Em 7 de maio de 1997 estreou nos cinemas o filme O Quinto Elemento. Dirigido pelo francês Luc Besson e escrito pelo próprio Besson ao lado de Robert Mark Kamen, o filme é uma ficção científica cheia de efeitos visuais espetaculares estrelada por Bruce Willis, Gary Oldman, Ian Holm, Chris Tucker e Milla Jovovich. Está longe de ser uma obra-prima, mas é muito bem feito e adquiriu status de cult com o passar dos anos.
O que o filme tem a ver com Dark Roots of Earth, novo disco do Testament? Nada, absolutamente nada. No entanto, quando se pergunta para qualquer headbanger qual banda deveria fazer parte do Big 4 - o combo que une os quatro grandes do thrash norte-americano (Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax) - se houvesse espaço para um quinto nome, o grupo do vocalista Chuck Billy é a escolha da maioria. Nada mais justo.
Prestes a completar 30 anos de carreira, o Testament lança Dark Roots of Earth, o seu décimo disco de estúdio. Produzido pelo respeitado Andy Sneap, o álbum chegou às lojas europeias ontem, 27 de julho, e desembarca nos Estados Unidos só na próxima terça, dia 31/07. Dark Roots of Earth é o sucessor de The Formation of Damnation (2008), considerado um dos melhores trabalhos do grupo. Para alegria de quem curte som pesado, a qualidade foi mantida.
Há uma mudança de formação no novo play. Sai o competente Paul Bostaph e em seu lugar retorna o monstruoso baterista Gene Hoglan (Dark Angel, Death, Fear Factory), que já havia gravado Demonic (1997) com a banda. Essa alteração deixou o som do Testament ainda mais agressivo, com passagens realmente insanas de bateria, com Hoglan colocando a sua experiência em metal extremo na jogada - ouça os blast beats de “True American Hate”, por exemplo.
No entanto, o principal destaque de Dark Roots of Earth está na dupla de guitarristas Alex Skolnick e Eric Peterson. Alex, principalmente, está brilhante. Um dos instrumentistas mais completos do heavy metal, com experiências bem sucedidas em outros gêneros como o jazz, por exemplo, Skolnick surge como o maestro do Testament atual. Ele torna as composições criadas pelo parceiro Eric Peterson muito mais fortes, inserindo ideias e virando de cabeça para baixo os arranjos. E é justamente esse modo de entender a música que torna o Testament atual tão bom e mortífero. O grupo toca thrash metal, mas não se prende nem por um segundo somente nele. Há uma amplitude, uma variedade estilística, que faz a música do Testament soar única.
Enquanto bandas novatas olham para o passado buscando influências para criar, em grande parte, músicas que apenas requentam o que de melhor o thrash já produziu em sua história, cabe a um dos grupos mais tradicionais do gênero dizer que o caminho para a renovação do estilo não é esse. Não é ohando para trás que o thrash vai andar para frente, e o Testament demonstra essa mentalidade de forma prática em seu novo álbum. Usando e abusando da melodia, que se equilibra com o lado mais agressivo da sonoridade do grupo - aspecto que ficou, como disse, ainda mais acentuado com a adição de Gene Hoglan -, o Testament mostra que é justamente a adição de novos elementos e influências que faz não somente o thrash, mas qualquer gênero musical, se renovar e ficar mais forte, tornando-se sempre relevante.
As composições de Dark Roots of Earth são fortes e, em grande parte, excelentes. Chuck Billy está cantando muito bem, como de costume. Mas o que faz o disco brilhar e voar alto é o trabalho de guitarras. As melodias são onipresentes. As bases e riifs de Peterson despejam peso, enquanto Skolnick soa sempre surpreendente. É impossível prever para onde ele irá a cada intevenção, a cada solo. E tudo isso é ancorado pela fenomenal e sólida cozinha formada por Hoglan e pelo baixista Greg Christian.
Entre as faixas, destaque para “Rise Up”, que abre o disco com classe absoluta. “Native Blood” tem o melhor refrão do disco e riffs excelentes, e inscreve-se desde já entre as melhores músicas da carreira do Testament. “True American Hate” é outra pedrada, enquanto a faixa-título retoma a aproximação que o thrash, de uma maneira geral, sempre teve com o rock progressivo, com ricas e complexas passagens instrumentais e um arranjo crescente. “Throne of Thorns” é uma odisséia de mais de sete minutos com riffs animalescos e a melhor performance de Chuck em todo o disco.
