Livro: Ninguém Sai Vivo Daqui, de Jerry Hopkins e Danny Sugerman (2021, Belas Letras)


Fui apresentado aos Doors pelo filme de Oliver Stone, lançado em 1991 e que trouxe Val Kilmer em uma ótima interpretação de Jim Morrison. A banda, e especialmente Morrison, tiveram grande influência sobre mim. As músicas, as letras, as histórias e a atmosfera que cercava toda a mitologia do quarteto natural de Los Angeles impactaram profundamente uma fase importante da minha vida, quando havia saído da adolescência e dava os primeiros passos na casa dos vinte e poucos anos.

Mais tarde, descobri que o filme de Stone foi inspirado no livro Ninguém Sai Vivo Daqui, biografia de Jim Morrison escrita pela dupla Jerry Hopkins (autor de diversas outras obras sobre a vida de rockstars) e Danny Sugerman (assessor da banda e amigo pessoal de Jim). Apontada como uma das grandes biografias da história do rock, o livro foi publicado originalmente em 1980, e agora em 2021 ganhou uma nova edição brasileira pela editora Belas Letras. Com 440 páginas e tradução de Renato Rezende, trata-se do documento definitivo sobre a trajetória de James Douglas Morrison.

Com proximidade e propriedade, o livro de Hopkins e Sugerman mergulha na mente de Morrison, um dos artistas mais intensos que o rock já conheceu, e que se transformou em uma lenda justamente por isso. A transparência e sinceridade com a qual o vocalista desnudava seus medos, sonhos e traumas nas letras dos Doors levaram à identificação quase que instantânea com os milhares de jovens que viviam a liberdade total e a contestação de limites da geração Flower Power. A emblemática “The End”, por exemplo, onde Jim Morrison canta que quer matar seu pai e transar com sua mãe, é um dos maiores exemplos disso.

Dividido em três grandes capítulos – O Arco é Retesado, A Flecha Voa e A Flecha Cai -, Ninguém Sai Vivo Daqui entrega uma experiência de leitura pra lá de intensa. O desejo de viver a arte em sua plenitude, o mergulho nas drogas, a submersão no álcool, a conturbada relação familiar, a relação com os demais músicos e toda a repercussão da curta duração do The Doors é apresentada sem pudores. Inclusive sua morte, com os autores levantando a teoria de que Morrison poderia (e inclusive já havia externado esse desejo a amigos próximos) ter forjado a overdose que o matou em Paris no dia 3 de julho de 1971.

Ilustrado com várias fotos e contando com um texto excelente, Ninguém Sai Vivo Daqui ganhou uma edição super caprichada da Belas Letras, e o resultado é um livro muito bonito graficamente falando, da capa às páginas internas.

O The Doors caminhou pela tempestade guiado pelas mãos de Jim Morrison. E nós, leitores, somos apresentados aos efeitos dessa jornada em um livro que só cabe em um adjetivo: espetacular!

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