do sexo e o discurso sobre ele.
A visão do metal sempre vai puxar a bola pro Guns mais que pro Nirvana até por essa sequência do link abaixo.
ResponderExcluirO amor do brasileiro é pelo GNR e não Nirvana.
http://whiplash.net/indices/mais_lidas_bandas.html
Mas o que eu vi, até nos clipes, é o GNR imitando o universo do Nirvana (e não o contrário).
E também, ambos sendo da Geffen Records, mesmo naquele tempo, já ficou muito claro que o GNR era menor dentro da gravadora e pro público também.
Concordo com o GNR sendo a maior banda se o público em questão pra essa eleição for o clássico e metal. Mas, no geral, Nirvana é muito maior.
O Nirvana inspira 1001 coisas até hoje. O GNR é totalmente datado. E sabemos bem o que o obituário pode fazer pela eternização da obra de um artista. Mas mesmo o Kurt vivo, eu aposto muito mais no Nirvana maior do que o GNR, já naquela época de 1991 a 1994. Nirvana é cara de uma geração. GNR não é tão assim, apesar de ser de suma importância, responsa e respeito.
Mais aspas sobre o rock e suas crises no Brasil:
“Essa juventude que está aí desde os anos 90 sentando na boquinha da garrafa acha que hoje MPB é aquela cantora de churrascaria com cabelo igual ao do Neymar [Maria Gadú]. Fica tentanto emular a MPB dos anos 60, sendo que naquela época já era uma m...., mas pelo menos era original. Nesse tipo de MPB só entra quem é brocha, porque é música de frouxo. Um bando de provincianos de sandálias havaianas querendo ser o próximo Chico Buarque, como se já não bastasse um. É igual a uma bicicleta ergométrica: não vai levar a gente a lugar nenhum. Aí, o cara fala para mim que rock é coisa de velho e vai ouvir Luan Santana. Como pode? Eu acho que a MPB é frouxa porque, por exemplo, quando eu faço a minha música, eu pego ingredientes de rock pra imaginar o que seria a MPB com mais potência, virilidade e menos preconceito com a guitarra elétrica e menos inveja do falo americano. A gente seria menos falso e medíocre. A minha vida inteira é rock'n'roll. Se não fosse o rock, eu seria um frouxo. E outra: as pessoas acham que o rock nacional nasceu na década de 80. Na boa, da minha geração só se salvam Roger, Renato Russo, Cazuza, Júlio Barroso e Edgard Scandurra. O resto era um bando de bundão imitando o U2, o Joy Division e o The Police. Uma década de cópias”, Lobão (Blitz)
Lobão detonou a MPB e o rock brasileiro dos anos 80
http://www.foradopadrao.com/lobao-detonou-a-mpb-e-o-rock-brasileiro-dos-anos-80/
Toda vez que um movimento hegemônico se apresenta, não interessa qual é o gênero musical, o mais prejudicado é o próprio estilo. Apesar da década de 80 ter gerado artistas seminais como Barão Vermelho e Cazuza, Renato Russo e a Legião Urbana, Titãs, Ultraje [a Rigor], pra cada um desses existiam 10 Dr. Silvana [banda de rock carioca], e outras porcarias que falavam em nome do rock e preenchiam os programas de auditório. O rock se desgastou muito nessa época. Víamos o rock nacional se transformar em uma imensa bosta, sendo vendido como mercadoria de quinta categoria. Como gênero musical, deixou que suas principais características de rebeldia, discurso e atitude e até de uma música mais agressiva, fosse passado para um gênero que virou, em muitos momentos, comercial de sandália Melissa. Sobre agora: antigamente era pior, depois foi piorando. Apesar de trabalhos muito legais como O Rappa e Planet Hemp, tivemos um declínio importante de discurso. Faltaram, tirando essas poucas exceções que eu citei, novos poetas. Mas acredito que a criatividade é cíclica. Novamente virá um gênero que agrida as convenções estabelecidas. Se antigamente para cada banda boa de rock existiam 10 porcarias. Hoje não tem mais bandas boas, Nasi (Ira!)
