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Artisticamente, Hot Rats marca uma mudança considerável na carreira de Zappa. Após gravar os álbuns Freak Out! (1966) e We're Only in It for the Money (1968) ao lado de sua banda Mothers of Invention (ambos frequentemente citados como alguns dos maiores clássicos da história da música, mas, paradoxalmente, discos que não alcançaram um grande número de vendas), Frank Zappa estava em uma situação financeira delicada.
Diz a lenda que, em uma passagem por sua gravadora, a Reprise Records (que hoje pertence ao grupo Time/Warner), Zappa presenciou Duke Ellington, um dos maiores músicos da história do jazz, implorando um adiantamento de meros 10 dólares para os executivos da Reprise e não ser atendido. Esse fato chocou de tal maneira o guitarrista que ele tomou uma decisão radical e rompeu definitivamente os seus laços com a gravadora. Assim, os Mothers of Invention foram dissolvidos, e Zappa foi à caça de novos músicos para o seu novo grupo. Os escolhidos foram os violinistas Don "Sugarcane" Harris e Jean-Luc Ponty, o tecladista Ian Underwood e o chapa de longa data Don Van Vilet, o lendário Captain Beefheart.
Assim nasceu Hot Rats, um disco quase totalmente instrumental (a exceção é “Willie the Pimp”, com os vocais característicos e chapados de Beefheart), onde todas as seis faixas foram compostas por Zappa. Estilisticamente, suas músicas estão muito próximas do jazz, com estruturas mais soltas e que se assemelham a inspiradas jams entre os músicos.
Hot Rats abre com “Peaches En Regalia”, uma das canções mais conhecidas de Zappa e presença quase obrigatória nos set lists dos shows de 1969 em diante. “Peaches En Regalia” dá a pista da exuberância instrumental que o ouvinte encontrará no trabalho. Com pouco mais de três minutos, é uma obra compacta e concisa, direta ao ponto, um petardo na cabeça da então já decadente geração flower power. Seu ataque furioso, demostrando a técnica estonteante de Zappa, Harris, Ponty e Underwood, até hoje soa impressionante, fazendo qualquer pessoa que goste de música e não a conheça parar, respirar fundo e perguntar que diabos está acontecendo.
Apesar da popularidade de “Peaches En Regalia”, pessoalmente prefiro outras faixas de Hot Rats. “Willie the Pimp” é uma delas. Sob um riff mezzo rock mezzo blues, Captain Beefheart coloca seu vocal característico, que introduz um dos melhores solos gravados por Frank Zappa, com mais de sete minutos de duração. Zappa usa magistralmente o wah-wah em uma explosão sonora que faz sua guitarra soar como várias em uma só.
O arranjo peculiar de “Little Umbrellas”, calcada em uma linha de baixo sob a qual os demais instrumentos evoluem, soa estranho a princípio, mas é uma daquelas faixas que quanto mais você ouve, mais você curte.
Hot Rats nos reserva ainda mais um ápice musical com a incrível “The Gumbo Variations”, um rhythm and blues peculiar que serve de cama para performances arrebatadoras de Frank Zappa, Ian Underwood e Don "Sugarcane" Harris. Ouvir seus quase treze minutos de duração é uma experiência única e que deveria ser recomendada para toda e qualquer pessoa que tem a música como um dos elementos principais da sua vida.
Encerrando, uma curiosidade histórica: a figura da capa de Hot Rats até hoje é apontada por muitos como o próprio Frank Zappa, mas na verdade é Christine Frka, uma das integrantes do grupo de groupies que seguia Zappa e sua banda, as G.T.O.'s – Girls Together Outrageously. A foto, com Christine esperando na surdina dentro de uma piscina, foi tirada em uma mansão de Beverly Hills, e não deixa de ser uma metáfora para o que Hot Rats faz com o ouvinte: o pega de surpresa, no susto, e o leva a uma viagem fantástica, da qual ele jamais se esquecerá.
Faixas:
A1. Peaches en Regalia - 3:58
A2. Willie the Pimp - 9:25
A3. Son of Mr. Green Genes - 8:58
B1. Little Umbrellas - 3:09
B2. The Gumbo Variations - 12:55
B3. It Must Be a Camel - 5:15
Por Ricardo Seelig
B2. The Gumbo Variations - 12:55
B3. It Must Be a Camel - 5:15
Por Ricardo Seelig
Eu tenho o Hot Rats em CD remaster embalado em uma caixinha roxa. É de fato um disco muito rico, mas foi muito remixado com trechos bem diferentes comparados ao vinil.
ResponderExcluirrapaz,discasso e não sabia que o Ponty tocava nesse album
ResponderExcluirabraços
Hot Rats é um discaço. Clássico absoluto. Tenho em CD. Minhas preferidas são Peaches en Regalia (que obviedade) e Son of Mr. Green Genes.
ResponderExcluirAquilo é uma mulher ? PQP ! Até o Frank Zappa que era feio, merecia groupies melhores kkkkkk
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirClássico.
ResponderExcluirFrank Zappa é um dos artistas mais completos da cena musical em todos os tempos, porém, dada dua versatilidade, é esquecido por muita gente. Esse disco é animal demais! Valeu pela resenha e por resgatar essa pérola!
ResponderExcluirWillie The Pimp é a minha favorita do disco!
ResponderExcluirNada menos do que fabuloso. Zappa is god!
ResponderExcluirEis ai um disco que eu gosto e muito e que me faz lembrar da Collector's Room e me dá também um motivo para visitar o site.
ResponderExcluirJá li e reli umas cinco vezes ouvindo o disco e pretendo fazer isso mais uma porrada de vezes. Parabéns para o autor,pois os textos apresentados aos leitores estão cada vez melhores, ou seja, mais maduros.
ZAPPA é um exemplo de determinação e trabalho bem feito. Uma Lenda. Hot Rats foi a guinada para a excelencia!!!!
ResponderExcluirAnselmo
minervapop.com
Sensacional disco. No entanto, meu trabalho preferido do Zappa permanece sendo "Freak Out!", até o momento.
ResponderExcluirPenso que esse trabalho, pelo ano, 1969, é tão importante quanto hendrix.
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