Review: Concrete Blonde – Still in Hollywood (1994)


O Concrete Blonde é uma das melhores bandas do rock alternativo norte-americano. Formada em Los Angeles em 1982, permaneceu na ativa até 2012. Foram ao todo sete álbuns de estúdio, duas dezenas de singles, um duplo ao vivo, quatro coletâneas e um disco colaborativo ao lado dos Los Illegals.

Tendo como figura central a vocalista, baixista e compositora Johnette Napolitano, o Concrete Blonde nunca estourou comercialmente, porém formou uma base apaixonada de fãs, inclusive aqui no Brasil. A banda contava também com o ótimo guitarrista James Mankey e com o baterista Harry Rushakoff, substituído mais tarde por Paul Thompson, ex-Roxy Music.

Still in Hollywood é uma compilação de material inédito, b-sides, gravações ao vivo e covers lançada em 1 de novembro de 1994. Na cronologia do grupo é o sucessor do excelente Mexican Moon (1993), um dos melhores álbuns do trio. O material foi disponibilizado inicialmente em CD e k7, e ganhou uma reedição em LP duplo em 2017.

As 16 faixas servem como uma porta de entrada nada óbvia para o universo do Concrete Blonde. Há desde grandes hits como a própria “Still in Hollywood” (aqui com letra e título alternativo abrindo o CD), Free, “God is a Bullet” (em uma incrível versão ao vivo), “The Sky is a Poisonous Garden” (também ao vivo) e a versão estendida de “Bloodletting”, presente originalmente no álbum homônimo lançado em 1990. E a cereja do bolo: uma releitura acústica para “Joey”, maior hit da banda, e que aqui ganha outra dimensão através da interpretação repleta de feeling de Johnette.

Os covers são um capítulo à parte. “Everybody Knows” se apropria da canção de Leonard Cohen com absoluta autoridade. “Mandocello” vem direto do catálogo do Cheap Trick, enquanto “The Ship Song” resgata uma das pérolas do repertório de Nick Cave. A imortal “Little Wing”, de Jimi Hendrix, ganha uma de suas mais belas versões, enquanto “Simple Twist of Fate”, de Bob Dylan, recebe um ar sombrio que casa muito bem com sua letra.

Os b-sides trazem a maravilhosa e acústica “Probably Will”, uma das melhores músicas do trio, além de uma versão ao vivo incrível de “Roses Grow”, a levada de banjo da fofa “Side of the Road” e o pós punk pesadão de “100 Games of Solitaire”.

O disco fecha com outro de suas melhores faixas, uma gravação ao vivo para “Tomorrow, Wendy”, gravada originalmente pelo Wall of Voodoo mas que na versão do Concrete Blonde (presente no álbum Bloodletting) se transformou em um dos maiores hinos na luta contra a AIDS no início da década de 1990, com sua letra narrando os últimos dias de uma paciente terminal. Absolutamente arrepiante!

Para quem tem na coleção, Still in Hollywood vale uma audição a qualquer hora. Pra quem não tem, o álbum está disponível nos serviços de streaming. Em ambos os casos, o disco entrega música de altíssima qualidade e feita com o coração.


Comentários

  1. Confesso que não ouvi esse album, mas gosto bastante do Bloodletting e do Mexican Moon. A potência e o feeling vocal da Johnette são supremos mesmo. Recomendo "Caroline" e "Heal It Up", duas canções de arrepiar.

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