ResponderExcluirDepois, fui entender que o estado mórbido [drogas] e até depressivo não era só pelo fracasso amoroso, ou por dúvidas que naquele momento da profissão e carreira se apresentavam (a década de 90 foi uma decadência, não só pro Ira!, mas pro rock nacional em geral). Toda aquela maconha me tornava uma pessoa mais fechada. Quando a cocaína veio, eu comecei a discotecar na noite paulistana. E foi um "pó de pirlimpimpim". Expansão do ego, comunicabilidade. Foi meio que uma cura. Esse foi o grande erro. Na hora que percebi que alterava minha saúde, sanidade, não consegui mais sair. Passava a usar pra viver e viver pra usar. Quando você é jovem, a experimentação vem muito forte. Hoje eu não acredito que a criatividade tenha a ver com o uso de drogas. Nasi (Ira!)
Existe uma ideia sobre os anos 60 e as drogas que pertencem ao contexto da contracultura. Liberação politica, sexual e ideológica. A droga fez parte do ponche desse momento e de uma inocência muito grande. Hoje temos os estudos sobre as sequelas, e sabemos como funciona o mundo do crime e do tráfico. Nos anos 60 existia razão pra inocência da droga como fator de libertação. Hoje não temos mais o direito. Naquele baseado que você fuma, no pó que você cheira, existe sangue de criança para o produto chegar fresquinho na sua mão. Esse trinômio não faz mais sentido. Hoje, isso seria: Sexo, dopamina e rock and roll Nasi (Ira!)
Para Nasi, ex-vocalista do Ira!, Brasil não tem mais bandas boas de rock
http://g1.globo.com/musica/noticia/2012/09/para-nasi-ex-vocalista-do-ira-brasil-nao-tem-mais-bandas-boas-de-rock.html
Cara...li o comentário do Lobão...impagável como sempre...ótimo provocador...gosto muito dele !
ResponderExcluirÓtimo texto! Parabéns!
ResponderExcluirO interessante é que a última banda que estourou em todo o país - os Raimundos- falava basicamente sobre sexo . Na música popular feita no Brasil a gente percebe ao longo dos anos que as letras vão ficando cada vez mais explícitas. Talvez a intelectualização do rock, ou a ingenuidade de suas letras, tenha afastado o público - além de sua falta de aptidão para fazer dançar. Além disso, apesar da qualidade das composições de muitas das bandas atuais, não temos mais letristas que conseguem se comunicar com o público e ao mesmo tempo propor uma reflexão, trazer algo a mais. Acho que mais uma vez quem consegue fazer isso no Brasil são cantores de rap - o Criolo é um bom exemplo.
ResponderExcluirNesse contexto, Pedrotex, acho que o Lobão tem boas composições... Os discos "A Vida é Doce" e "Noite" mostram bem, apesar de o segundo ter sido um grande fracasso de vendas.
ResponderExcluirConcordo contigo!
Enquanto metade de barbudos tentarem ser o cara mais ''assustador'' e ''bebum'' do mundo,o metal não vai andar no Brasil tão cedo(no sentido estourar mesmo,como esta citado na matéria).
ResponderExcluirJá os mais jovens,parece que não cansam de ''curtir'' bandas das antigas como Led Zeppelin e The Beatles,algum problema nisso? NÃO mesmo,porém é curtir a banda na droga do facebook,é comprar uma camiseta do Ramones e nunca ter ouvido NENHUM álbum dos caras,é ter MUITO conhecimento em mãos,mais não querer,ou gostar,verdadeiramente,de nenhum deles; O que move o rock hoje em dia é Metalcore e Indie rock,tudo é a base das tribos(o que também não tem nada de mal,boas bandas em ambos estilos existem,o problema é a cegueira que isso causa em quem escuta). Pra fazer boa banda de rock primeiro tem que ter um bom conhecimento,e um gosto sincero pelo que ta fazendo,não adianta o cara comprar a melhor guitarra da loja se ele só quer aprender a musica nova do Bullet for my valentine e depois nunca mais tocar no instrumento; Não adianta querer boa banda de rock,que atinja proporções gigantes se quem tá criando as músicas for um c%$ão... mente fechada de todos os lados,vamos continuar ouvindo os mesmos marmajos enormes e bebedores de barris de cerveja imitarem rockstars americanos,e ver um monte de pirralho fazendo cover de Strokes.
