Review: The Troops of Doom – The Rise of Heresy (2020)


1987: integrante de uma das primeiras formações do Sepultura e presente no EP Bestial Devastation (1985) e no álbum Morbid Visions (1986), o guitarrista Jairo Guedz deixa a banda mineira e é substituído por Andreas Kisser.

2020: mais de trinta anos depois, Jairo retoma exatamente de onde parou e monta o The Troops of Doom ao lado do vocalista e baixista Alex Kafer (Enterro, Explicit Hate, Necromancer), do guitarrista Marcelo Vasco (Patria, Mysteriis) e do baterista Alexandre Oliveira (Southern Blacklist, Raising Conviction).

É claro que Jairo não ficou sem fazer nada durante todo esse período. Ele foi um integrante fundamental e gravou diversos álbuns com o The Mist e o Eminence, duas ótimas bandas, e também manteve contato e uma relação amistosa com os irmãos Cavalera. O The Troops of Doom nasceu da reunião de Guedz com Kafer em um show onde a dupla executou a clássica canção “Morbid Visions”. A experiência positiva motivou a formação da banda, que soltou seu primeiro EP em outubro de 2020.

The Rise of Energy vem com seis faixas, sendo quatro delas canções inéditas e duas versões para clássicos da fase inicial do Sepultura, época em que Jairo fazia parte da banda. As novas canções dão sequência ao que o Sepultura fazia em seus primeiros anos, aquele som que é uma mistura entre thrash e death metal, direto ao ponto e com algumas sutis doses de groove. “Whispering Dead Words” não soaria deslocada em Arise (1991), enquanto “Between the Devil and the Deep Blue Sea” retoma a influência de Slayer da fase inicial da banda mineira. “The Confessional” é a mais cadenciada das quatro e remete ao thrash metal old school. “The Rise of Heresy”é uma cacetada, com agressividade, mudanças de andamento e violência sonora que contagiam.

Em relação aos covers, a banda dá finalmente tanto à “Bestial Devastation” quanto à “Troops of Doom” uma gravação decente e que mostra o quão excelentes eram essas canções quando foram lançadas originalmente em meados dos anos 1980, evidenciando o quanto o Sepultura estava na mesma página de grupos então contemporâneos e que iriam mudar o curso do heavy metal assim como o quarteto mineiro fez – nomes como Death e o próprio Slayer vem correndo à mente. As versões são perfeitas e sensacionais.

Alex Kafer possui um timbre semelhante ao de Max dos primeiros discos, o que intensifica ainda mais a associação com o Sepultura. O baterista Alexandre Oliveira é uma avalanche, com um trabalho primoroso. E a união das guitarras de Jairo Guedz e Marcelo Vasco, dois músicos reconhecidos pela técnica e criatividade, é a cereja do bolo que torna a música do The Troops of Doom recomendadíssima para quem curte um death/thrash sem fescuras.

Menção para a capa, que coloca o demônio presente na arte de Bestial Devastation no centro de um universo sombrio.

O The Troops of Doom entregou um ótimo EP de estreia, onde mostra força para produzir discos ainda melhores nos próximos anos. Um ótimo retorno de Jairo Guedz e uma ótima peça que dá sequência ao período mais extremo de uma das maiores e mais influentes bandas da história do metal.

Comentários

  1. Muito bom. Simples e direto. Uma boa amostra do que poderá vir da banda caso sigam em frente e criem mais músicas. Uma ótima e nostálgica surpresa.

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