Review: Mastodon - Cold Dark Place (2017)


Já vou começar esta resenha com uma afirmação que alguns poderão achar polêmica: Cold Dark Place, novo EP do Mastodon, é bastante superior ao disco mais recente do quarteto norte-americano, Emperor of Sand. Esta é a minha opinião, e ela talvez não seja igual a sua.

O disco possui apenas quatro músicas - “North Side Star”, “Blue Walsh”, “Toe to Toes” e “Cold Dark Place” - e foi produzido por Nick Raskulinecz e Brendan O’Brien. Três das músicas vem das sessões que geraram o álbum Once More ‘Round the Sun (2014), enquanto “Toe to Toes” é fruto das gravações de Emperor of Sand, lançado no final de março.

O que torna Cold Dark Place superior a Emperor of Sand é a variedade de caminhos que o Mastodon tomou neste EP, experimentando sonoridades e soando muito mais aventureiro do que no seu mais recente disco de estúdio. Desde o início achei Emperor of Sand muito monocromático, com uma sonoridade que às vezes me soou cansativa. Isso não acontece aqui. Claro que o fato de termos apenas quatro músicas ao invés de onze contribui, mas sempre preferi o lado mais viajante e psicodélico da banda.

É claro que Cold Dark Place não é uma obra tão fora da curva quanto Crack the Skye (2009), mas apresenta uma sadia variedade instrumental que o torna bastante especial. As influências psicodélicas permeiam todo o disco, mas sem nunca tornarem a obra algo impenetrável. A banda sabe como revesti-las com uma atraente camada pop, o que torna tudo muito acessível e palatável já na primeira audição.

A estrela aqui é Brent Hinds. O vocalista e guitarrista dá o tom para onde seus companheiros de banda devem seguir, assumindo o protagonismo e levando o quarteto a um nível altíssimo. Inovador por natureza, Hinds soa mals solto do que nunca em Cold Dark Place. E ganha os luxuosos vocais de Troy Sanders e Brann Dailor como companhia, em variações que colocam músicas como "Blue Walsh" e “North Side Star” nas alturas. E quando canta sozinho faz algo absolutamente incrível como “Toe to Toes”, cheia de variações que mostram toda a sua versatilidade.

Apesar de curto, Cold Dark Place é um dos melhores momentos do Mastodon nos últimos anos. Espero que a banda retome essa atmosfera mais psicodélica e experimental nos próximos discos, já que é inegável que os caras conseguem se sair muitíssimo bem quando exploram esse caminho.

Comentários

  1. Eu também curtir mais o Cold Dark Place que o Emperor. Dizem as mais línguas que o Mastodon já estar trabalhando alguns riffs para o próximo álbum.

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