E há “Cold Embrace”, uma surpreendente balada que pode dividir opiniões entre os fãs. Alguns irão gostar, enquanto outros poderão julgá-la desnecessária. De fato, “Cold Embrace” destoa totalmente das outras oito faixas de Dark Roots of Earth. A faixa leva a música do Testament para um terreno até então inédito - o caso, o classic rock. Sem economizar na sacarose nas linhas vocais, a banda usa do clássico expediente “início lento com explosão pesada no final”, explorando o contraste entre os momentos distintos da composição. Entretanto, a empreitada não convence e soa cansativa e sem inspiração, sensação totalmente contrária à causada pelas demais músicas do disco. Além de tudo, se estende até quase beirar os oito minutos em uma estrutura repetitiva que não acrescenta nada ao trabalho.
A versão normal de Dark Roots of Earth tem 9 faixas, mas a edição especial do disco conta com quatro faixas bônus. Três delas são covers - “Dragon Attack” do Queen, “Animal Magnetism” do Scorpions e “Powerslave” do Iron Maiden -, enquanto a quarta é uma gravação ligeiramente diferente e um pouco mais longa de “Throne of Thorns”. “Dragon Attack” é diversão pura, e sua audição deixa isso latente. “Animal Magnetism” ganhou doses cavalares de peso e ficou maravilhosamente sombria. E “Powerslave” parece ter nascido para ser regravada por uma banda de thrash metal, já que a sua estrutura intrincada e cheia de mudanças de andamento casa perfeitamento com o estilo, como demonstra a competente releitura do Testament.
Dark Roots of Earth é um ótimo disco. Em se tratando de thrash metal, provavelmente o melhor de 2012. Vale, e muito, o play!
Nota: 8,5
Faixas:
O que o filme tem a ver com Dark Roots of Earth, novo disco do Testament? Nada, absolutamente nada. No entanto, quando se pergunta para qualquer headbanger qual banda deveria fazer parte do Big 4 - o combo que une os quatro grandes do thrash norte-americano (Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax) - se houvesse espaço para um quinto nome, o grupo do vocalista Chuck Billy é a escolha da maioria. Nada mais justo.
Prestes a completar 30 anos de carreira, o Testament lança Dark Roots of Earth, o seu décimo disco de estúdio. Produzido pelo respeitado Andy Sneap, o álbum chegou às lojas europeias ontem, 27 de julho, e desembarca nos Estados Unidos só na próxima terça, dia 31/07. Dark Roots of Earth é o sucessor de The Formation of Damnation (2008), considerado um dos melhores trabalhos do grupo. Para alegria de quem curte som pesado, a qualidade foi mantida.
Há uma mudança de formação no novo play. Sai o competente Paul Bostaph e em seu lugar retorna o monstruoso baterista Gene Hoglan (Dark Angel, Death, Fear Factory), que já havia gravado Demonic (1997) com a banda. Essa alteração deixou o som do Testament ainda mais agressivo, com passagens realmente insanas de bateria, com Hoglan colocando a sua experiência em metal extremo na jogada - ouça os blast beats de “True American Hate”, por exemplo.
No entanto, o principal destaque de Dark Roots of Earth está na dupla de guitarristas Alex Skolnick e Eric Peterson. Alex, principalmente, está brilhante. Um dos instrumentistas mais completos do heavy metal, com experiências bem sucedidas em outros gêneros como o jazz, por exemplo, Skolnick surge como o maestro do Testament atual. Ele torna as composições criadas pelo parceiro Eric Peterson muito mais fortes, inserindo ideias e virando de cabeça para baixo os arranjos. E é justamente esse modo de entender a música que torna o Testament atual tão bom e mortífero. O grupo toca thrash metal, mas não se prende nem por um segundo somente nele. Há uma amplitude, uma variedade estilística, que faz a música do Testament soar única.
Enquanto bandas novatas olham para o passado buscando influências para criar, em grande parte, músicas que apenas requentam o que de melhor o thrash já produziu em sua história, cabe a um dos grupos mais tradicionais do gênero dizer que o caminho para a renovação do estilo não é esse. Não é ohando para trás que o thrash vai andar para frente, e o Testament demonstra essa mentalidade de forma prática em seu novo álbum. Usando e abusando da melodia, que se equilibra com o lado mais agressivo da sonoridade do grupo - aspecto que ficou, como disse, ainda mais acentuado com a adição de Gene Hoglan -, o Testament mostra que é justamente a adição de novos elementos e influências que faz não somente o thrash, mas qualquer gênero musical, se renovar e ficar mais forte, tornando-se sempre relevante.
