Ghost: crítica de If You Have Ghost (2013)

Sete meses após lançar o seu segundo álbum, Infestissumam, a banda sueca Ghost retorna com material (quase) inédito para os seus fãs. E, apesar do curto espaço de tempo entre um lançamento e outro, o novo EP do grupo não tem nada de prematuro.

Produzido por Dave Grohl - que, segundo os próprios músicos do Ghost, andou fazendo alguns shows com a banda escondido atrás das máscaras do grupo -, If You Have Ghost é um EP de cinco faixas. Quatro delas são versões para canções de outros artistas: a que também batiza o disco é um canção de Roky Ericsson, “I’m a Marionette” é do ABBA, “Crucified” é do Army of Lovers e “Waiting for the Night” é do Depeche Mode. Completando o tracklist, uma versão ao vivo da valsa satânica “Secular Haze”, primeiro single de Infestissumam. “I’m a Marionette” e “Waiting for the Night” já haviam sido lançadas em uma versão especial do último disco, e a versão para a canção do ABBA foi também o lado B do single “Secular Haze”.

Há de se elogiar a escolha nada óbvia dos covers. E também dos artistas originais que os gravaram, que nada tem a ver com o heavy metal, gênero onde o Ghost está inserido. Com extrema personalidade, a banda desconstrói os arranjos originais e imprime uma nova cara para as composições, colocando a sua personalidade nas versões. Isso faz com que os quatro covers soem como canções do próprio Ghost, algo que é difícil de ser alcançado quando se trabalha com a obra criada por outros artistas.

Chama a atenção também neste EP o distanciamento que as quatro canções de estúdio apresentam do heavy metal, indo ainda mais além do que a banda já havia ido em Infestissumam. O Ghost não soa como um grupo de metal em If You Have Ghost, mas sim como uma banda de rock embebida em doses generosas de psicodelismo e melancolia, características intensificadas, respectivamente, pela parte instrumental e pelas belíssimas linhas vocais de faixas como “If You Have Ghost” e “Crucified”. Se esse é o caminho que o Ghost pretende seguir nos próximos trabalhos, a prévia que eles apresentam neste EP é pra lá de promissora, deixando, desde já, uma expectativa elevada para o seu terceiro disco.

Vale mencionar que Grohl, além de assinar a produção, também toca bateria em “I’m a Marionette”, deixando claro que a sua associação com o Ghost é muito mais profunda do que se supunha no início. E essa relação entre os dois artistas é muito vantajosa para o Ghost, fazendo com que um novo público passe a olhar para a banda.

Eu sei, e você também sabe, que o hype em torno de Papa Emeritus e sua turma é gigantesco. Porém, Tobias Forge - o nome verdadeiro do vocalista que está atrás da máscara do Papa - e seus companheiros dão provas, a cada lançamento, que por maior que sejam os elogios e a atenção recebidas pela banda, eles são justificados. Opus Eponymous, estreia do Ghost lançada em 2010, é um ótimo álbum de metal com grande influência de Blue Öyster Cult e Mercyful Fate. Infestissumam, o segundo disco, mostrou os músicos indo além e inserindo outros elementos na construção de uma sonoridade que deu um passo adiante em relação ao primeiro álbum. E em If You Have Ghost essa característica se acentua, revelando, de uma forma que parece definitiva, o caminho que a música do Ghost seguirá.

O hype é grande, mas toda a falação em torno do Ghost é justificada: essa é a conclusão ao final da audição deste novo EP.

Nota 8

Faixas:
1 If You Have Ghost
2 I’m a Marionette
3 Crucified
4 Waiting for the Night
5 Secular Haze (live)

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. Também gostei muito.

    A faixa título é maravilhosa.

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  2. Muita coragem uma banda de METAL deixar um cara com filme de GRUNGE gravar uma canção da 1ª banda POP: o ABBA.

    Gostar, gostar mesmo, fico com o cover do Depeche Mode pra uma música ótima que não era single. Então, sai do óbvio, de novo, como tudo nesse projeto.

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  3. É certo que é esse Tobias Forge? Não é legal saber a identidade do Santíssimo Padre =\

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  4. A capa, referência total ao filme Nosferatu, foi o que achei!

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  5. Eu não tenho tanta certeza se o Papa é de fato o Tobias Forge. Não acho tão semelhante o timbre, embora lembre. De relance, os membros do Ghost lembram muito, em termos físicos, os dos músicos do Magna Cartel (especialmente o baterista e o guitarrista principal), mas, como no caso do Papa, o que existe é só uma semelhança.

    Há referência clara ao filme mudo, Nosferatu, na capa deste ep.

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  6. Precisava terminar o review citando Tobias Forge? Ele não se apresenta oficialmente como vocalista do Ghost, e além do que, vai contra o desejo da banda de continuarem anônimos.

    Não custa nada e nem dói falar deles como gostam de serem reconhecidos: "Nameless Ghouls"

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  7. Sim, a capa é uma referência ao filme. assim como as outras capas dos albuns do ghost.

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  8. Sim, a capa é uma referência ao filme. assim como as outras capas dos albuns do Ghost.

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