Pelo Mundo: as aventuras de um colecionador em Nova York – Parte 2: as lojas de discos


Por Fernando Bueno
Engenheiro e Colecionador
Collector´s Room

Depois do primeiro texto, em que relata os shows que assistiu em Nova York, nosso correspondente internacional Fernando Bueno fala das lojas de discos que visitou na capital do mundo. Confira o texto abaixo e delicie-se com as histórias do nosso sortudo brother!

Desde que comecei a pensar sobre a viagem das férias tinha em mente que queria garimpar algumas lojas de discos. Quando resolvemos que iríamos para Nova York comecei a fazer uma busca via internet das lojas e sebos da cidade. Logo de cara encontrei essa lista aqui. Com o auxílio dela fiz um mapa localizando todas as ruas próximas à Bleecker Street. Escolhi essa rua por indicação do Bento Araújo da poeira Zine. Ele também visitou algumas lojas e locais da cidade e fez uma matéria muito legal na edição #31 da revista. Assim, mandei um e-mail para ele, que me indicou os arredores dessa rua.

Como estava fazendo uma viagem de férias tive que reservar apenas um dia para as lojas de discos, e foi esse o motivo de eu tentar localizar o máximo de lojas próximas, afinal a cidade é um prato cheio para os turistas, com inúmeros lugares para visitar. Mesmo tentando aproveitar ao máximo os dez dias que fiquei lá ainda não consegui fazer algumas coisas que queria, como assistir à uma apresentação gospel em uma das igrejas do Harlem.


Com o mapa na mão comecei minha caminhada pelo cruzamento entre a Bleecker St e a Christopher St. Porém, para minha decepção descobri que algumas lojas que tinha programado haviam sido fechadas. Ou seja, essa lista que encontrei não estava atualizada e é difícil de saber de quando é a lista. Também percebi que não adianta levantar cedo e ir para as lojas já que a grande maioria delas só abrem a partir das onze da manhã, e algumas depois do meio dia. Ou seja, se for para lá lembre-se disso, senão você vai perder um tempão vagando pelas fachadas das lojas até elas abrirem, como aconteceu comigo. Porém o tempo que passei andando pela região esperando que as lojas abrissem foi bom, já que pude escolher em qual entrar primeiro. Antes de começar a falar das lojas adianto que muitas delas só trabalham com vinil, e algumas deixam isso bem claro com mensagens até um pouco grosseiras coladas na porta, como é o caso da Houses of Oldies, que tem uma placa enorme com “
No CDs, No Tapes”.

Acabei entrando em algumas dessas lojas que tinham apenas vinil, mas meu foco não era trazer esse tipo de material. Para falar a verdade eu tenho vários LPs, mas só determinadas bandas me interessam nesse tipo de mídia. Para mim é mais uma questão nostálgica em ter os discos que quando era moleque não pude ter. Como não era meu foco acabava entrando nas lojas olhando a parte de metal procurando alguma coisa do Iron Maiden e saia em seguida.


Fui para a Bleecker Street Records. Essa foi a primeira loja que realmente entrei e fiz um garimpo legal. Nas paredes ficam os CDs usados organizados por ordem alfabética e no centro a prateleira dos CDs novos, com poucos LPs pendurados na parede e alguns boxes dispostos com um pouco de falta de acesso. Comecei pelos usados, porque um cara entrou comigo e começou pelos novos na letra A. Como não queria disputa parti para a seção dos usados. Olhei CD por CD, depois fui olhar os CDs novos e no final, após três horas e meia (!), me dirigi ao caixa com mais de 30 itens de bandas diversas. Foi a primeira loja em que entrei e isso pode ter influenciado, mas foi a loja que mais gostei.


A Generation Records é a maior loja que fui. A quantidade de discos de vinil é enorme. Quem gosta de punk e estilos próximos iria ao delírio com uma enorme quantidade de compactos de 7” desses estilos. Eu fui direto na parte que estava indicada como heavy metal, porém só encontrei bandas de metal extremo. Até achei que a loja tinha esse direcionamento. Mas quando fui para a seção de rock lá fui encontrar todas as bandas que a gente costuma classificar como heavy metal. É uma excelente loja que vale a pena visitar.


Outra loja dos arredores é a Village Music World. Todas as outras que comentei anteriormente têm um acervo enorme, e essa não é diferente. A diferença dessa para as outras é o tamanho físico da loja, bem menor que as anteriores. Não sei se porque eu tinha ido em outras lojas bem arrumadas, mas achei essa um pouco desorganizada. Mas isso se deve à limitação de espaço. A seção de boxes sets é bem interessante.


