O metal brasileiro não merece uma bizarrice como essa


Bem cedinho desta sexta, fui surpreendido por uma postagem no grupo da Collectors Room no Facebook - caso você ainda não participe, vem pra cá. O amigo Boris Grilo postou um link do YouTube com a frase “estou custando a acreditar que isso seja realmente sério”. Fui conferir o que era e dou de cara com uma nova música de Roosevelt Bala, o vocal do Stress, banda pioneira do metal nacional, chamada “Troozão da Net”. Bem, lá vamos nós de volta à quarta série …

Fui ouvir. Trata-se de uma "canção" em que o frontman daquela que é considerada a primeira banda de heavy metal do Brasil faz um discurso contra o público que ele classifica como traíra do metal, metaleiro virtual ou troozão da net, como preferir. Aquele cara que não vai a show, não compra CD, só faz intriga e, nas palavras de Roosevelt, “não passa de um fofoqueiro". Um discurso raso que parece escrito por uma criança de 2 anos - sem querer ofender a criança, que isso fique claro. Aventure-se abaixo:



Musicalmente, parece que estamos diante de uma mistura de Ovelha com Massacration, como bem definiu outro amigo lá no grupo da Collectors. Ouvindo a tal música “Troozão da Net”, várias perguntas vem à mente. O que leva alguém a escrever algo tão bisonho? O que faz uma pessoa pensar que uma letra dessas responde alguma coisa? O que faz um indivíduo chegar à conclusão de que uma música tão bizarra como essa deveria ser gravada? Não sei o que aconteceu com Roosevelt, se ele foi atacado por alguém na rede, mas gravar uma música como uma “resposta" parece coisa de um menino mimado e que vive em um mundo paralelo.

Mas daí pensei mais um pouco e na verdade esse posicionamento de Roosevelt encontra respaldo em uma parcela considerável do público fã de metal aqui no Brasil. Basta ir até os comentários da dita “música” lá no YouTube e ler o que as pessoas estão escrevendo. Isso não deveria me surpreender na verdade, já que o fã brasileiro de metal, que nunca foi exatamente um exemplo de inteligência, tem se transformado em um neandertal nos últimos anos dando voz a imbecis como Nando Moura e achando que a solução para os problemas do país é colocar um cara como Bolsonaro na presidência. É esse povo, formado geralmente por pessoas entre os 30 e 40 anos, que acha que o discurso de Roosevelt em “Troozão da Massa” faz sentido e é “verdadeiro”, “true" e todos esses termos que esse povinho adora utilizar.

Em um ano como 2018, em que uma das principais bandas de metal do país conseguiu se reinventar surpreendentemente em seu último disco - estou falando do Angra e seu trabalho mais recente, Omni -, ter que ouvir algo como essa “música" vinda do líder do Stress é de uma vergonha alheia digna de pena. Algo que só senti em outra oportunidade, em 2011, com a tosquice que foi a canção tema do documentário Brasil Heavy Metal - ouça abaixo por sua própria conta e risco:



Além de tudo, o termo “Troozão da Net” revela um desconhecimento geral do mundo atual. É claro que a internet deu voz e palco a muitos imbecis e coisas bizarras, vide a própria música que estamos discutindo, mas ela aproximou o público do artista, o fã de seu ídolo. E aqui no Brasil, onde nunca existiu uma imprensa focada no heavy metal, possibilitou o surgimento de sites que se revelaram muito mais conhecedores do assunto do que as publicações impressas que chegam às bancas. Alguém poderá dizer que eu, o João da Van do Halen, o Igor Miranda e todo mundo que escreve sobre rock e metal aqui nesse cada vez mais estranho país tropical nos encaixamos no perfil criticado por Roosevelt Bala em seu “novo clássico”, já que só ficamos fazendo “fofoca por computador” ao invés de “viver a cena metal”. Respondendo por mim, eu realmente não tenho paciência com a tal cena metal brasileira, cheia de gente saudosista e conservadora que acha que bandas como o Manowar em algum momento foram relevantes para o estilo

Quero contiuar acreditando que o metal brasileiro é muito maior e não é representado por uma figura caricata como Roosevelt Bala e seus inúmeros clones encontrados facilmente em Galerias do Rock e bares tipo o Manifesto país afora. O metal brasileiro é reconhecido em todo o mundo por sua qualidade e som original, que fez surgir nomes como Sepultura, Angra, Krisiun, Ego Kill Talent e inúmeros outros. Curiosamente, bandas que parecem muito mais preocupadas em ouvir o que o gênero está fazendo de interessante em todo o planeta e pensar fora da sua bolha, ao contrário do que Roosevelt sempre fez em toda a sua carreira.

Seria algo até engraçado se não fosse, tristemente, o retrato de uma parcela cada vez maior do público de metal brasileiro. Bizarro e tosco é pouco …

Comentários

  1. Que coisa mais tosca... O solo de guitarra é até agradável, mas a letra é medíocre...

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  2. No mais concordo em tudo com o que vc disse..

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  3. Se fosse em ingkin ninguém ia falar nada, passaria despercebido, tem clássicos com letra pior

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  4. O Bala escreve na chamada "letra" tudo o que ele é. Deve ser algum tipo de mantra que ele deve escutar todos os dias pra saber quem realmente é. Não o vejo em shows, o vejo falando bosta nas redes sociais e desferindo merda contra qualquer um. Ele é o "troozão da Net". Calma! É só um mantra próprio.

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    1. Meu amigo Kalunga, os outros integrantes do Stress devem enterrar a cabeça de vergonha porque infelizmente o nome do Bala tá sempre associado ao Stress. Esse cata é uma vergonha pro Metal do Pará.

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  7. Realmente... Deprime ouvir um som taocafo a, anacrônico e infantil. RIP Bullet

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  10. A maldição da letra "K"

    Kalunga se desentende com o Roosevelt Bala por conta das drogas que corroeram sua mente, tornando-o um músico totalmente irresponsável.
    Kalil se desentende com o Roosevelt Bala por conta de opinião política e defender um político condenado. Não teve estrutura pra colocar a amizade acima da política, isso sim é ser infantil.




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    1. Esse comentário aí em cima é meu, não sei pq saiu sem o meu nome. Mas, tá valendo.

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  12. No metal tem muitas músicas bregas piores do que essa

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  13. falou bem até criticar o "Brasil Heavy Metal"... Não acho que é "Brasil Heavy Metal" seja uma galhofa, é um hino sim, de bandas tradicionais, que devemos sim cultuar...afinal temos um vasto curriculum no mundo do metal. O Brasil é o criador e o inspirador do metal extremo e da mistura de ritmos ,vide o Angra em Holy land o Sepultura em Roots. Dar ibope pra um som enfadonho , qual nem sequer alcançou muito o público, é meio exagerado. Em partes eu concordo com o Bala, pois é uma realidade, existem poucos que fazem acontecer no metal mesmo, porém, encarei como galhofa total essa musica, e a atual carreira e postura do Roosevelt nem se fala... afinal ele tem uma postura "manowar"demais pra mim, e não deve ser levado a sério. Ele faz parte da História do Metal Nacional, é inegável, mas acho que hoje...já não tem mais a sinceridade que poderia transpirar como antes.

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  14. A música do 2o clipe é uma das coisas mais constrangedoras que eu ouvi, e vi, em toda minha vida.

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