Escrito por Herman Melville, ex-marujo da marinha mercante dos Estados Unidos, e publicado originalmente em 1851, Moby Dick é considerado um dos maiores e mais importantes livros da história. Seu impacto na cultura pop é imenso, passando por adaptações para o cinema, TV e teatro e chegando até à construção da mítica figura da baleia branca gigante presente no inconsciente coletivo.
Nos quadrinhos, Moby Dick já teve adaptações realizadas por nomes como Will Eisner, Roy Thomas e Bill Sienkiewicz. No entanto, nenhuma delas chegou aos pés do resultado alcançado pelo artista francês Christophe Chabouté. E é justamente essa releitura que a editora Pipoca & Nanquim lançou recentemente no mercado brasileiro, marcando a estreia de um título do artista em nosso país.
A Moby Dick de Chabouté chega ao Brasil em uma edição com 256 páginas em capa dura, papel offset de alta gramatura e formato 20,5 x 27,5 cm. É uma HQ com acabamento de luxo, com direito a verniz localizado na capa e uma linda lombada.
Um dos pontos que chama a atenção é a escolha de Chabouté em manter o texto original de Melville em sua adaptação. Isso foi um acerto. Apesar de ter mais de 150 anos, o texto original segue cativante, e a sua manutenção preserva a essência da obra. A ótima tradução de Pedro Bouça também merece elogios.
Em relação à arte, temos um trabalho primoroso e de altíssimo nível. Toda em preto e branco, a graphic novel é um primor. O traço de Chabouté é bastante característico, um tanto sujo e caricato, fazendo surgir personagens com forte personalidade visual. O preciosismo na construção dos ambientes urbanos e nos quadros que se passam dentro do navio Pequod enchem os olhos. Além disso, Chabouté possui um domínio absoluto sobre e narrativa gráfica, e isso fica evidente nas diversas sequências sem nenhum texto e que funcionam de maneira plena para o entendimento da história, sem que o leitor sinta a falta de palavras explicando o que ali se passa.
Toda a concepção gráfica e artística imaginada por Chabouté consegue apresentar para um novo público, de maneira renovada e cativante, uma das maiores obras literárias de todos os tempos. O cuidado do pessoal do Pipoca & Nanquim em produzir uma edição brasileira com acabamento luxuoso e em formato diferenciado torna a experiência ainda mais forte, fazendo o leitor se apaixonar pela história do capitão Ahab e seus marinheiros. Aliás, a caracterização de Ahab e o desenvolvimento do personagem fazem dele um dos indivíduos mais sombrios a surgirem nas páginas de uma história em quadrinhos nos últimos anos, com absoluta certeza.
Sem sombra de dúvida, Moby Dick de Chabouté é um dos melhores títulos de quadrinhos publicados no Brasil este ano. Uma HQ excelente, indicada para todo apreciador de uma boa história.
Abaixo estão dois vídeos do próprio Pipoca & Nanquim que ajudam a entender melhor todo o significado de Moby Dick e sua importância para a literatura:
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