Adele: análise dos dois primeiros discos da sensação do pop



Por Fabiano Negri


Adele está na moda! Domina paradas por todo o planeta, quebrando recordes de venda e de permanência no primeiro lugar. Ela é simplesmente a maior estrela da atualidade. Como é bom ver música de qualidade mandando no mundo!


A moça em questão é uma inglesa de apenas 23 anos que canta e compõe como uma veterana. Com claras influencias de Etta James, Robert Flack, Nina Simone e uma pitada de Janis Joplin, Adele é dona de um timbre de voz espetacular, excelente alcance e aquele apurado senso de divisão rítmica que só as grandes cantoras de blues e jazz possuem.




Após ser descoberta pela XL Recordings – por sua demo no MySpace – ela lançou seu primeiro álbum, 19, em 2008. O disco é um verdadeiro deleite para os ouvidos. Sem pressa, muito bem produzido e executado, tem como principal destaque a madura e afinadíssima voz de Adele. Temos muitos momentos brilhantes, como na abertura com “Daydreamer” – apenas violão e voz numa interpretação arrebatadora –, “Best for Last” – com claras influências de sua conterrânea Amy Winehouse –, o hit “Chasing Pavements” e a bela versão para “Make You Feel My Love”, do mestre Bob Dylan.


Mas o que realmente chama a atenção é a segurança que Adele demonstra em sua estreia. Totalmente à vontade, ela desfila uma classe impressionante, tanto em sons absolutamente pops – “Cold Shoulder” - como em temas que exigem o máximo de uma cantora – “Melt My Heart to Stone”.


Com o caminho aberto pela igualmente talentosa Amy Winehouse, foi apenas lançar o álbum e esperar pelos frutos. 19 foi muito bem nas vendas e trouxe o nome Adele para o centro das atenções, pavimentando assim o caminho para o mega estrelato com 21, lançado no início de 2011.




Se 19 foi ótimo, 21 conseguiu a proeza de ser ainda melhor. O hit - que já se tornou clássico – “Rolling in the Deep” abre o álbum com seu incrível swing, botando qualquer um pra dançar. A temperatura segue alta em “Rumour Has It”, que conta com aquela adorável sonoridade de bateria vintage e refrão irresistível. A ponte só com piano e cordas é sensacional.


As baladas são o ponto alto, como na dramática “Turning Tables”, na quase country “Don't You Remember” e naquela que faria Janis Joplin dar um largo sorriso de satisfação, “One and Only”.


É um prazer ouvir alguém cantado assim em 2011. O mais interessante é que Adele não precisa gritar nem abusar de fraseados cheios de melismas desnecessários e chatos. Ela apenas se entrega de alma às canções – que na maioria são compostas por ela – e deixa seu talento natural agarrar o ouvinte. O álbum ficou em primeiro lugar nos EUA e na Inglaterra por diversas semanas, tendo 8 milhões de cópias vendidas no mundo até agora.


Adele acertou a mão em seus dois trabalhos. Mistura com maestria pop, blues, jazz e R&B e tem talento de sobra para crescer ainda mais. Além disso, parece ter uma cabeça no lugar e não vai cair na mesma armadilha daquela que abriu as portas para essa nova invasão britânica.


Acredito que esse seja apenas o começo da trajetória de uma estrela de primeira grandeza. Ela está no topo agora e tem bala na agulha pra continuar lá. Alguém aposta no contrário?

Comentários

  1. " O mais interessante é que Adele não precisa gritar nem abusar de fraseados cheios de melismas desnecessários e chatos. Ela apenas se entrega de alma às canções"

    Excelente texto

    Só espero que não seja um hype momentaneo..ela tem talento pra durar!

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  2. Excelente texto, gosto muito dela e dos discos... Espero muito ouvir ela por ai !!

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  3. Não sabia que você curtia, Jaisson. Me surpreendi agora.

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  4. Adele é uma cantora sensacional mesmo. Rolling in the Deep é uma das maiores canções pop da atualidade, perfeita.

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