Review: Motörhead – Sacrifice (1995)


Lançado no final de março de 1995, Sacrifice foi o último álbum do Motörhead com o guitarrista Michael “Würzel” Burston, que faleceu em 2021. Würzel permaneceu durante onze anos na banda, período em que gravou seis discos ao lado de Lemmy Kilmister e companhia. 

Produzido por Howard Benson (Sepultura, Body Count, My Chemical Romance) com a coprodução de Ryan Dorn e a própria banda, Sacrifice é um dos álbuns mais pesados do Motörhead e deixa disso claro já com a música de abertura, que batiza o trabalho e traz um trabalho de bateria monstruoso de Mickey Dee. Uma das melhores canções de todo o catálogo do Motörhead e uma pérola a ser redescoberta. O disco segue em alto nível com outras excelentes faixas como “Over Your Shoulder”, “War For War”, “Order/Fade to Black”, “All Gone to Hell”, “Make ‘Em Blind” (com Dee mostrando serviço mais uma vez, agora com uma batida torta que conduz a canção e dá a ela um muito bem-vindo clima tribal que casa muito bem com a voz rouca característica de Lemmy), “Don’t Waste Your Time” (com direito a um pianinho safado e a um inusitado saxofone) e o encerramento com “Out of the Sun”, mas todo o tracklist agrada, sem canções desnecessárias.

É impossível falar de Sacrifice e não citar a sua capa, uma das mais marcantes da discografia do Motörhead e que traz a ilustração de um órgão sexual masculino retratado como a língua da caveira símbolo da banda. A obra é de Joe Petagno, artista norte-americano que teve uma longa colaboração com o Motörhead e assinou também capas de bandas como Black Oak Arkansas, Nazareth e Krisiun, entre muitas outras. 

O Motörhead alcançou o status merecido de lenda, intensificado ainda mais após a morte de Lemmy, em 2015. No entanto, é daquelas bandas que parece ter apenas um número reduzido de álbuns efetivamente reconhecidos como clássicos ou muito bons, e nesse sentido podemos citar trabalhos super cultuados como Overkill (1979), Ace of Spades (1982) e 1916 (1991). Porém, a banda possui vários outros discos tão bons quanto e que merecem muito mais reconhecimento, e Sacrifice é um deles.

Vale citar que o álbum estava fora de catálogo no Brasil há quase trinta anos, o que foi corrigido em 2024 com o lançamento de uma bela edição em digipack pela Wikimetal/BMG, com encarte de dezesseis páginas trazendo todas as letras e incluindo textos a respeito do álbum.

 


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