Os discos que mudaram a vida de Andreas Kisser


O guitarrista do Sepultura conversou com a Metal Hammer e revelou quais foram os dez discos que mudaram a sua vida. Uma matéria bem legal e que mostra não só algumas das grandes influências de Andreas Kisser, mas também aproxima ainda mais o guitarrista de seus fãs, já que a sua história e relação com os álbuns é bem próxima daquilo que nós sentimos ao ouvir esses discos.

Queen – A Night At The Opera (1975)

Este foi o primeiro LP que comprei. É uma obra-prima, mesmo para os padrões de hoje! “Bohemian Rhapsody” está nesse álbum, e tem também “Love of My Life” – é perfeito! Todos os quatro membros eram compositores, então é um disco muito diversificado, mas ao mesmo tempo eles soam como uma banda. Mudou a minha vida porque foi especificamente esse disco que me levou nessa direção e me fez querer entrar em uma banda.

Kiss – Alive II (1977)

Minhas próximas duas escolhas são álbuns ao vivo. Eu só podia sonhar em estar em um desses shows, porque cresci em São Paulo nos anos 1980 e era muito, muito raro, grandes bandas tocarem no Brasil naquela época! Meu vizinho tinha o Alive II e foi muito poderoso ouvir a performance do Kiss. Eu também amo o quarto lado, que traz as canções de estúdio. São ótimas músicas, que infelizmente eles ignoram. É realmente raro a banda tocar algumas dessas canções.

Motörhead – No Sleep ‘Til Hammersmith (1981)

Ouvi muitas músicas do Motörhead pela primeira vez no No Sleep 'Til Hammersmith, e elas tem uma aura única. Ouça a multidão rugir! Era uma multidão tão masculina, tão poderosa. Claro, tem histórias que eles gravaram em estúdio, ou fizeram overdubs e tal, mas eu não ligo para isso. Não importa. Soa do jeito que soa e é isso que é importante.

Black Sabbath – Paranoid (1970)

Escutei Paranoid na casa de um amigo durante aquela que foi a minha primeira tentativa de começar uma banda. Seu irmão mais velho tinha uma bateria, uma guitarra e uma coleção de discos. A primeira vez que ouvi “War Pigs”, me surpreendeu! Eu não sabia que o silêncio era permitido na música, ele cria uma expectativa quase insuportável. E escutei a faixa “Paranoid” em loop por horas. Foi tão melódico!

Iron Maiden – The Number of the Beast (1982)

“The Number of the Beast” foi um dos primeiros riffs que aprendi. Me senti tão poderoso! E nós éramos metalheads, amamos a capa do álbum. Mas me lembro da primeira noite em que o peguei, tive que colocar o álbum na minha gaveta porque estava com medo de Satanás. Eu era adolescente, mas estudei em uma escola católica. Porque eram coisas da Bíblia – Apocalipse, 666 – tudo parecia uma história verdadeira.

Judas Priest – British Steel (1980)

British Steel foi muito importante porque me deu a oportunidade de tocar a música do Judas Priest. Era bastante simples e, ao mesmo tempo, poderoso! Você podia sentir o poder por trás dos acordes. Se você quer aprender a tocar a guitarra do heavy metal, é um ótimo começo. Se você quer definir o metal, então British Steel é o que importa. O Judas Priest nunca teve vergonha de ser uma banda de metal, como o Deep Purple e o Black Sabbath tiveram.

Scorpions – Blackout (1982)

Em 1985 aconteceu o Rock In Rio e veio o Scorpions. Lembro-me de assistir a vídeos deles enlouquecendo no palco, em todo lugar! Não há banda igual. Eu estava tão animado para ver isso pela primeira vez. Blackout realmente representa o que os Scorpions são na minha opinião: a guitarra muito crua e até as baladas. É tudo de melhor que o Scorpions tinha a oferecer. E a capa! Para um fã de metal, essa capa é muito importante.

Metallica – Ride the Lightning (1984)

Ouvi o Kill 'Em All e não gostei. Eu não gostava da vibe punk. Gosto mais de Dio, Ozzy, solos de guitarra, fantasia, Rainbow! Ride the Lightning soou como uma banda diferente para mim. O Metallica se tornou muito mais refinado, com músicas como “The Call of Ktulu” e “Fade to Black”. “Fight Fire With Fire” é uma obra-prima! É realmente difícil superar isso como abertura para um álbum de thrash.

Slayer – Hell Awaits (1985)

Lembro-me de ouvir a introdução de “Hell Awaits” no carro de um amigo, e não podíamos acreditar que esse tipo de peso fosse possível. É um álbum muito único, diferente de Show No Mercy e Reign In Blood. Parecia uma fase de transição onde o Slayer estava tentando ser mais técnico, como o Metallica estava fazendo com o Ride the Lightning. Todas as bandas de thrash estavam indo nesse caminho.

Anthrax – Spreading the Disease (1985)

Spreading the Disease mostrou que você pode fazer mais com menos. Você não precisava ser como o Deep Purple, com teclados e grandes estruturas musicais. Bandas de thrash poderiam ter sucesso com poucas coisas enquanto tocavam em suas garagens. Foi inspirador. Nós nem sabíamos inglês, mas não nos importamos. Escrevemos em português e depois um amigo traduziu. Spreading the Disease também influenciou os temas abordados nas letras de Schizophrenia: paranoia, hospício, doenças mentais.


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