Fui na Academy Records & CDs, uma das lojas que apareceram na
matéria das 25 melhores lojas de discos dos EUA publicada aqui na Collector´s Room. A coincidência foi que só na noite do dia que fui nessa loja é que li a matéria no blog (fiquei com acesso restrito à internet durante alguns dias que estava lá). Também fui na Other Music, mas só vale a pena ir nessa loja se você quiser alguma coisa que não tenha nada a ver com o rock e suas vertentes, já que não tinha praticamente nada do estilo, no máximo algumas coisas do Grateful Dead. Aliás, essa é uma banda que se você gosta vai encontrar muita coisa em todo lugar. Sobre a Academy Records posso dizer que vale bastante a pena, mas não estranhe se você entrar na loja e só ver discos de música clássica. O acervo dos caras dedicado a esse gênero musical é enorme. A seção de rock era um pouco reduzida, mas achei bastante coisa. Fiquei puto com um cara que estava logo ao meu lado tirando do meio dos CDs dois discos do Paul McCartney, o de 1970 chamado só McCartney e o Band on the Run (que na verdade é do Wings, mas é impossível você não associar o Wings ao Paul). Claro que não tinham outros dos mesmos quando procurei. Também são dessa loja os funcionários mais simpáticos.

Só estou comentando das lojas que fui e comprei alguma coisa, mas também fui em vários outras lem que apenas entrei e procurei alguma coisa, mas acabei não gostando. Também comprei alguns CDs em shopping centers e em lojas de departamentos como a Best Buy.


A primeira dica para os caras que vão fazer isso um dia é ter em mente o qeu você quer e quanto está disposto a gastar, a não ser que a ideia seja buscar coisas diferentes mesmo, porque senão é falência na certa. Eu tinha uma lista com mais de cento e cinquenta álbuns que eu queria, porém depois de todas as compras apenas vinte saíram dela. Ou seja, faltou foco (risos). Também é sempre necessário lembrar que é meio complicado transportar muita coisa. Eu tive que comprar uma mala só para acondicionar os CDs que comprei, mas não queria despachar ela nem a pau. Porém, foi uma luta conseguir que a companhia aérea liberasse essa mala como bagagem de mão.

Mas o comentário que mais gostaria de fazer é em relação aos preços. Quem está acostumado com os preços praticados, por exemplo, no eBay, que é o meu caso, acaba em um primeiro momento achando os preços caros. Eu fiquei meio decepcionado no início, porque separei um montante para gastar e percebi que não conseguiria trazer tudo o que queria. Mas depois de um tempo comecei a pensar que é muito mais fácil uma loja virtual ter os preços mais baixos, já que não é necessário pagar os custos diretos de uma loja física. Os valores dos discos novos variam bastante, mas podemos dizer que a média é em torno de 14 dólares, e os CDs usados estão em torno de 7-8 dólares. No eBay conseguimos achar os mesmos CDs com 70% do preço. Mas mesmo esses preços “altos” valem a pena. Paguei no primeiro disco do Crosby, Stills & Nash 15 dólares, 20 no primeiro do Mott the Hoople e 25 dólares na edição especial do
All Things Must Pass do George Harrison. Aqui no Brasil, além de ser muito difícil encontrar esses discos, tenho certeza que não sairiam por menos de 40-45 reais. Mas claro que encontrei algumas pechinchas, como o terceiro do Winger, Pull, de 1993, por $ 1,99 na Macy’s, famosa loja de departamentos de Nova York.

Se você não se importa de pegar um CD usado, essa é uma boa oportunidade de ter aquele disco que provavelmente você não compraria um novo pelo preço. Muitos CDs usados podem trazer uma má impressão no começo pelo estado das caixinhas de acrílico. Mas o dono de uma das lojas estava me dizendo que muitas pessoas na hora de passar o disco para a frente trocam as caixinhas por outras mais velhas. Então antes de pegar qualquer CD dê uma olhada antes nos encartes. Dificilmente você vai ver encartes que não estejam com a aparência de novos. E tem outra, muita gente que passa o CD para a frente faz isso logo depois de comprar e transformá-lo em mp3. E tem aqueles caras que escutam apenas uma vez e vendem quando não gostaram.