Falaram da época em que o Brasil todo cantava algum rock, e eu lembro, alcancei o período nos anos 90. Mas questiono o valor do interesse daquelas pessoas, porque a maioria não era fã das bandas ou de rock, só queria (ou só conseguia) ouvir as músicas que a mídia repetia até grudarem nos ouvidos (eu era uma delas, inclusive). Eram as pessoas que iam aos shows de Skank da época de O Samba Poconé conhecendo só Garota Nacional e aquela sobre futebol. O rock simplesmente deixou de ser escolhido como música do momento, que toca exaustivamente e é descartada pouco depois. É o papel do sertanejo universitário, forró-pop-brega, axé etc., todos os gêneros mais populares, cujas músicas são feitas para serem sucessos fáceis e rápidos. A música feita com maiores pretensões, incluindo outros gêneros além do rock, está no underground. Assim como nos anos 90, enquanto todos cantavam Garota Nacional, gostar mesmo de rock era uma atitude underground.
ResponderExcluirNão li todos os comentários anteriores, portanto não sei se alguém já tocou nessa tecla, mas é importante constatar que uma das razões para a pouca popularidade de que gozam as novas bandas brasileiras de rock é, antes de mais nada, o simples fato de elas NÃO possuírem a mesma qualidade das principais bandas brasileiras dos 80s e 90s.
ResponderExcluirPara o Ricardo, “Há ótimas bandas em todos os cantos. Tomada, Baranga, Pedra (que voltou recentemente), Cachorro Grande, O Terno... A lista é grande.” Sou obrigado a discordar. Não acho que existam ótimas bandas na atual safra do rock nacional. São, quando muito, medianas, inclusive as cinco bandas citadas no trecho acima reproduzido.
Então, além da “forte” concorrência com gêneros populares como o sertanOjo universitário e o funk carioca, falta qualidade às bandas mais novas de rock nacional.
Fora que a ruptura social está mais no funk do que no rock. Aliás, é lá que tem a contra-cultura e a revolta personificadas no status de proibidão, enquanto o rock fica sempre na mesmice, como se estivesse só na zona do "permitidão". Esse tipo de transgressão é muito importante de se notar, pois diz muito do que é comportamento, arte e tudo mais. Também é lá no funk e hip hop que o machismo se instalou já que foi expulso do rock. O Bonde da Stronda é bem isso. Como ser machista virou algo feio na sociedade (e até marginal), essa galera abraçou mesmo esse discurso. Enquanto isso, o Emicida é censurado pela política da ditadura do politicamente correto.
ResponderExcluirMulheres protestam contra Emicida em show e rapper responde com poesia
http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2013/09/11/mulheres-protestam-contra-emicida-em-show-e-rapper-responde-com-poesia.htm
Não se pode ser mais machista no mainstream brasileiro, só no underground.
Vou falar o que tá rolando: proibidão = underground, se ainda não perceberam.
O que tu fala, Pedrotex, eu concordo 100%, mas a minha linha não é de Crioulo ou Emicida. Sou uma linha mais Bonde da Stronda e Mr. Catra (que aliás, lançou um disco de samba muito bom ano passado ... teve o seu momento apenas de avacalhação tipo Mc Serginho, mas mostrou que tem mais a oferecer). Gosto deles porque estão numa outra zona fora da mídia e falam da realidade do homem sem a preocupação de posar de cult, nem ser aceito, além de falarem com liberdade sobre machismo, feminismo e todas essas coisas sem o patrulhamento ideológico do politicamente correto.
O Seu Jorge é um bom nome hoje em dia, mas eu não sei se ele serve ao rock, pop ou samba-rock ...
Mas é um ótimo nome, a meu ver.
O que me cansa tb é essa pose de finesse que os roqueiros têm hoje em dia.
Não existe mais o roqueiro bagaçeira.
E os bad boys realmente estão no hip hop.
O pessoal do rock tá hiper bem comportado e com medo do julgamento dos outros.
Eu acho cansativa e infantil a atitude de rockeiro mau, exceto quando se traduz na música de uma forma que eu goste. Mas, a princípio, eu acho idiota. Gosto do rock como está hoje, existe variedade, sempre muitas bandas que não têm nada a ver comigo e muitas que têm o necessário pra me agradar. Eu tenho explorado o mundo das novas bandas de rock alternativo e indie e tem sido bem interessante. Pode ser sem graça para as massas, mas nem por isso é errado. Não acho que o rock precise mudar, o público é que precisa. E se não mudar, paciência... O rock não tem que ser a música da maioria, isso é só um capricho nosso, queremos que todos gostem do que nós gostamos.
