Eddie, Diego e o “número 2”


Os últimos meses foram de grandes perdas em um ano de muitas perdas.

Eddie Van Halen faleceu em 6 de outubro após uma longa luta contra o câncer.

Diego Maradona partiu em 25 de novembro depois de sofrer uma ataque cardíaco.

Eddie tinha 65 anos. Maradona, 60.

Ambos já eram, em vida, ícones em suas áreas. Com a morte, transformaram-se naquilo que muitos já acreditavam serem quando os dois ainda estavam por aqui: figuras imortais.

Eddie e Diego também compartilhavam uma curiosa associação. Quando falamos de guitarra, Eddie Van Halen é apontado como um dos músicos mais inovadores, criativos e influentes da história. Para muitos, ele só fica atrás de Jimi Hendrix na cronologia do instrumento.

Já Maradona é considerado o autor do gol mais bonito de todas as Copas do Mundo – aquele em que ele dribla quase todo o time da Inglaterra em 1986 -, ganhou a Copa do México naquele mesmo ano quase sozinho, encantou o mundo com dribles impossíveis e performances que maravilharam milhões. Mas, ao falarmos do maior jogador de todos os tempos, quase sempre é citado abaixo de Pelé.

Eddie e Diego se tornaram referências para a mesma geração. Nós, os jovens que cresceram durante os anos 1980 e hoje estão na faixa dos quarenta e tantos anos.


Mas tanto Edward quando Dieguito eram, acima de tudo, humanos. Eddie teve momentos conturbados expostos ao público mostrando a sua dependência de álcool em imagens chocantes. Maradona foi pego em exames antidopings várias vezes, chocou os fãs com um peso descomunal para um atleta e passou por inúmeras internações. E foi esse lado da vida de ambos que ajudou a tornar dois artistas vistos como deuses em personagens mais próximos de nós, meros mortais.

Jimi Hendrix faleceu precocemente em 1970, com apenas 27 anos, desperdiçando um potencial que poderia mudar a música de maneira muito mais profunda do que já havia mudado. Pelé está com 80 anos e escreveu boa parte da história do futebol. Mas Eddie e Diego talvez tenham feito mais do que ambos justamente por serem pessoas como nós, com defeitos como os de seus fãs, mas que mesmo imperfeitos encantaram a todos com talentos únicos e que jamais serão esquecidos.

Eddie Van Halen foi o camisa 10 da guitarra, enquanto Diego Maradona foi o jogador mais rock and roll de todos os tempos.

Duas histórias sem igual. Duas vidas sem paralelo. Dois gênios incorretos. Dois ídolos eternos que esbanjavam alegria e que superam qualquer comparação simplista baseada em números.

Viva a música. Viva o futebol. Viva a vida.


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