Review: Helloween – United Alive in Madrid (2019)



Dentro do metal clássico, não existiu fato mais marcante nos últimos anos do que o retorno de Michael Kiske e Kai Hansen ao Helloween. A turnê Pumpkins United foi anunciada em novembro de 2016 e teve o seu primeiro show em 19 de outubro de 2017 em Monterrey, no México. O agora septeto alemão soube equilibrar egos e se reconciliar com o seu passado, com Kiske e Andi Deris dividindo o vocal principal e tendo cada um seu momento de brilho nos shows, enquanto Kai Hansen também foi reconduzido à linha de frente da banda que formou com o baixista Marcus Grosskopf, com o guitarrista Michael Weikath e com o falecido baterista Ingo Schwichtenberg. A formação atual conta ainda com Sascha Gerstner (guitarra, no grupo desde 2002) e Daniel Löble (bateria, desde 2005 no line-up).

United Alive in Madrid é a celebração desse momento histórico. Triplo, o álbum traz 24 faixas de toda a carreira da banda em mais de 2 horas e quarenta minutos de música. Gravado na capital espanhola em 9 de dezembro de 2017, o título está sendo lançado no Brasil em CD digipack e também em DVD pela Shinigami Records. A performance de toda a banda está à altura do quão especial foi essa reunião para os fãs, e o tracklist foi muito bem escolhido, trazendo clássicos de todas as fases do grupo.

O ataque de guitarras triplo de Hansen, Weikath e Gerstner deu uma dose extra de peso para o som do Helloween, e isso é sempre bem-vindo. Kiske e Deris estão cantando de forma incrível, enquanto a cozinha de Grosskopf e Löble é técnica e super precisa. A emoção de ouvir novamente a banda executando clássicos como “Dr. Stein”, “I’m Alive” e “I Want Out” com Kiske é de levar às lágrimas o mais fanático dos devotos, como quem presenciou as passagens da tour pelo Brasil pôde sentir na pele. O material é farto em momentos emocionantes, como a interpretação arrepiante da linda “A Tale That Wasn’t Right”, que ganhou uma dimensão muito maior ao vivo e traz Kiske brilhando de maneira intensa amparado pela participação do público. A transcendental “How Many Tears” é outro ponto alto, com Kiske, Deris e Hansen dividindo os vocais, assim como a execução de “Keeper of the Seven Keys”, uma das melhores músicas da carreira da banda. Isso sem falar de “Eagle Fly Free”, maior clássico do power metal e música símbolo dos alemães.

O disco, além de demonstrar a força do catálogo do Helloween, documenta o quão importante Michael Kiske foi para a banda e para a história do heavy metal. Seu timbre agudo e seus tons super altos construíram o arquétipo do vocalista de metal melódico e até hoje são insuperáveis. Kiske segue cantando como se ainda tivesse vinte e poucos anos, e isso por si só torna tudo ainda mais surreal nessa nova encarnação do Helloween.

United Alive in Madrid é desde já um dos grandes álbuns ao vivo da história do metal, e, na minha opinião, o melhor registro em cima de um palco do Helloween, superando os anteriores Live in the U.K. (1989), High Live (1996) e Keeper of the Seven Keys – The Legacy World Tour 2005/2006 (2007).

Item obrigatório na coleção de todo fã de metal.

Comentários

  1. Ouvi chorando! Absurdamente maravilhoso. Seria melhor se usassem o fantástico show do Wacken, mas ainda assim é uma obra-prima. Kiske é um deus!

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