ResponderExcluirFabiana, vc tem razão no que diz. 100% certa, mas são exatamente os roqueiros que se acham melhores que os outros (e não o contrário). E, exatamente por isso, não entendem porque não conseguem mais atrair a juventude, até desmerecendo outros ritmos e gêneros. Todo segmento musical tem suas crises, mas não vejo sertanejos e funkeiros se preocupando com o rock. Tem disso também. E estão inclusos nisso tanto eu, quanto vc, quanto qualquer outro roqueiro em maior ou menor grau. Não vejo nada de errado nisso, mas é um traço do que somos.
ResponderExcluirUm bom exemplo do underground do proibidão das coisas que jamais chegarão na mídia.
A música fala a verdade sobre a realidade de sexo no RJ pra muitos que moram lá (além de turistas gringos e brazucas). Tem quase 14 minutos e é tipo o Faroeste Caboclo do hip hop.
De 10'08'' pra lá tem depoimentos sobre a parte 1 da canção. Essa é a parte 2. A canção é bem longe da zona do permitidão, mesmice e politicamente correto.
Mag - Rio de Janeiro Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=Z7TxhArpvYo
Um dos momentos mais criativos e interessantes do rock brasileiro é a década de 90, com bandas como Raimundos e Chico Science. Do rock brasileiro atua confesso que só escuto Anjo Gabriel e Tomada. A primeira, na minha opinião, é uma das melhores do mundo no que se propõe, mas tem uma proposta bem hermética. Muitas outras bandas atuais tem qualidade e me agradam, mas não ouço seus discos com regularidade. No que se refere ao grande público, talvez um fator que pese seja a falta de brasilidade das bandas de hoje - brasilidade muito presente nos discos de um Chico Science, por exemplo.
ResponderExcluirO problema que se tem para conquistar novos adeptos é mais embaixo, e começa pela divulgação do gênero. Exemplo disso é o Rock in Rio, que virou um festival com apelo comercial e cada vez menos voltado para o seu propósito inicial, ou seja, o rock. A descontinuidade de festivais famosos e consagrados no gênero (Hollywood Rock, Monsters of Rock - este último, está de volta agora) e o fiasco na organização de novos modelos de festivais - Metal Open Air está aí para dizer - retratam o momento que o mercado vive no Brasil. Promoters e empresários preocupados mais em encher as burras de dinheiro do criar um espetáculo cultural e de massificação do gênero. Outra coisa: enquanto tratarmos o rock como artigo de luxo (alguns ingressos passam dos 1000 reais!!!) será difícil divulgarmos o gênero como um produto acessível a todos.
ResponderExcluirSaindo um pouco da coisa da net e entrando na TV.
ResponderExcluirOs programas juvenis de auditório, dos anos 90, retomam a música, como na Jovem Guarda, e deixam de lado aquelas gincanas idiotas entre colégios (do Passa ou Repassa) e os playbacks do Chacrinha, Globo de Ouro, Milkshake ... que dominaram os anos 80.
Anos 90 é bem isso pros artistas: "quem sabe faz ao vivo".
Tudo bem que o Faustão dá recados em cima das músicas ... mas ... melhor que a dramaturgia do playback. O legal, aqui, são as perguntas dos adolescentes, coisa que não acontecia antes ... pois a palavra era do apresentador e dos adultos.
Serginho Groissman é pioneiro nos programas de auditório com foco em adolecentes, entrevistas e música AO VIVO. Esse modelo também foi levado à frente pelo Luciano Huck no H (da Band) e com o Otaviano Costa no O+ (também da Band). O Caderno Teen (TV Brasil) também foi no fluxo. A influência era tamanha ... que até as mulheres símbolo sexual deixaram de sair do Chacrinha e do Faustão (na Globo) pra saírem do Luciano Huck (Band), como a Feiticeira e a Tiazinha.
Legião Urbana em quase 1h ao vivo no Programa Livre (1994)
http://www.youtube.com/watch?v=3T4lO5xrM6o
Todas as tardes era assim ... de seg a sexta pros adolescentes depois da escola. Interessante notar que isso não era programa de fim de semana, como na Jovem Guarda (dominical). Todos os dias, depois da natação, do futebol e do inglês ... antes dos pais chegarem pra assistir Aqui Agora e Jornal Local! E ainda tinha MTV. Não existe mais isso. :(
E isso era anos 90 só com TV e sem net.
