Lana Del Rey: crítica de 'Born to Die' (2012)


Nota: 4

O hype em torno de Lana Del Rey é gigantesco. Diversas publicações ao redor do mundo apontam a nova-iorquina de 25 anos como a nova diva do pop. Aqui no Brasil, onde os formadores de opinião da turma indie adotam como lei tudo o que é publicado na Spin, Q e NME (as duas últimas deram capa para Lana), o culto à cantora, que lançou apenas alguns singles e chega agora ao seu primeiro disco, beira a acefalia coletiva, com o bando de descolados saudando Elizabeth Grant (o verdadeiro nome de Lana) como se fossem cristãos comemorando o retorno da Virgem Maria.

Born to Die é um disco pensado nos mínimos detalhes. Tudo que o envolve tem um significado, e ele vai muito além da música. Atualmente, gostar de Lana Del Rey é posar de cool, é mostrar para os outros que você está à frente. A música, que é o que interessa, é apenas um detalhe.

Com produção exagerada e orquestrações que muitas vezes passam do ponto, o álbum conta com algumas boas faixas – “Born to Die”, “Video Games” (a melhor música da cantora), “Blue Jeans” e “Radio” -, mas a maioria é dispensável, com melodias insípidas e derivativas embaladas em arranjos pretensamente elegantes. “Diet Mountain Dew” é o exemplo perfeito disso: uma composição monótona e insossa, porém maquiada exaustivamente para ser um single.

A sonoridade de Born to Die remete aos anos cinquenta, às luzes e sombras do cinema noir, por onde Lana passeia elegantemente com sua pose blasé. A união de timbres vintage com batidas atuais produz uma alquimia em alguns momentos interessantes, porém cansativa pela repetição excessiva.

Até o hino norte-americano não escapou de Lana Del Rey, que canta um trecho na abertura de “National Anthem”, um pop eletrônico pra lá de sem graça. A cantora tenta sair da fórmula que permeia todo o álbum – baladas pomposas acondicionadas em arranjos pretensiosos – em “Kinda Outta Luck”, mas derrapa forte em um pop safado que parece sobra de estúdio de Britney Spears.

A performance desastrosa de Lana no Saturday Night Live há algumas semanas revelou uma cantora que, sem toda a parafernália de estúdio, demonstra não conseguir andar sozinha, tropeçando na afinação e com uma presença de palco que ambiciona ser magneticamente estudada, mas na verdade combina mais com um zumbi.

Assim como surgiu praticamente do nada, o resultado apresentado por Lana Del Rey em Born to Die deve fazê-la desaparecer instantaneamente. A diferença entre o que ouvimos aqui e o hit “Ai Se Eu Te Pego” de Michel Teló, por exemplo, está apenas na pretensão e no público a que este produto é direcionado, porque ambos não passam de uma moda passageira de verão.


Faixas:
  1. Born to Die
  2. Off to the Races
  3. Blue Jeans
  4. Video Games
  5. Diet Mountain Dew
  6. National Anthem
  7. Dark Paradise
  8. Radio
  9. Carmen
  10. Million Dollar Man
  11. Summertime Sadness
  12. This is What Makes Us Girls

Comentários

  1. o hype sobre este tipo de artista e tanto que, mesmo para falar mal, o album passa a ser "obrigado" a ser resenhado por sites como o collectors para estes nao parecem "desantenados". nao sei, mas acho que seria melhor, independente do hype, o collectors ignorar solenemente cantoras como essas ai porque, desse jeito, o site joga o jogo que a industria quer e faz propaganda gratuita de merdas insuportaveis. a lady gaga foi tao hypada como a lana mas, por um motivo que eu desconheco, a critica a adorava. gracas a deus suas polemicas gratuitas nao rendem mais e seu destino e o anonimato.

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  2. Lady Gaga é diferente de Lana Del Rey, e o motivo é um só: seus discos são bons, o que não acontece com este álbum da Lana.

