Best of 2010: os melhores discos do ano segundo Maurício Ângelo, editor do site Movin' Up!

Conheci o Maurício Ângelo alguns anos atrás, quando nós dois fazíamos parte da equipe do Whiplash. Desde o início sempre admirei o seu trabalho, principalmente pelo fato de ele não se limitar ao heavy metal e ter a capacidade de entender que existe música boa em todos os estilos musicais – exatamente o que eu penso.

Com o tempo, trilhamos caminhos diferentes. Enquanto eu criei a Collector´s, o Maurício iniciou um belíssimo site chamado Movin' Up, onde fala de música com a propriedade de quem manja do assunto.

Por tudo isso, delicie-se com a lista de melhores discos de 2010 feita pelo Maurício, uma das novas e principais cabeças pensantes do jornalismo musical brasileiro, e veja que a música segue viva e forte, como sempre.

Arcade Fire - The Suburbs

É, eles conseguiram de novo. The Suburbs consegue soar fresco e equilibrado, fugindo do clima de apocalipse messiânico do seu ótimo antecessor. É mais solar do que qualquer coisa que eles fizeram antes. E tem jóias como "Ready to Start", "Month of May", "Half Light I" e “Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)”, a “Heart of Glass” do século XXI.

Big Boi - Sir Lucious Left Foot: The Son of Chico Dusty

Demora, mas parece que sempre que algum integrante do Outkast lança algo, o resultado mostra o quão acima da média eles estão da maioria do hip-hop atual. The Son of Chico Dusty é o melhor álbum de hip-hop de 2010 (sorry, Kanye), candidato a ser lembrado por muitos anos. Extremamente variado e rico, não cai em vícios comuns, não busca ser moderno além da conta e é repleto de inteligência melódica e ótimas sacadas.

Roky Erickson with Okkervil River - True Love Cast Out All Evil

A junção de uma lenda que ficou 17 anos longe dos estúdios com uma banda dos anos 00 com belos discos no currículo. Erickson passou por um inferno sem fim nesse tempo, lutando contra problemas psicológicos e uma saúde mental pra lá de conturbada. O resultado é um tratado de melancolia como poucos podem criar. Cortante, pungente e autêntico.

Foals - Total Life Forever

Com boas influências na bagagem, o Foals é indie rock/new wave de gente grande feito por um bando de moleques. Total Life Forever é pelo menos tão bom quanto seu antecessor, Antidotes, de 2008.

Sharon Jones and The Dap-Kings - I Learned the Hard Way

Por mais que sejam de estilos diferentes, cantoras negras como Erykah Badu, M.I.A, Corinne Bailey Rea, Janelle Monae e Sade não me empolgaram tanto com seus trabalhos em 2010. Sharon Jones salva a honra e faz seu melhor álbum com os The Dap-Kings. Pepita pura!

Labirinto - Anatema

Melhor disco nacional do ano, disparado! Uma carta de intenções mergulhada em influências estupendas como Godspeed You! Black Emperor e até Bathory. Trabalho de anos, burilado com o máximo de cuidado e talento. Produzido pela própria banda e mixado por Greg Norman, referência do post-rock, no estúdio de Steve Albini (Shellac, produtor de Nirvana, Pixies, Neurosis, Mogwai, Stooges) em Chicago. Belíssimo disco com centenas de detalhes. Pra ouvir com fone de ouvido, se deliciando. E ainda tá pra download grátis!

Mike Patton - Mondo cane

Disco tão improvável quanto genial: covers de música pop italiana dos anos 50 e 60 interpretadas por Mike Patton e uma gang de 65 pessoas? O resultado é espetacular.

The Black Keys - Brothers

Que PUTA álbum! Blues rock azeitado e genuíno de uma banda dos anos 00 como há tempos não se via. "Tighen Up" e "Howlin' For You" são apenas duas delícias de uma coleção de músicas redondas e poderosas.

Spoon - Transference

Vale a pena se despir de qualquer ranço que você tenha com o "rock alternativo" e conferir Transference, lançado em janeiro e lembrado por pouca gente. Com discos honestos desde 1996 e com no mínimo um clássico moderno no currículo - Girls Can Tell, de 2001 - Transference é o primeiro em que eles mesmo botaram a mão na produção. E fizeram bonito. Muito consistente, mescla um rock classudo com a melhor pegada de várias épocas e o punch ainda fresco.

Paul Weller - Wake Up the Nation

22 Dreams foi um dos melhores discos da última década. Wake Up the Nation nunca é tão bom quanto, mas a carreira solo de Paul Weller (ex-líder do The Jam, monstro punk) é absolutamente sólida. Weller não erra a mão, nunca. E soa tão inspirado quanto nos anos 70.