Pedrotex, acho o Pato Fu genial (apesar dos singles serem toscos) e o Rappa é uma banda que tocava Ragga e Pop e dava uma surra em muito rock formal, diz aí.
Olha como o rock estava na TV aberta, pra muito além da MTV (que só quem era de SP, RJ ou tinha parabólica, receptor UHF, grana em outros estados pra pagar TV a cabo.. tinha).
ResponderExcluirSepultura e Pavilhão 9 ao vivo no Programa H (1999)
http://www.youtube.com/watch?v=N0R9VaE0YhY
Golpe de Estado ao vivo no Programa H (Band)(1997)
http://www.youtube.com/watch?v=IeX7IWCFIxg
Charlie Brown Jr no Programa O+ (Band) (1999)
http://www.youtube.com/watch?v=FwseZUMrqbc
Bruce Dickinson no Caderno Teen (TVE BRASIL)(2000)
http://www.youtube.com/watch?v=xmGYwYHFLFM
Jon Bon Jovi na Malhação (1997)
http://www.youtube.com/watch?v=mBG98_y9cG4
Jon Bon Jovi na Malhação (1997)Backstage
http://www.youtube.com/watch?v=z96OFdZ1aZI
Yo, não ouvi muita coisa do Pato Fu. O Rappa era uma ótima banda, assim como Planet Hemp.
ResponderExcluirQuanto ao espaço na mídia, concordo contigo. Isso tem muito a ver também com uma mudança de postura da crítica: parece que começou a "pegar mal" indicar os discos de uma banda, por exemplo. O correto seria dar ao grande público o que ele já conhece e curte. E isso foi fechando portas para a novidade.
Aliada a isso, a prática do jabá foi ampliando o espaço daquele entretenimento mais apelativo que possuía retorno mais rápido e garantido. Exemplo: diz a lenda que havia contratos de milhões para exibir o É o Tchan todo domingo no SBT.
Isso ajuda a explicar situações como aquela votação da MTV( ou do Multishow,não tô bem lembrado) em que o Junior ganhou como melhor guitarrista, em uma competição em que estava inscrito Edgard Scandurra.
Acho que um fator que poderia fazer diferença seria a democratização dos meios de comunicação, com a concessão de canais de rádio e televisão a outros grupos que não sejam os que possuem o controle hoje. Isso poderia ser proporcionado pela televisão e rádio digital, que poderia dar espaço para todo mundo, mas acho que o lobby do oligopólio da comunicação vai falar mais alto de novo.
O ápice do rock foi com o sexo e a espiritualidade no centro das atenções: sexo, drogas e rocknroll.
ResponderExcluirA Disco roubou o sexo e a espiritualidade foi perdida e substituída pelo ateísmo e anti-religião.
Olha só: o hippie era isso: eles buscavam a espiritualidade pelo Eros (sexo) e pela toxiconomia (drogas).
Num são eles que se chamavam "culoteiros" e "quadrizeiros" com seus hippies e corpos a chacoalhar?
Hip = quadril, culote, cintura
Não são os anos 60 e 70 que são conhecidos pela "revolução sexual"? Então.
Quando o Billy Corgan fala que o futuro do rock é Deus ... ele está falando em retomar a espiritualidade de alguma forma.
O ateísmo e anti-religiosismo se tornaram maiores que a busca da espiritualidade.
Pros Hippies, o sexo era uma atitude política ("make love, no war", do marxista Marcuse utilizado pelo John Lennon numa canção) e as drogas eram uma porta para se acessar o mundo espiritual ("portas da percepção" do William Blake que dá o nome à banda The Doors). A união do Eros e de Deus é que fazia o rocknroll ser aquela energia toda. Se vc tira o sexo do rock (emoção) e dá ele um cérebro (razão) numa postura erudita e cabeçal, além de tirar as portas e caminhos pra espiritualidade (seja pela drogas ou pelas religiões), você afasta a música de Deus. E toda a pólvora da bomba se desfaz.