    Sobre o que devo ou não publicar aqui no site, essa é uma escolha somente minha, Cleibsom. Nunca me pautei pelo que os outros achavam que eu deveria publicar e escrever, e continuarei tendo esta postura. Se alguma matéria não agrada a alguém, sugiro que apenas a ignore.

    Obrigado pelo comentário.

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  3. engano seu, ricardo, pois seguindo essa postura de falar de artistas inuteis hypados pela "midia" voce, apesar de se achar diferente, apenas faz o jogo desta nefasta industria cultural. e e evidente que voce deve fazer o que quiser com o site, afinal de contas ele e seu, mas este detalhe nao te livra de criticas, cabe a voce considera-las ou nao.

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  4. Cleibsom, eu sei perfeitamente que estou sujeito a críticas, e elas são muitas, pode ter certeza. Porém, a proposta da Collector´s Room sempre foi falar sobre música sem se prender a um estilo somente, ainda que com destaque maior para o heavy metal.

    Ao escrever uma crítica sobre uma artista como a Lana Del Rey acho que, pelo que escrevi, vou na contramão do que a maioria dos sites brasileiros irá falar sobre ela, e esse contraponto é interessante, pois mostra um ponto de vista diferente daquele das pessoas para as quais o som da Lana é direcionado.

    É importante ter esse senso crítico, esse 'pensar por si próprio', em um mundo onde, apesar da popularização e facilidades que a internet proporcionou, ainda nos comportamos como gado na maioria das vezes, indo todos para o mesmo lugar, pensando todos da mesma maneira, sem questionar nada.

    Obrigado pela crítica e pelo puxão de orelha.

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  5. Cleibsom acredito que o Ricardo não esteja preocupado em fazer ou não o jogo da industria cultural, tudo que ele fez foi uma análise sobre um disco de uma artista que vem ganhando muito destaque atualmente.

    A resenha do Ricardo mantém o padrão de qualidade habitual, com argumentos fortes e traçando a história que envolve esse lançamento.

    E em relação a Lady Gaga, eu achei seu último disco bem acima em termos de qualidade do pop mainstream atual.

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  6. Agora que ouvi algumas faixas do seu disco deu para sacar que se trata de uma ótima cantora com um timbre bonito e boa afinação, gostei particulamente de um agudo que ela fez na apresentação ao vivo de "Blue Jeans".

    Mas ela realmente tem uma interpretação muito fraquinha, parece desinteressada até por aquilo que está cantando.

    Bom, claro que só poderei ter uma opinião a cerca do disco quando ouvi-lo por inteiro.

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  7. Infelizmente para vocês, para o equívoco de todos vocês, Lana veio, ficou e se acostumem, não vai sumir, Born to Die, Paradise Edition e novo album em produção ainda para 2013. Músicas para filmes, turnê esgotada na Europa. Gostem ou não, Engulam.

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  8. agora observe como a Lana Del Rey desapareceu instântaneamente, belo vidente!

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  9. Desde 2012 lana del rey veio mostrando sagacidade e ambição em cada novo trabalho que lançou até o último - e aclamado pela crítica - Norman Fucking Rockwell, mostrando ser uma cantora-compositora que sabe trabalhar em cima de momentos delicados de sua vida e do mundo ao seu redor. Born to die é um álbum comercial, com pegadas pop radiofônicas, levando-a a um alto patamar e dando uma nova roupagem a visão que as pessoas têm de cantoras que expõem suas visões sobre seus sentimentos. Decididamente, Born to Die foi um álbum feito para vender. Não é a toa que figurou como o 2° álbum mais vendido de 2012 e um dos álbuns com mais semanas na Billboard hot 200. De lá pra cá, pudemos ver que Lana não só cresceu como artista, mas também como ser humano, colocando vivacidade em suas composições e se afastando de vez de uma cantora que entra em um estúdio para compor um hit e não uma música de verdade. Assim, tem-se em mente o seguinte: Lana del rey não foi esquecida e muito menos o born to die foi um álbum de verão.

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