Vinil: encontrando pepitas pelo caminho

Como escrevi nesse texto, quem coleciona LPs está sempre atento e na caça de novos itens interessantes para o seu acervo. O garimpo de vinil nunca acaba. E é recompensador quando topamos com verdadeiras pepitas pelo caminho.

Foi o que aconteceu comigo essa semana. Fuçando em um sebo de discos aqui em Florianópolis, encontrei três itens que colocaram um sorriso imenso no meu rosto. O primeiro deles foi a primeira prensagem alemã do terceiro disco do Rainbow, Long Live Rock ‘n’ Roll, lançado em 1978. Encontrei essa pepita em perfeito estado de conservação. A capa com alguns pequenos sinais da passagem do tempo, o que imprime ainda mais charme à peça. E o vinil, que é o que importa, está como novo. O som é divino, vindo de um LP produzido pela Polydor e que dá mais profundidade a maravilhas como a faixa-título e, principalmente, a fenomenal “Gates of Babylon”. O legal é que a edição tem a capa dupla original - a chamada gatefold -, com a clássica foto do público segurando uma faixa com o título do álbum. Já foi direto para o posto de um dos itens mais legais que tenho em minha recém ressuscitada coleção de LPs, que hoje conta com aproximadamente uma centena de títulos. O preço? R$ 60.

A próxima jóia foi uma edição japonesa do sexto trabalho do Rush, Hemispheres, também de 1978. Essa sim está literalmente como nova, como se tivesse saído de uma loja naquela época, viajado no tempo e pousado em minhas mãos. Capa em estado de nova, disco brilhando. Coisa linda! A única ausência é o obi, aquela tira de papel comum aos discos produzidos no Japão e que vem com um texto em japonês com informações sobre o título. Tem colecionadores que dão mais grana por um item com obi, mas para mim não faz a menor diferença. O legal é que, como todo item vindo da terra do sol nascente, esta edição de Hemispheres possui requintes de crueldade. O papel em que a capa foi impressa é mais grosso e duro do que aquele que encontramos em geral nos LPs, dando uma solidez incrível para o conjunto. Também com capa gatefold, possui uma foto da banda na capa interna, os títulos das faixas e os créditos. O LP tem o selo da Mercury, é ligeiramente mais pesado que os LPs comuns e tem uma sonoridade absolutamente incrível, com um som cristalino capaz de dar outra dimensão às composições do Rush. Isso fica especialmente evidenciado em “La Villa Strangiato”, faixa que fecha o play, e que nesta edição soa ainda mais alucinante. Pra fechar o pacote, um encarte simples com todas as letras em japonês. Tudo isso também por honestos R$ 60.

E, a última das joias, Concerto for Group and Orchestra, do Deep Purple, em um LP alemão. Este item tem, na capa, a logo da gravadora Fame impresso discretamente, enquanto o selo interno do LP é da Harvest. Não consegui precisar de que ano é essa prensagem, mas o fato é que ela também soa muito bem. Nunca havia possuído o Concerto em um disco original, seja ele CD ou LP, então fiquei muito contente em encontrá-lo pelo caminho. Fazia também décadas que não o escutava - ouvi na adolescência, pra falar a verdade, quando estava descobrindo o Purple -, e hoje ele me soa bem diferente daquela época. É, indiscutivelmente, o ponto de transição entre o Purple inocente e quase juvenil dos primeiros anos e o monstro pesado que surgiria na década de 1970. Sem encarte, apenas com um envelope de papel com outros títulos da gravadora Fame onde é possível guardar o disco dentro. Capa como nova, incrivelmente conservada, e o disco também brilhando. Tudo por míseros R$ 30.

Três novos itens que já chegaram e foram direto para lugares de destaque na estante. Três novos itens que não estava procurando, mas que, ao bater o olho, não pude deixar passar. Três novos itens que realçam a magia que o vinil possui, nunca perdeu e jamais perderá.

Vamos ver quais serão os próximos títulos que encontrarei pelo caminho.


Por Ricardo Seelig
Foto do topo: Dust & Grooves

Comentários

  1. Putz, que bacana! Adoro quando encontro em sebos raridades assim. Ontem passei a tarde na Sebo do Messias, famosa no centro de Sampa. Eles tem um acervo imenso de lp's, mas muitos comuns. O que achei de interessante foi o Lp Virgin Killers do Scorpions, edição americana por R$40, o Hell Awaits do Slayer, versão brasileira, pelo mesmo preço e a trilha sonora do filme Amadeus, em lp duplo por R$7. Não levei nada...

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  2. Pelo jeito Florianópolis tem preços melhores... e bons sebos...os de Jundiaí tem vinis em péssimo estado e com preço não condizente com a condição do mesmo

    Essas peças aqui em São Paulo custariam de 30 a 100% mais caras...dependendo o lojista...se bem que se fosse na baratos e afins...talvez seriam 200% mais caras

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  3. Também acho que a Baratos e Afins está exagerando nos preços. Ontem estive por lá e fiquei abismado co os preços. Discos normais, nacionais, que se encontram normalmente estão acima de R$50. O Black Album do Metallica, versão nacional está mais de R$100 Oo.

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  4. Podia ter um texto explicando o que é a estratégia do record story day .. e os artistas gravando músicas e EPs pro evento.

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  5. Tem discos caros aqui também. O negócio é procurar. Mas irrita encontrar edições nacionais detonadas nas lojas por preços acima de R$ 80. Isso não dá.

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  6. Ricardo, você bem que poderia fazer uma matéria indicando os principais sebos e lojas de CDs/LPs de Floripa. Acho que seria bem legal. Ajudaria-me bastante já que costumo ir a Florianópolis algumas vezes e conheço pouco a cidade.

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  7. Ricardo, quais são suas dicar para iniciar uma coleção? Os aparelhos mais indicados, os cuidados, etc?

    Abraço!

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  8. eu também encontrei duas pepitas esta semana: ELECTRIC FLAG the band kept flaying de 1974 um disco espetacular rock de primeira e BLOOD SWEAT & TEARS segundo disco da banda chamado blood sweat & tears.

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  9. Aqui em Floripa, vou na Roots Records (na Felipe Schimidt), na Elemental Livros (próxima à Praça XV) e na Banca do Seu Lima (em frenta à Praça XV). Se souberem de outras lojas aqui, me avisem.

    E quando pinta Feira do Vinil, a passada é obrigatória.

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  10. indico em sampa, a locomotiva discos, lps com otimos preços. recomendo esta sendo a amelhor loja de sao paulo.baratos afins tem barato so no nome.

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