Nota:
8,5
O
Coldplay soa renovado em Mylo Xyloto. Quinto álbum do
quarteto, o disco traz uma banda menos messiânica e com uma saudável
dose de alegria e otimismo. O desejo de ser o novo U2 ou uma versão
mais pop do Radiohead parece ter ficado para trás. O resultado é um
álbum que, ainda que guarde ligações com o passado, aponta para um
futuro surpreendente.
Provavelmente,
a principal razão para essa mudança esteja na participação maior
dos demais músicos – Jon Buckland (guitarra), Guy Berryman (baixo)
e o subestimado Will Champion (bateria) – no processo de
composição. Essa descentralização faz com que as principais
características de Chris Martin – as melodias grandiosas, os
arranjos pomposos – estejam mais contidos, equilibrados por um
bem-vindo tempero pop. A banda não conseguiu retornar à sonoridade
dos dois primeiros álbuns – Parachutes (2000) e o soberbo A
Rush of Blood to the Head (2002) -, mas isso, pensando bem, nem
seria necessário. Ao invés dessa escolha, o grupo soube equilibrar
as principais qualidades desses dois discos – as melodias
inspiradas adornadas pela instrumentação básica, às vezes quase
minimalista – com o que de melhor havia em seus trabalhos mais
recentes – X&Y (2005) e Viva la Vida or Death and All
His Friends (2008).
Dessa
maneira, ao mesmo tempo em que somos brindados com pequenas jóias
pop como “Hurts Like Heaven” - com um agradável tempero
oitentista – e “Every Teardrop is Waterfall”, há um clima que
traz de volta o que o Coldplay fez de melhor em sua carreira em
faixas como “Major Minus” e “Charlie Brown”, onde
instrumentos acústicos constróem a base sobre a qual arranjos
cirúrgicos de desenvolvem sem exageros.
No
meio disso tudo, a banda entrega, como sempre, composições que tem
como elemento principal a melodia, essa característica tão em
falta no pop atual. E é por essa razão que o Coldplay cativa tanto.
Em um mundo onde as batidas do rap são onipresentes e o ritmo puro e
simples é o desejo de todos, o Coldplay investe em algo “fora de
moda”: a construção de harmonias e belas melodias. Um exemplo
disso é a bonita “Paradise”, uma faixa que, apesar de soar um
tanto exagerada em alguns momentos – principalmente no “ôôô”
do refrão -, emociona.
Há
grandes momentos em Mylo Xyloto. “Us Against the World”
remete a A Rush of Blood to the Head. “Up with the Birds”,
colaboração da banda com Leonard Cohen, fecha o disco com destaque.
As já citadas “Hurts Like Heaven”, “Every Teardrop is
Waterfall”, “Major Minus”, “Charlie Brown” e “Paradise”
são garantia de satisfação.
A
única coisa que soa deslocada em Mylo Xyloto é a
participação de Rihanna em “Princess of China”. A composição,
apenas mediana, sobreviveria bem sem a cantora, e a impressão que se
tem é que a sua inclusão é muito mais uma tentativa de promover o
álbum do que uma escolha artística.
Mylo
Xyloto é um CD muito bom. Nele, o Coldplay encontrou um
equilíbrio entre a sonoridade mais básica de seus dois primeiros
álbuns e a grandiosidade pretensiosa de seus mais recentes discos.
Dessa mistura saiu um trabalho muito interessante, que mostra que o
grupo ainda tem muitas cartas na manga.
Vale - e muito - o play!
Faixas:
- Mylo Xyloto
- Hurts Like Heaven
- Paradise
- Charlie Brown
- Us Against the World
- M.M.I.X.
- Every Teardrop is a Waterfall
- Major Minus
- U.F.O.
- Princess of China
- Up in Flames
- A Hopeful Transmission
- Don't Let It Break Your Heart
- Up with the Birds
Eu acabei de ouvir, antes de ler a crítica e só discordo realmente em relação a música com a Rihanna. Embora ela não seja lá a melhor do álbum, traz um pouco dessa moda de misturar artistas para criar algo que geralmente é desastroso, mas que nesse caso veio muito bem vindo por conta do próprio instrumental da música que eu achei demais.
ResponderExcluirUm grande album da banda sem dúvida, só espero que não seja o último como Chris Martin anda falando por aí.
Excelente review cara, grande abraço.
Sinto muito, mas tenho esses caras como uma das bandas mais chatas e sem-graça do universo. Já tentei ouvir várias vezes, mas não desce. Vejo como um U2 piorado. Mas, da mesma forma que Bono, Edge, Clayton & Mullen conseguiram surpreender – positivamente falando – em alguns pontos de sua carreira(vide Achtung Baby e Zooropa), esse Coldplay pode também surpreender um dia.
ResponderExcluirNão precisa pedir desculpas, Alexandre. Aqui a convivência é tranquila.
ResponderExcluirAos dois, obrigado pelos comentários.
As pessoas as vezes torcem o nariz pro Coldplay pelo fato do Chris Martin ser um mala comparável apenas ao Billy Corgan do Smashing Pumpkins. Mas a música, no geral, é boa!
ResponderExcluirGosto da banda...
ResponderExcluirmelodias bonitas.... algumas vezes exageram... mas ninguém é perfeito...
Boa banda na minha opinião !
Mandam bem ao vivo também...
Acho que a crítica brasileira tem má vontade com eles por lembrarem um pouco o u2 atual tanto no som como na atitude... não vejo tanto problema nisso