Review: Blues Pills – Holy Moly! (2020)


O Blues Pills chega ao terceiro disco com uma mudança importante: sai o guitarrista Dorian Sorriaux, que foi substituído pelo próprio baixista da banda, Zack Anderson. Para o baixo chegou Kristoffer Schander. Some-se isso ao fato de a banda sueca ter gravado um segundo trabalho bastante diferente da sua estreia, e o que temos é um disco que mostra o Blues Pills dando mais um grande passo na evolução da sua sonoridade.

Se no primeiro e autointitulado álbum (que saiu em 2014) fomos apresentados a uma sonoridade que passeava pelo hard e pelo blues rock dos anos 1970, em Lady in Gold (2016) a banda acrescentou muitos elementos de soul. Já em Holy Moly! (lançado no Brasil pela Shinigami Records) o quarteto sueco consegue colocar quase o corpo todo para fora da bolha setentista sem abrir mão de suas influências. A produção é em grande parte responsável por isso, mas o fato é que o modo de tocar de Anderson é bastante diferente do de Sorriaux, explorando uma abordagem mais atual.

São ao todo onze músicas, todas com uma performance irretocável. Elin Larsson segue cantando de forma impecável, alternando momentos de energia pura como em “Low Road” com canções onde sua voz parece vir do fundo da alma e reverencia gigantes como Aretha Franklin, Etta James e até mesmo Janis Joplin, como podemos ouvir em “California”. Zack Anderson, Kristoffer Schander e o baterista André Kvarnström formam um trio harmônico e repleto de feeling, com belos e melodiosos solos de guitarra, um trabalho de baixo encorpado e que preenche todos os espaços e uma bateria solta e cheia de swing.

Entre as canções, destaque para a excelente “Proud Woman” (primeiro single e primeira faixa do disco, com uma letra alinhada às questões femininas tão necessárias e importantes na realidade atual), “Low Road”, “Dreaming My Life Away”, o momento mais calmo de “California” e “Dust”, o groove de “Kiss My Past Goodbye”, o hard blues de “Bye Bye Birdy” e o mergulho soul das duas músicas que fecham o álbum, “Song From a Mourning Dove” e “Longest Lasting Friend”.

Com Holy Moly! o Blues Pills supera o teste do terceiro disco com folga, e mostra que o potencial apresentado nos álbuns anteriores tornou-se realidade. Um dos melhores nomes do rock atual, o quarteto, que tem na vocalista Elin Larsson a sua figura principal, entrega em seu novo álbum tudo aquilo que se esperava que a banda iria atingir, e ainda consegue ir alguns passos além da própria imaginação dos fãs.

Um dos melhores discos de 2020, sem nenhuma discussão a respeito disso.


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