Nota:
9
Por
mais que se tente não cair em elogios exagerados, alguns discos têm
um impacto tão grande sobre o ouvinte que é impossível evitar tal
artifício. Flagellum Dei, novo álbum da banda carioca
Unearthly, é um destes casos. Intenso, pesado, com um nível
elevadíssimo de qualidade e profissionalismo, coloca o quarteto
como, se não o principal, um dos mais interessantes nomes do atual
black metal brasileiro.
Gravado
na Polônia, no Hertz Studios, mesmo local que viu nascer clássicos
de bandas como Vader e Behemoth, Flagellum Dei traz o grupo
formado por Felipe Eregion (vocal e guitarra), Vinnie Tyr (guitarra),
M. Mictian (baixo) e Rafael Lobato (bateria) faminto para não apenas
consolidar o seu lugar na cena extrema nacional, mas também
preparado para alçar vôos ambiciosos pelo underground mundial.
Quarto
álbum de inéditas do grupo, Flagellum Dei chama a atenção,
de cara, pela produção primorosa. Os irmãos Wojtek e Slawek
Wieslawscy fizeram um trabalho excelente, dando ao disco uma
sonoridade com padrão internacional. Para efeito de comparação, e
apenas isso, o timbre dos instrumentos lembra bastante o que o
Behemoth fez em Evangelion (2009), não por acaso também
produzido pelos irmãos Wieslawscy. Mas as semelhanças param por aí.
Enquanto o som do Behemoth é temperado com elementos egípcios, o
Unearthly soa mais tradicional, mas não menos potente. Há em
Flagellum Dei uma interessante alquimia entre o black e o
death metal, resultando em uma música sombria e animalesca. A
produção cristalina apenas realça esse clima, tornando o som do
quarteto ainda mais potente.
“7.62”
inicia os trabalhos com um lindo dedilhado acústico que evolui para
uma primorosa composição. “Osmotic Haeresis”, com o ex-Morbid
Angel Steven Tucker nos vocais, é outro destaque
em um setlist nivelado por cima. Merece menção também a bela
embalagem digipak, produzida com papel de alta qualidade, e o encarte
com as letras e explicações sobre cada uma delas, tudo em um
trabalho de primeira linha da Shinigami Records.
Concluindo,
Flagellum Dei
é um discaço, um dos melhores álbuns de metal extremo já
produzidos aqui no Brasil. Criativo, maléfico, pesado e afiadíssimo,
é uma prova inconteste de que existem grupos em nosso país que não
devem nada - nada mesmo - à bandas internacionais similares, ao
contrário do que pensam certos vocalistas chiliquentos do estagnado
power metal.
Se
a sua praia é o black metal, compre de olhos fechados!
Faixas:
- 7.62
- Baptized in Blood
- Flagellum Dei
- Black Sun
- Osmotic Haeresis
- My Fault
- Eye for an Eye
- Lord of All Battles
- Limbus
- Insurgency
- Exterminata
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