Volbeat: crítica de Outlaw Gentlemen & Shady Ladies (2013)


Dentro do heavy metal, é difícil encontrar uma banda com tanto potencial mercadológico como o Volbeat. Formada em outubro de 2001 na Dinamarca, o grupo liderado pelo guitarrista e vocalista Michael Poulsen faz uma música particular, que constrói a sua personalidade unindo o metal a elementos de hard rock, country, rockabilly, punk e pop. Essa mistura tornou os caras gigantescos em sua terra natal e muito populares em toda a Europa.

Outlaw Gentlemen & Shady Ladies é o quinto disco do grupo. Há uma mudança significativa na formação, com a saída do guitarrista Thomas Bredahl, substituído por Rob Caggiano, ex-Anthrax e também produtor do trabalho. O álbum foi lançado em 5 de abril passado pela Universal e estreou em nono lugar no Top 200 da Billboard, principal medidor de vendas do mercado norte-americano.

As quatorze faixas apresentam um trabalho de composição bastante focado e eficaz. A contribuição de Rob Caggiano é evidente, com riffs fortes e melodias muito bem construídas, que tornam o som do Volbeat ainda mais eficientes. Os vocais de Michael Poulsen seguem com o seu estilo particular e cativante, transitando em um meio termo entre Elvis Presley e James Hetfield. Outlaw Gentlemen & Shady Ladies é um álbum com uma sonoridade variada, porém sempre muito acessível.

Entre os momentos mais pops estão “Pearl Hart”, "Cape of Our Hero” e “Lola Montez", que sem muito esforço podem ser imaginadas facilmente sendo executadas pelo Green Day, o que incomoda um pouco. Mas esse fator é compensado por faixas agressivas como “Room 24”, que vai do Black Sabbath ao thrash e conta com a participação mais do que especial de King Diamond, naquela que é a primeira gravação lançada pelo Rei Diamante após o ataque cardíaco que quase o matou - me corrijam se eu estiver errado. Outro destaque é a ótima “The Hangman’s Body Count”, que explora as influências variadas do conjunto de maneira exemplar e soa como uma espécie de cruzamento entre Johnny Cash e o Metallica.

Há vários pontos de destaque no disco. “Black Bart” tem toques de death metal, punk e guitarras gêmeas na linha do Thin Lizzy. Já “Lonesome Rider”, com participação de Sarah Blackwood, cantora da banda canadense Walk off the Earth e ex-Dubstar e Client, é um punk country grudento e com cara de hit certo. O banjo de “Doc Holliday”, que conta a história do lendário pistoleiro, traz o clima das trilhas de Ennio Morricone para o álbum, repetindo a agradável sensação da intro de abertura, “Let’s Shake Some Dust”.

Outlaw Gentlemen & Shady Ladies é um bom disco, e também o turning point do Volbeat. Com ele, a banda tem tudo para estourar de vez no mercado norte-americano e, consequentemente, em todo o mundo. O quarteto está a um passo do estrelato, e o seu novo álbum é o passaporte para essa transformação.

Nota 8


 

Faixas:
1 Let’s Shake Some Dust
2 Pearl Hart
3 The Nameless One
4 Dead But Rising
5 Cape of Our Hero
6 Room 24
7 The Hangman’s Body Count
8 My Body
9 Lola Montez
10 Black Bart
11 Lonesome Rider
12 The Sinner is You
13 Doc Holliday
14 Our Loved Ones

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. A banda já tem 5 álbuns e dois DVD's, sendo o segundo um espetáculo, propriamente dito, de show, e nada de lançamentos aqui no Brasil.

    Achei acessível até demais em alguns pontos esse álbum, assim como é citado na resenha, incomoda tem hora. Porém. ele é menos acessível que o Beyond Hell / Above Heaven. Tem sons pesados e bem truncados.

    Observando a carreira da banda, ela vem amadurecendo musicalmente desde o primeiro álbum, e como consequência disso, vem perdendo peso e agressividade.

    Mas isso não significa que vem perdendo qualidade.

    Basta abrirmos a mente um pouco que veremos a ousadia pulsante nessa banda.

    Vida longa ao Volbeat!

    E que venha o Brasil logo!!

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  2. Que música é essa ROOM24 com o King Diamond? Espetacular!
    Realmente essas músicas mais "pops" eu achei totalmente dispensáveis. Na minha opinião retiradas essas restariam apenas 10 músicas extremamente fortes. Mas enfim, ótimo álbum.

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  3. Venho acompanhando o trabalho dessa banda já faz um tempo, escutei todos os álbuns e é impressionante como a banda vem evoluindo a cada álbum. Esse último só reforçou mais uma vez que o Volbeat chegou pra fazer história. Vida longa ao Volbeat \o/

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  4. Conheci a banda com quando fiquei sabendo o paradeiro do GRANDE Rob Caggiano. Curti bastante o som do Volbeat... E mesmo curtindo um som mais pesado, até mesmo as mais melódicas são boas... Curti e vou comprar esse último CD.

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