Five Finger Death Punch: crítica de The Wrong Side of Heaven and the Righteous Side of Hell Volume 1 (2013)


Dentre as mais bem sucedidas bandas da chamada New Wave of American Heavy Metal (controversa categoria que agrega tanto o Fear Factory como o Avenged Sevenfold), os californianos do Five Finger Death Punch estão em uma meteórica ascensão desde a sua fundação, em 2005, com cada um de seus discos alcançando posições cada vez mais altas em questão de vendas, colocando-os ao lado de grandes nomes, especialmente no mercado norte americano.

Mantendo praticamente a mesma fórmula sem maiores inovações, The Wrong Side of Heaven and the Righteous Side of Hell é o novo projeto da banda, audaciosamente – ou talvez nem tanto – dividido em dois volumes, de forma que a segunda parte deve ser lançada até o final de 2013. Produzido novamente por Kevin Churko (o mesmo responsável pelos últimos discos do Ozzy, entre outros), o álbum foi lançado no último dia 30 de julho pela Prospekt Park.

E se os caras não são lá os mais criativos no que diz respeito à riffs de guitarra ou às estruturas das músicas (boa parte segue o molde padrão, sem grandes novidades), por outro lado é inegável que eles são capazes de criar melodias vocais fortes, entregando sempre um verso ou refrão que inflama a sua mente. Isso é mais do que evidente na primeira faixa, “Lift Me Up”, que conta com a participação de ninguém menos do que Rob Halford, e que havia sido executada pela primeira vez no Golden Gods Awards desse ano. Em “Watch You Bleed”, porém, prevalece um ritmo menos acelerado e excessivamente constante, como um meio termo entre hard rock e o som já tradicional do Five Finger Death Punch.

“You”, por outro lado, traz aqueles toques de hardcore mais presentes em seus primeiros trabalhos, sendo mais direta, de poucas variações e relativamente maçante, completamente diferente da sempre típica balada, aqui protagonizada por “Wrong Side of Heaven”, belíssima e com forte conteúdo lírico. A estupidez agressiva já volta com tudo em “Burn MF” e seus insultos sendo despejados a torto e direito sobre uma base quase death metal, e também nas linhas que beiram o thrash em “I.M. Sin”.


Mais cadenciado, e em alguns momentos fora do tradicional da banda, “Anywhere But Here” tem um clima bem melancólico e denso, catalisado pela curtíssima participação de Maria Brink, vocalista do In This Moment. Novamente no limiar entre o hardcore e o nu metal, “Dot Your Eyes”, volta ao estilo mais frenético, enquanto “M.I.N.E. (End This Way)” parece estar perdido em algum espaço próximo tanto ao groove metal quanto do southern rock mais contemplativo (ok, talvez isso seja bem sutil e apenas em algumas melodias). O ligeiro momento de tranquilidade é seguido por uma versão pesadíssima de “Mama Said Knock You Out”, faixa título do álbum de 1990 do LL Cool J, e conta ainda com o rapper Tech N9ne dividindo os vocais com Ivan Moody.


Após “Diary of a Deadman”, que está mais para um interlúdio instrumental entre os dois volumes de The Wrong Side of Heaven and the Righteous Side of Hell, temos versões diferentes para algumas das faixas que já apareceram no álbum. A saber, elas não diferem em nada das anteriores no que diz respeito ao instrumental, mas poderiam facilmente ser as oficiais, já que os resultados com Max Cavalera cantando em português em “I.M. Sin”, o dueto com Maria Brink mais presente em “Anywhere But Here”, e a participação de Jamey Jasta em “Dot Your Eyes”, são muito mais interessantes do que as originais.


Mas a grande verdade nua e crua? O Five Finger Death Punch lançou um álbum praticamente igual ao seu anterior, American Capitalist, mantendo sempre um pé no groove metal e as melodias simples. Porém, permanece a incômoda sensação de estar sendo socado pela mesma coisa incessantemente e de já ter ouvido algo parecido em outro disco deles está sempre presente. 


Um trabalho sem grandes surpresas, mas bem construído, de fácil audição, aonde letras mais densas e subjetivas (reflexo dos problemas de alcoolismo do vocalista Ivan Moody durante as últimas turnês) dividem espaço com aquele típico discurso irônico e dramático da adolescência americana. E, talvez por estes fatores, ele se mostra divertido em um primeiro momento, e aos poucos vai se tornando gradativamente descartável, de forma que você passa a ouvir apenas algumas de suas faixas.


E o Five Finger Death Punch é uma banda nova demais para já apresentar indícios de estar acomodada dessa maneira. Aguardemos os próximos anos.


Nota 7


Faixas:
01. Lift Me Up
02. Watch You Bleed
03. You
04. Wrong Side Of Heaven
05. Burn MF
06. I.M.Sin
07. Anywhere But Here
08. Dot Your Eyes
09. M.I.N.E. (End This Way)
10. Mama Said Knock You Out
11. Diary of a Deadman
12. I.M.Sin (com Max Cavalera)
13. Anywhere But Here (com Maria Brink)
14. Dot Your Eyes (com Jamey Jasta)

Por Rodrigo Carvalho, do Progcast

Comentários

  1. Banda = pra mim, é das melhores coisas do metal hoje em dia.

    Resenha = acertou a mão muito na coisa do continuísmo do som e da fronteira o que é uma "fórmula", "estilo", "cover de si mesmo" e "não se mexe em time que está ganhando". Acho que tem tudo disso mesmo.

    Eu = é até meio confuso de avaliar no artístico esse disco. Me abstenho. Mas como entretenimento, eu acho que é um ótimo disco e das coisas que mais tenho escutado em 2013. Gostei da ambição com 2 volumes, como estratégia. Acho que marca a banda com essa inclinação pra sedimentar um público e um espaço só deles, mas tb acho que faltou, sim, um pouco de inovação pra figurar aí nesse panteão de "honra ao mérito por trabalhos feitos ao metal".

    No mais, tenho esperado muito pelo disco e estou satisfeito e feliz por ter 2 volumes no mesmo ano. Ainda não cheguei a questionar o futuro deles e a questão do "cover de si mesmo", mas ... Em suma, fico feliz com o disco, mas desconfiado com o projeto da banda a longo prazo. Vão ter que realmente tirar mais sumo dessa bagaça. Imediatamente, eu acho que eles conseguem sedimentar melhor um público e fixar boas participações em festivais e resultados de vendas etc.

    Não é o melhor disco do mundo e nem do metal, mas pode facilmente ser listado como dos melhores do metal 2013.... fácil.

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  2. Nossa, vou até ouvir o novo do Carcass aqui depois que perdi 2 minutos da minha vida ouvindo a primeira faixa dessa coisa no youtube.

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