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Mostrando postagens de janeiro, 2024

Quadrinhos: Sangue Real, de Alejandro Jodorowsky e Dongzi Liu (2023, Comix Zone)

O mercado brasileiro de quadrinhos passa por períodos em que um autor parece virar uma mania entre os leitores e editoras, tendo uma infinidade de títulos lançados por aqui e, dessa forma, não apenas apresentando a sua obra para potenciais novos fãs mas também preenchendo lacunas existentes no cenário nacional. Os dois fenômenos mais recentes respondem pelo nome de Junjo Ito e Alejandro Jodorowsky. Enquanto o mangaká japonês teve praticamente todo o seu catálogo lançado no Brasil nos últimos anos, o roteirista chileno vive o seu momento de descoberta com muitas HQs sendo publicadas pelas mais variadas editoras. Sangue Real foi o meu primeiro contato com a obra de Jodorowsky, autor de clássicos como Incal, Bórgia e Juan Solo . Escrita entre 2010 e 2020 e publicada no final de 2023 em uma edição integral pela editora Comix Zone, Sangue Real é uma espécie de Game of Thrones de Jodorowsky. O roteiro conta a história de um rei traído que faz tudo para retomar o seu trono, e até chega...

Quadrinhos: Saga Volume 10, de Brian K. Vaughan e Fiona Staples (2023, Devir)

Após o final chocante do encadernado anterior, Saga entrou em um hiato de três anos, período em que os autores Brian K. Vaughan e Fiona Staples desenvolveram outros projetos. O afastamento fez bem, pois o retorno foi no alto nível já conhecido. Uma das principais características de Saga é o ritmo quase vertiginoso do roteiro, e Vaughan mantém o pé no acelerador. A história segue o hiato e também avança três anos no tempo, mostrando os personagens em um novo status. A garota Hazel, narradora da trama, já é quase uma pré-adolescente, enquanto Alana, sua mãe, luta com a nova realidade que surgiu e faz de tudo não apenas para sustentar a sua família, mas sobretudo para deixá-la segura. O texto de Vaughan está bastante inspirado, com diálogos muito bem escritos e uma construção de roteiro que leva a trama para um caminho um tanto quanto inusitado. O autor insere a música como um dos elementos centrais para o crescimento de Hazel, e as sequências onde isso acontece são muito bem feitas, ...

Quadrinhos: Mulher-Maravilha – Hiketeia, de Greg Rucka e J.G. Jones (2023, Panini)

Dever ou honra: qual seguir? Esse é o dilema principal de Mulher-Maravilha Hiketeia , HQ com roteiro de Greg Rucka e arte de J.G. Jones, publicada originalmente em 2002 pela DC Comics e em 2003 no Brasil pela Panini, logo após a editora italiana assumir os títulos tanto da Marvel quando da DC em nosso país. Vinte anos depois, o material está de volta em uma edição de luxo. Hiketeia é uma história muito interessante porque discute pontos relevantes não só do universo de super-heróis mas sobretudo da vida real e que, mesmo duas décadas depois, seguem sendo chocantes. O que o roteiro de Rucka apresenta é a história de vingança de uma garota que luta para fazer justiça com as próprias mãos e vingar a sua irmã, que saiu de uma cidade do interior dos Estados Unidos em busca do sonho de ser atriz em Los Angeles, mas encontrou desafios terríveis pelo caminho. A "hiketeia" do título faz referência a uma tradição milenar onde qualquer cidadão comum pode solicitar a ajuda dos deuses c...

Quadrinhos: O Alvo Humano, de Tom King e Greg Smallwood (2023, Panini)

Uma das maiores qualidades de Tom King é resgatar personagens pouco conhecidos e reapresentá-los ao público através de histórias muito bem escritas e que vão muito além do que estamos habituados a ler no universo tanto da DC quanto da Marvel. Exemplos disso não faltam: seu Visão foi surpreendente, seu Senhor Milagre beirou a genialidade, o Adam Strange de Estranhas Aventuras exemplificou com perfeição a realidade atual e sua passagem pelo Batman, apesar de criticada por uma parcela dos leitores, humanizou o personagem como poucas vezes havia sido feito antes, despindo-o de suas armaduras e aproximando-o dos leitores – como bônus, ainda redefiniu completamente o papel da Mulher-Gato no Batverso. Em O Alvo Humano , King reapresenta o personagem homônimo, criado em 1972 pela dupla Len Wein e Carmine Infantino. Christopher Chance é um guarda-costas altamente treinado, mestre nos disfarces, que assume o lugar de pessoas que estão sendo ameaçadas de morte. Na trama, Chance está prestand...