Quadrinhos: Guardiões do Louvre, de Jiro Taniguchi


Publicado no Brasil pela editora Pipoca & Nanquim, Guardiões do Louvre é um mangá que desconstrói o estereótipo associado aos quadrinhos japoneses e, ao mesmo tempo, também uma grande declaração de amor à arte.

O título, escrito e desenhado pelo cultuado Jiro Taniguchi (O Homem Que Passeia, Gourmet, O Livro do Vento), faz parte de uma série de títulos encomendada pela própria administração do Museu do Louvre, com o objetivo de contar as suas histórias e mostrar as maravilhas que o museu localizado em Paris abriga.

Na trama acompanhamos a trajetória de um artista japonês que está na capital francesa a passeio e acaba adoecendo. Enquanto se recupera, faz visitas diárias ao Louvre explorando as diferentes áreas e ambiente do museu. Taniguchi insere um onipresente elemento lúdico ao conduzir o seu protagonista por viagens por diferentes épocas temporais, proporcionando encontros com artistas como Van Gogh, Antoine de Saint-Exupéry e outros. Assim, somos apresentados ao universos criativos de cada um desses pintores e escritores, em um exercício imaginativo que contextualiza de maneira simples e efetiva suas criações.

Vale um grande destaque para os capítulos que contam como o Louvre conseguiu preservar o seu acervo durante a Segunda Guerra Mundial, em uma operação que transferiu a maioria de suas obras para lugares seguros e contou com a participação decisiva de inúmeros heróis anônimos.




A arte é esplendorosa, e fica ainda mais incrível devido ao formato da edição. Com 23 x 31,5 cm, 140 páginas, capa dura e papel couché, Guardiões do Louvre é o maior mangá já publicado no Brasil. O impacto de pegar a obra na mão transforma a leitura quase em uma experiência sensorial. As páginas ganham vida através do traço e das cores de Taniguchi, invariavelmente belas e repletas de detalhes. A fidelidade à arquitetura do Louvre e o realismo com que as obras apresentadas são retratadas são aspectos que demonstram não apenas o cuidado do autor com o seu trabalho, mas principalmente o amor pela arte que ele compartilha com os leitores.

Minha única crítica ao roteiro é a fragilidade do protagonista, que não possui um desenvolvimento mais profundo. Isso não me incomodaria se o mangá focasse apenas na exploração do rico universo artístico presente no Louvre, porém a história possui uma conclusão que coloca o protagonista em primeiro plano sem que isso tenha sido construído durante todo o seu desenvolvimento.

Apesar disso, Guardiões do Louvre é uma obra incrível e um título dono de uma beleza, tanto artística quanto lúdica, que impressionam. Mais um belo título que a Pipoca & Nanquim traz para o Brasil, e que soma ainda mais qualidade ao ótimo catálogo que a editora está construindo.



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