O Marilyn Manson soube falar disso muito na música tema do Matrix:
Marilyn Manson - Rock is Dead (1999)
http://www.youtube.com/watch?v=pkJesflekZU
Estou em dizer que o ateísmo torna o rock estéril, assim como o cabeçal/erudito (razão) em vez do sexo e do Eros/libido (emoção, instinto).
Marilyn resumiu tudo isso no refrão da música que enterra o rock no fim dos anos 90.
verso Anything to belong = que vc tá disposto a tudo pra ser aceito pelos outro, o que é o politicamente correto de hoje em dia.
verso Rock is deader than dead = o rock está mais morto do que cachorro morto
verso Shock is all in your head = mostra que o contracultural do rock virou cabeça e erudito, saindo dos quadris (hippies) e de Deus (espiritualidade)
verso Your sex and your dope is all that we're fed = precisa ser mais claro sobre a nossa discussão aqui da genese da bomba do rock antigo que era no Eros (sexo) e na espiritualidade (via toxiconomia com as drogas abrindo as portas do transcendente)
verso So fuck all your protests and put them to bed = aqui, ele fala claramente que o rock não é só política e ideologia ("protestos"), mas estética e apenas diversão instintiva e gurtural como o sexo ... como hormônios, como libido, como a troca de fluídos, sensações e emoções na cama, ou seja, no sexo.
verso God is in TV = ele está falando que a TV está vigiando o que você faz de certo ou de errado. Antes, era a religião que era chata e regulava o comportamento das pessoas, mas hoje, quem faz isso é o pessoal do politicamente correto ... coisa que bem vemos na TV e nas redes sociais onde há um patrulhamento ideológico. A TV aqui como o Deus que vigia o certo e o errado é uma maneira de dizer que o patrulhamento ideológico é a nova cartilha do certo e errado, como vimos na manifestação contra o emicida aí na notícia acima.
O rock sempre foi espiritualidade (tanto busca por Deus, quanto magia negra, branca, marrom etc), mas isso foi apagado pelo ateísmo, com a enfase metal dos anos 80, mas começando lá com o Sabbath mesmo, nos 70.
ResponderExcluirSe antes, com Raul Seixas e Paulo Coelho podia ser até magia negra, com o Robert Plant é outras coisas.
Robert Plant, ex-Led Zeppelin, visita o Templo da Boa Vontade
http://www.douradosnews.com.br/brasil-mundo/robert-plant-ex-led-zeppelin-visita-o-templo-da-boa-vontade
Pra mim, o rock sem sexo (Eros) tende a ficar estéril com o tempo.
O rock racional, cabeçal e erudito também tende a esse destino: estéril (cadê os quadris? Hippies).
Assim como o rock sem espiritualidade também é estéril (Deus).
E o contexto atual de cabeça (ao invés de pau/buceta) e ateísmo (e anti-espiritualidade) destrói a fórmula do auge do rock: sexo, drogas e rocknroll.
As drogas eram a religião do rock, a ponte pra espiritualidade ("portas da percepção", do William Blake, The Doors e Woodystock)
O rock não tem cabeça, tem quadris, pau e buceta.
O rock não é ateu, ele tenta a espiritualidade de alguma forma.
Até o Hip Hop é sexo.
De novo os hips lá:
Hip = quadril, culote, cintura
Pedro,
sobre o Pato Fu, eles tinham o apelido de "os mutantes dos anos 90", devido ao experimentalismo.
Mas os singles deles são ridículos ... fazem a banda parecer coisas de retardado.
Pegue o disco Rotomusic de Liquidificapum. Vai ver o tal dos filhos dos mutantes
Um grande e fervoroso fan deles era o Renato Russo (e Rita Lee também):
http://centralrocknet.com.br/thumbnail.php?file=4fc2hactw2kz9axoxb9fz6yr6_180311838.jpg&size=article_large
O disco que o Renato Russo conheceu e motivou a devoção foram os 2 primeiros.
Não estou falando que tu vai amar a banda, mas ela é importante e única.
E vai muito além dos hits imbecis da rádio, que passam toda a ideia de fragilidade e fofura deles.
Quando, na verdade, são experimentais e loucos como os Mutantes mesmo.
A revista time elegeu eles das 10 melhores bandas do mundo, ao lado do Radiohead, U2 e Portishead, em 2001:
Pato Fu entra para as 10 mais da "Time"
http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2001/not20010928p6208.htm