Aos 61 anos, Bruce Dickinson é uma lenda. Um dos maiores ícones do heavy metal e um dos grandes vocalistas e frontmen da história do rock. E também um exímio esgrimista, escritor, roteirista, apresentador, radialista, mestre cervejeiro, piloto e comandante de aviões.
Todas essas facetas são abordadas em Pra Que Serve Esse Botão?, autobiografia publicada em 2018 lá
fora e que saiu no Brasil no mesmo ano pela editora Intrínseca (320 páginas, tradução de
Jaime Biaggio). O livro conta a inquieta vida do vocalista do Iron Maiden
através de capítulos curtos e de uma escrita descontraída e dinâmica. Bruce
opta por não falar sobre a sua família, deixando de fora assuntos
relativos a sua ex e atual esposas e filhos, postura que mantém também em sua vida
pessoal.
Outro ponto importante é que este é um livro sobre Bruce
Dickinson e não uma obra sobre o Iron Maiden. Isso quer dizer que Bruce foca
totalmente na sua vida, e o Iron Maiden é apenas um dos aspectos desta jornada.
Há muitas informações sobre a banda, é claro, mas também há vários capítulos em
que o grupo sequer é mencionado. Isso pode frustrar alguns leitores, mas
pessoalmente não me incomodou em nada.
Há alguns momentos especiais e que farão os
leitores se deliciarem. Os bastidores da entrada em Bruce no Iron Maiden em
1981, algumas histórias sobre os discos gravados com a banda e, principalmente,
os motivos que o fizeram deixar o grupo em 1993. O retorno ao Maiden, em 1999,
também é um momento emocionante, e a postura adotada tanto pelo vocalista
quanto pelos demais músicos nesse período atual da lendária banda inglesa
explica o direcionamento musical que o sexteto adotou desde então – e que eu,
como fã, pessoalmente gosto muito.
Outros pontos altos da leitura estão em capítulos como o
que Bruce fala sobre o que significa, tanto para o corpo quanto para a mente e
para o seu cotidiano, ser o vocalista de uma banda enorme como o Iron Maiden,
quais cuidados ele precisa ter, quais privações são necessárias e como isso afeta o seu cotidiano. O capítulo mais
emotivo de todos certamente está no relato da passagem do cantor e de sua banda por
Saravejo em 1995, no auge da sangrenta Guerra da Bósnia, em uma jornada repleta
de momentos de tensão extrema e um choque de realidade que mudou a vida de
Bruce de maneira definitiva.
Ao lado desse capítulo sobre Saravejo, o outro trecho extremamente
pessoal do livro acontece quando Bruce aborda a sua luta contra um câncer na
língua e na cabeça, diagnosticado no final de 2014 e tratado através de nove
semanas de sessões de quimioterapia e radioterapia. A forma como o cantor conta
essa experiência, sem maiores filtros, chega a chocar em alguns momentos e
mostra um individuo extremamente fragilizado e sem saber como será o seu
futuro, em contraste total com o personagem carismático e hiperativo que nos
acostumamos a ver em cima dos palcos.
Muito além de um livro sobre música e de apenas uma
biografia sobre um artista, Pra Que Serve Esse Botão? apresenta o modo e a
visão de vida de Bruce Dickinson, um homem com inteligência muito acima da
média, curioso por natureza, com uma energia aparentemente infinita e sempre
pronto para aprender algo novo. Uma trajetória incrível e que dá forma a uma
obra extremamente prazerosa de se ler, e que como bônus ainda entrega algumas
lições sensacionais sobre o nosso papel nessa jornada estranha e recompensadora
que é a vida.
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Quando é que as editoras vão se tocar em lançar biografias de duas bandas de imenso sucesso no Brasil?
ResponderExcluirDeep Purple e Rush