Banda norueguesa que recebeu
considerável destaque no cenário nos últimos anos graças ao seu
disco de estreia, o Kvelertak é um sexteto formado em 2007 na
cidade de Stavanger, e sempre teve uma proposta musical muito simples
e direta: uma despretensiosa sonoridade que fica entre o mais
distorcido rock and roll e a sujeira do black metal, com uma forte
e pulsante veia punk, sempre com letras no seu idioma natal.
Com um contrato com a Indie Recordings,
o seu debut autointitulado, de 2010, alcançou Disco de Ouro na
Noruega pelas vendas acima de 15.000 cópias, atraindo a atenção
das grandes gravadoras para o lançamento de Meir, o segundo álbum,
agora pela Sony, na Escandinávia, e pela Roadrunner Records
mundialmente.
Alcançando posições consideráveis
nos charts europeus, o disco foi gravado no estúdio americano
GodCity e produzido novamente por Kurt Ballou, e já chama atenção
pela belíssima capa desenhada por John Baizley (do Baroness) e pelo
tracklist, com faixas bem mais longas do que o trabalho anterior.
Com "Åpenbaring" já é possível notar
que, apesar do Kvelertak ter alcançado um reconhecimento
relativamente grande, a sonoridade do novo álbum não é apenas uma
repetição incessante da mesma ideia, mas sim uma versão aprimorada
e (bem) mais cuidadosa: a sua longa introdução (para uma música de
três minutos) puramente rock’n’roll descamba para um melódico
híbrido de black metal e punk rock, que se repete na sujeira de
"Spring Fra Livet", que puxa maior influência desse último. "Trepan"
vai por um caminho bem diferente, e traz muito do heavy metal
tradicional oitentista, com melodias que se encaixaram perfeitamente
na identidade do Kvelertak, o mesmo ocorrendo em "Bruane Brenn",
primeiro single do disco lotado de riffs barulhentos e grudentos,
quase – pasmem – dançantes.
O início de "Evig Vandrar" é
basicamente o mais próximo de uma balada que a sonoridade dos
noruegueses permite chegar (considerando as abissais proporções),
que lentamente acelera, de passagens mais cadenciadas para aquele
heavy metal dos primórdios em questão de segundos, enquanto
"Snilepisk" e "Månelyst" não podem ser definidas de outra forma além
de duas belas cacetadas no ouvido, a primeira mais para o lado black
metal, e a segunda para o punk.
"Nekrokosmos", apesar de beber na fonte
norueguesa até o osso, também tem o seu mérito por novamente
inserir uma série de elementos mais melódicos, que dão um toque
adicional na morbidez da música, com trechos que remetem, ainda que
levianamente e dentro do som extremo habitual, ao occult rock tão em
voga no cenário atual. Esse direcionamento se mostra presente
novamente em "Undertro", e mesmo que ainda mais sutil, torna a audição
muito mais inteligível, da mesma forma que em "Tordenbrak", a maior
faixa já composta pelo sexteto, beirando os nove minutos, que soa
como um tênue equilíbrio entre hard rock e punk. Encerrando o
trabalho, a faixa que leva o nome da banda não poderia ter outra
forma além do mais simples e descompromissado rock orientado pelos
riffs de guitarra, e acaba lembrando uma versão ainda mais suja do
AC/DC, sendo mais um ponto alto no disco.
O amadurecimento na identidade musical
do Kvelertak é o ponto mais notável em Meir: se o primeiro trabalho
se destacava por ser totalmente direto, com faixas curtas e que
fisgavam o ouvinte na hora, neste novo álbum é possível ver uma
banda experimentando timidamente com uma série de outras vertentes,
que engrandecem gradativamente as composições, ainda que as
inserções sejam sutis. As diversas mudanças de andamento, o
descompromisso em arriscar e um foco maior tanto nas melodias
instrumentais quanto vocais tornam a audição ainda mais
interessante, por mais intencionalmente rústica que seja a produção,
eliminando qualquer barreira que o idioma possa levantar.
Uma banda supervalorizada? A cada
minuto de Meir eles provam mais um pouco que não. Definitivamente
não.
Nota 9
1. Åpenbaring
2.
Spring Fra Livet
3. Trepan
4. Bruane Brenn
5. Evig
Vandrar
6. Snilepisk
7. Månelyst
8. Nekrokosmos
9.
Undertro
10. Tordenbrak
11. Kvelert
10. Tordenbrak
11. Kvelert
Por Rodrigo Carvalho, do Progcast
Bruane Brenn ficou ótima!!! Gostei demais desse disco!
ResponderExcluirBelíssima crítica! Parabéns! Quando "Trepan" foi parar no youtube, sem muita qualidade de audio, não me desceu. Entretanto, após ouvir todo o cd em alta qualidade, tornou-se das minhas favoritas. Há diversas músicas sensacionais neste disco. Apenas "Snilepisk" não me agradou, e "Undertro", apesar de longa, considerei repetitiva em exagero, desperdiçando o potencial que nela é percebido de início. A tal intro, com seus mais de 3 minutos, é das melhores faixas do álbum, mas, na minha opinião, desperdiçaram a oportunidade de desenvolvê-la, o que poderia torná-la a melhor do disco, ou até mesmo da carreira deles.
ResponderExcluirSerá que só eu não gosto do som dessa banda ? Eu acho o Darkthrone atual, que mistura muito Punk no seu som, muito melhor que esses caras.
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