Livro: Bruce Dickinson – Uma Autobiografia (2019, Intrínseca)


Aos 61 anos, Bruce Dickinson é uma lenda. Um dos maiores ícones do heavy metal e um dos grandes vocalistas e frontmen da história do rock. E também um exímio esgrimista, escritor, roteirista, apresentador, radialista, mestre cervejeiro, piloto e comandante de aviões.

Todas essas facetas são abordadas em Pra Que Serve Esse Botão?, autobiografia publicada em 2018 lá fora e que saiu no Brasil no mesmo ano pela editora Intrínseca (320 páginas, tradução de Jaime Biaggio). O livro conta a inquieta vida do vocalista do Iron Maiden através de capítulos curtos e de uma escrita descontraída e dinâmica. Bruce opta por não falar sobre a sua família, deixando de fora assuntos relativos a sua ex e atual esposas e filhos, postura que mantém também em sua vida pessoal.

Outro ponto importante é que este é um livro sobre Bruce Dickinson e não uma obra sobre o Iron Maiden. Isso quer dizer que Bruce foca totalmente na sua vida, e o Iron Maiden é apenas um dos aspectos desta jornada. Há muitas informações sobre a banda, é claro, mas também há vários capítulos em que o grupo sequer é mencionado. Isso pode frustrar alguns leitores, mas pessoalmente não me incomodou em nada.

Há alguns momentos especiais e que farão os leitores se deliciarem. Os bastidores da entrada em Bruce no Iron Maiden em 1981, algumas histórias sobre os discos gravados com a banda e, principalmente, os motivos que o fizeram deixar o grupo em 1993. O retorno ao Maiden, em 1999, também é um momento emocionante, e a postura adotada tanto pelo vocalista quanto pelos demais músicos nesse período atual da lendária banda inglesa explica o direcionamento musical que o sexteto adotou desde então – e que eu, como fã, pessoalmente gosto muito.

Outros pontos altos da leitura estão em capítulos como o que Bruce fala sobre o que significa, tanto para o corpo quanto para a mente e para o seu cotidiano, ser o vocalista de uma banda enorme como o Iron Maiden, quais cuidados ele precisa ter, quais privações são necessárias e como isso afeta o seu cotidiano. O capítulo mais emotivo de todos certamente está no relato da passagem do cantor e de sua banda por Saravejo em 1995, no auge da sangrenta Guerra da Bósnia, em uma jornada repleta de momentos de tensão extrema e um choque de realidade que mudou a vida de Bruce de maneira definitiva.

Ao lado desse capítulo sobre Saravejo, o outro trecho extremamente pessoal do livro acontece quando Bruce aborda a sua luta contra um câncer na língua e na cabeça, diagnosticado no final de 2014 e tratado através de nove semanas de sessões de quimioterapia e radioterapia. A forma como o cantor conta essa experiência, sem maiores filtros, chega a chocar em alguns momentos e mostra um individuo extremamente fragilizado e sem saber como será o seu futuro, em contraste total com o personagem carismático e hiperativo que nos acostumamos a ver em cima dos palcos.

Muito além de um livro sobre música e de apenas uma biografia sobre um artista, Pra Que Serve Esse Botão? apresenta o modo e a visão de vida de Bruce Dickinson, um homem com inteligência muito acima da média, curioso por natureza, com uma energia aparentemente infinita e sempre pronto para aprender algo novo. Uma trajetória incrível e que dá forma a uma obra extremamente prazerosa de se ler, e que como bônus ainda entrega algumas lições sensacionais sobre o nosso papel nessa jornada estranha e recompensadora que é a vida.

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Comentários

  1. Quando é que as editoras vão se tocar em lançar biografias de duas bandas de imenso sucesso no Brasil?
    Deep Purple e Rush

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