As composições de Dark Roots of Earth são fortes e, em grande parte, excelentes. Chuck Billy está cantando muito bem, como de costume. Mas o que faz o disco brilhar e voar alto é o trabalho de guitarras. As melodias são onipresentes. As bases e riifs de Peterson despejam peso, enquanto Skolnick soa sempre surpreendente. É impossível prever para onde ele irá a cada intevenção, a cada solo. E tudo isso é ancorado pela fenomenal e sólida cozinha formada por Hoglan e pelo baixista Greg Christian.
Entre as faixas, destaque para “Rise Up”, que abre o disco com classe absoluta. “Native Blood” tem o melhor refrão do disco e riffs excelentes, e inscreve-se desde já entre as melhores músicas da carreira do Testament. “True American Hate” é outra pedrada, enquanto a faixa-título retoma a aproximação que o thrash, de uma maneira geral, sempre teve com o rock progressivo, com ricas e complexas passagens instrumentais e um arranjo crescente. “Throne of Thorns” é uma odisséia de mais de sete minutos com riffs animalescos e a melhor performance de Chuck em todo o disco.
E há “Cold Embrace”, uma surpreendente balada que pode dividir opiniões entre os fãs. Alguns irão gostar, enquanto outros poderão julgá-la desnecessária. De fato, “Cold Embrace” destoa totalmente das outras oito faixas de Dark Roots of Earth. A faixa leva a música do Testament para um terreno até então inédito - o caso, o classic rock. Sem economizar na sacarose nas linhas vocais, a banda usa do clássico expediente “início lento com explosão pesada no final”, explorando o contraste entre os momentos distintos da composição. Entretanto, a empreitada não convence e soa cansativa e sem inspiração, sensação totalmente contrária à causada pelas demais músicas do disco. Além de tudo, se estende até quase beirar os oito minutos em uma estrutura repetitiva que não acrescenta nada ao trabalho.
A versão normal de Dark Roots of Earth tem 9 faixas, mas a edição especial do disco conta com quatro faixas bônus. Três delas são covers - “Dragon Attack” do Queen, “Animal Magnetism” do Scorpions e “Powerslave” do Iron Maiden -, enquanto a quarta é uma gravação ligeiramente diferente e um pouco mais longa de “Throne of Thorns”. “Dragon Attack” é diversão pura, e sua audição deixa isso latente. “Animal Magnetism” ganhou doses cavalares de peso e ficou maravilhosamente sombria. E “Powerslave” parece ter nascido para ser regravada por uma banda de thrash metal, já que a sua estrutura intrincada e cheia de mudanças de andamento casa perfeitamento com o estilo, como demonstra a competente releitura do Testament.
Dark Roots of Earth é um ótimo disco. Em se tratando de thrash metal, provavelmente o melhor de 2012. Vale, e muito, o play!
Nota: 8,5
Faixas:
- Rise Up
- Native Blood
- Dark Roots of Earth
- True American Hate
- A Day in the Death
- Cold Embrace
- Man Kills Mankind
- Throne of Thorns
- Last Stand For Independence
Bonus:
- Dragon Attack
- Animal Magnetism
- Powerslave
- Throne of Thorns
Simplesmente sensacional, realmente as bases criadas pelo Peterson é o que me chama mais atenção, esse cara é um instrumentista estupidamente foda. Já o Skolnick, esse é hors concours.
ResponderExcluirSobre "Cold Embrace". Já é tradição do Testament ter esse tipo de "balada heavie"(hehehe) em seus álbuns, assim como foi com "Return to Serenity", "The Legacy", "Trail of Tears" e outras. Não vejo problema em ter uma canção com esse tipo de levada.
Nota 10
Exatamente. Eles apenas resgataram o hábito de cantar baladas, que era normal na era clássica.
ExcluirRicardo, achei interessante você ter inciado o post falando de "O Quinto Elemento", pois no mesmo ano em que o filme foi lançado, o Testament lançava o seu disco mais injustiçado. Jutamente com Gene Hoglan na bateria, o Testament estava assassino no "Demonic" (acho que só eu gosto desse disco!). E felizmente a história se repetiu no "Dark Roots of Earth".
ResponderExcluirConcordo com tudo que você falou, menos em um ponto. Na minha opinião o disco não manteve o nível de qualidade do "The Formation of Damnation". Foi muito além!!! E realmente Cold Embrace dá voltas e voltas e parece não chegar em lugar nenhum. Uma pena, poderia ser um grande destaque do disco.
Como grande adimirador da banda eu daria um 9,5, mas aceito o seu 8,5... :P
Abraço
Sério mesmo que você achou esse mais marcante que o do Overkill?
ResponderExcluirGostei bastante do disco, mas discordo um pouco do Bruno, o álbum anterior é algo de outro mundo.
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