Outra dica para quem quer garimpar discos é ir sozinho, a não ser que você vá com alguém que tenha o mesmo objetivo. Isso serve para você que não quer se incomodar pelo incômodo dos outros. Fui nas lojas do West Village sozinho e fiquei o dia todo, e em outros locais fui com a minha esposa. Para ela o tédio de ficar me vendo olhar os discos é o mesmo que eu sinto quando ela está em uma loja de sapatos, bolsas, roupas, relógios, maquiagens, etc …

Se você tiver tempo de visitar mais lojas, pode fazer isso de metrô. Existem linhas para todos os cantos da cidade. É muito legal andar em alguns locais, como é o caso do West Village, que tem um jeitão de cidade do interior. Isso, claro, se você esquecer o trânsito e os prédios da paisagem. Para aqueles que comparam Nova York e São Paulo apenas por elas serem algumas das maiores cidades do mundo, tenho a dizer que a capital paulista está anos luz atrás de Nova York.

Comentários

  1. Cadão...
    O Correspondente internacional é o Mairon que está fazendo uma turnê pela Europa...

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  2. Ela já voltou. Vocês dois são ... hehe ...

    E agora, a pergunta que não quer calar: quantos CDs você comprou nessa viagem, já que teve que comprar uma mala só pra trazer os discos?

    Coloca a lista aí!

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  3. Essa dica de garimpar discos sozinho é importantíssima. Eu e meu irmão passamos umas 4 horas olhando discos no RJ, e olha que eu já tava quase pedindo arrego, e o cara lá fissuradaço... se a companhia dele não fosse um "bolha júnior" como eu teria mandado ele longe já no começo...
    Ninguém entende um bolha perdido numa loja de discos. Só outro bolha...
    Ah, comprar mala só para trazer os discos já dá uma ideia de quanta coisa legal se acha no estrangeiro. Pena que 90% disso não aparece aqui no Brasil varonil, pelo menos não a preços "justos"...

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  4. Ao todo forma 70 CDs (normais, boxes, digipack). Muitas coisas são de edições com bonus e os Cds do Accept e do Porcupine Tree comporei nos shows...Segue uma lista de 50...o restante eu tenho que olhar para lembrar...hehehe

    Aceept – Blood of the Nations
    Alice Cooper - Billion Dollar Babies
    Bon Jovi – New Jersey
    Brian Wilson – Smile
    Cream – Goodbye
    Crosby, Stills & Nash – Crosby, Stills & Nash
    Danzig – III
    Deep Purple – The Book of Taliesin
    Def Leppard – Hysteria
    Elton John – Madman Across the Water
    Foreigner – Jukebox Heroes
    Gentle Giant – Giant for a Day
    George Harrison – All the Things Must Pass
    Grand Funk Railroad – Grand Funk
    Grand Funk Railroad – Survival
    Grand Funk Railroad – We´re an American Band
    Iron Maiden - Bootleg turnê Brave New World
    Iron Maiden - Bootleg turnê Fear of the Dark
    Iron Maiden - Bootleg turnê Piece of Mind
    Jefferson Airplane – Volunteers
    Journey – The Best Live
    Kiss – Love Gun
    Kiss – Rock and Roll Over
    Meat Loaf - Bat Out of Hell
    Mike Oldfield – Tubular Bells
    Moor the Hoople – Moot
    Moot the Hoople – Moot the Hoople
    Morphine – Yes
    Poison – Native Tongue
    Porcupine Tree – Fear of Blanked Planet
    Porcupine Tree – In Absentia
    Queenryche - Operation: Mindcrime
    Rolling Stones – The Singles Collection: The London Years
    Rush – 2112
    Rush – Fly By Night
    Rush – Moving Pictures
    Saxon – Denin and Leather
    Slayer – Hell Awaits
    Styx – Grand Illusion
    Supertramp – Famous Last Words
    The Band – Music From the Big Pink
    The Who – Who’s Next
    Traffic – Mr Fantasy
    Van der Graaf Generator – Still Life
    Van Halen – Van Halen
    Van Halen – Van Halen II
    Warrant – Cherry Pie
    West, Bruce and Laing – Why Dontcha
    Winger – Pull
    Yes – Yes

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  5. Informações sem preço e até onde eu saiba, sem precedentes para colegas colecionadores brasileiros. Valeu e sucesso!

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  6. Saudações.
    Meu nome é André e sou um fã de MDs. Estou indo aos USA agora no final do ano e gostaria de saber se nessas suas garimpagens vc viu MDs usados por lá para venda.
    Muito legal seu blog. Ficarei assíduo.
    Abraços.

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