Ao apreciar álbuns clássicos, um pensamento que sempre me ocorre
é: qual foi a sensação dos ouvintes na época do lançamento? Será que possuíam a
noção de que estavam vendo a história ser escrita? Ou levou algum tempo para a
ficha cair?
Inicio esta resenha com essa reflexão pois o que temos em Gold &
Grey é uma daquelas maravilhas sonoras que nos fazem abrir um grande sorriso e
ter a certeza de que estamos diante de algo único e sublime, de uma obra que
vai marcar época e apontar novos caminhos dentro da música. Aqui o Baroness se
distancia ainda mais de qualquer classificação, trazendo de forma harmoniosa
estruturas e riffs que dialogam tanto com os trabalhos anteriores da banda
quanto com o que o Mastodon apresenta em Crack the Skye (2009), combinados à
texturas sonoras etéreas e viajantes. A inventividade da banda parece não ter
limites: há fortes elementos de progressivo e psicodélico ao longo das 17
faixas, bem como ecos de The Smiths, em “I'm Already Gone” e do antigo U2 em
“Pale Sun” – mas isso pode apenas ser um delírio meu.
O trabalho de produção de Dave Fridmann também é primoroso: o
peso, a distorção e a limpidez vem na
medida certa, de forma cirúrgica, realçando as atmosferas criadas pelo Baroness
e a alternância de riffs mais metálicos com outros que remetem ao progressivo e
até ao pós-punk. E Sebastian Thomson é um baterista que acrescentou em muito ao
som da banda, trazendo novas possibilidades, o que já podia ser visto em Purple (2015) e aqui salta ainda mais aos olhos.
Como nos álbuns anteriores do Baroness, as músicas de Gold &
Grey são marcadas por fortes doses de emoção, em momentos belíssimos como “Tourniquet”, “Throw Me an Anchor”, “Broken Halo”, “Borderlines” e na
linda balada “I'd Do Anything”.
Pode-se dizer que o novo trabalho aprofunda as possibilidades
criativas abertas por Yellow & Green (2012) e seus elementos progressivos e de rock alternativo,
combinando-os à sonoridade mais vigorosa e pesada de Purple. O resultado é de
cair o queixo: trata-se de uma banda no auge de seus poderes criativos,
apresentando uma série de canções que já nascem clássicas.
Dê um presente a si mesmo: ouça Gold & Grey. Seus ouvidos
agradecerão.
Por Pedro Junior da Luz Teixeira
A minha primeira sensação foi... decepção! Sentir todos os paradigmas de uma de suas bandas preferidas ser triturado não é um processo tão simples. Cada novo álbum do Baroness é um desafio para seus fãs.
ResponderExcluirConheci a banda no Blue e desde o lançamento de Yellow & Green venho sempre passando por basicamente as mesmas fases a cada novo álbum: decepção, estranhamento, reconhecimento e por fim, maravilhamento.
Com este Gold & Grey não foi diferente. Desde sexta feira passei por todas essas fases. A banda novamente me desafiou a entende-la e por fim, não poderia ter sido melhor recompensado. Passei de decepcionado à extasiado. Mais uma vez o Baroness trás um álbum acima da média.