Quando o Venom ficou mais técnico e surpreendeu os fãs


Escrever sobre um álbum clássico é muito diferente de analisar um lançamento. O distanciamento proporcionado pelo tempo cristaliza algumas ideias pré-concebidas, derruba outras, constrói mitologias, enfim, nos entrega uma vasta história entre o lançamento original do disco e a nossa realidade atual.

At War With Satan (1984) foi o terceiro trabalho lançado pelo Venom. Antes dele, os ingleses haviam colocado no mercado os discos Welcome To Hell em 1981 e Black Metal em 1982. O álbum apresenta algumas diferenças em relação aos seus antecessores. Pra começar, é conceitual. Em segundo lugar, sua faixa principal, e que dá nome ao trabalho, é um épico com quase vinte minutos, repleto de mudanças de andamento, com uma sonoridade que aproximava-se do nascente thrash metal, explorando um caminho até então inédito para o Venom, que primava por canções mais cruas e diretas. Essa música se transformou em um clássico não só da carreira da banda, mas de todo o black metal como gênero musical.

Além dela, canções como “Genocide”, “Cry Wolf” e “Women, Leather And Hell” mostram o poder de fogo que o trio Cronos (vocal e baixo), Mantas (guitarra) a Abaddon (bateria) possuíam naquela época, e que ainda daria ao mundo mais um clássico do metal extremo, Possessed, lançado em 1985.


A edição avaliada, relançada pela Dynamo Records em CD no mercado brasileiro no início da década de 2000 juntamente com diversos outros discos do Venom, veio com oito faixas bônus, com destaque absoluto para as clássicas “Warhead”, “Lady Lust”, “The Seven Gates Of Hell” e “Manitou”. Além disso, o fã irá encontrar um encarte repleto de informações a respeito do álbum e da carreira do Venom, em um texto escrito pelo jornalista inglês Malcolm Dome, infelizmente já falecido.

At War With Satan é um dos álbuns mais importantes, influentes e ousados de toda a história do metal. Com ele, o Venom provou que poderia trilhar caminhos mais intricados em sua música sem abrir mão do peso e da agressividade, suas maiores características.

Mantas deixaria a banda em 1985, retornaria em 1989, sairia novamente em 1992 e voltaria para o grupo entre 1995 e 2002. Já Abaddon sairia em 1992 e retornaria em 1995, permanecendo até 1999. Após isso, o Venom alternaria inúmeros músicos em sua formação e se tornaria um dos maiores feudos da música pesada, com disputas homéricas entre Cronos e Mantas pelo direito de usar o nome da banda. Tudo isso fez com que tenhamos hoje dois Venoms nos palcos: a banda liderada por Cronos, que manteve o nome original, e a banda liderada por Mantas, chamada Venom Inc., ambas na ativa.

Independente de disputas, o legado do Venom é gigantesco dentro do metal extremo e nunca será apagado.


Comentários

  1. Embora At War With Satan recebera atenção menor que os discos anteriores, é uma preciosidade inegável. Até hoje está dentre os meus preferidos, já que foi minha banda predileta na adolescência.

    Sobre a separação da banda... acho que é como dizem: ˜melhor dois Venoms que nenhum˜.

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  2. Venom é clássico demais. Explodiu mais ou menos na mesma época que o Metallica... lembro bem que na época todo mundo queria ter o Kill &m All e o Black Metal. At War with Satan foi um divisor de águas.

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