As Novas Caras do Metal 21: Especial Bandas Suecas - Parte 3



Há definitivamente algo na Suécia. Talvez na correnteza do Klarälven ou carregado pelo vento, das florestas que ocupam mais da metade do território do país, “contaminando” a população com uma criatividade musical única. Afinal de contas, não estamos falando de algo que ocorre apenas atualmente, mas sim há muito tempo. A diferença, talvez, é que hoje o acesso às inúmeras bandas seja muito mais simples e invariavelmente já sabemos que algo bom pode surgir de lá a qualquer momento.


Dando continuidade à série, após a primeira e a segunda parte com excelentes indicações, vamos com mais dez nomes que contribuem para a Suécia continuar sendo uma das maiores fontes de música boa da história.



Dynazty


Sempre colocado lado a lado de outras bandas contemporâneas a ela, como H.E.A.T., Crazy Lixx e Crashdïet, possivelmente pelas altas semelhanças no que diz respeito aos excessivamente cuidadosos procedimentos capilares e à atmosfera galhofa que trazem o espírito dos anos oitenta de volta, o Dynazty não foge muito à regra e traz em seus três álbuns lançados até agora (Bring The Thunder, Knock You Down e Sultans of Sin - de 2009, 2011 e 2012, respectivamente) aquele som que se equilibra entre o hard rock farofento de letras sacanas e os elementos de heavy metal que sempre foram intrínsecos ao estilo. Batidas simples, riffs diretos e melodias pegajosíssimas que irão assombrar a sua mente por muito, mas muito tempo.





Devilicious


Hard rock acelerado, sem a menor intenção de soar inventivo, com letras tão mundanas que beiram o amadorismo, perfeitas para figurar como trilha sonora àquela clichê cena de dirigir o seu carro fabricado na década de setenta em uma estrada em direção ao por do sol. Isso é o que você encontrará ao ouvir um álbum do Devilicious, quarteto de Gotemburgo que iniciou suas atividades em 2005 e já faz parte do catálogo da Sony sueca. Tanto faz escolher The Asylum Gospels (2011) ou The Esoteric Playground (2012) para ouvir, a diversão está completamente garantida.






Deville


Não é segredo que o stoner pode ser personificado de diversas maneiras, e o Deville em três álbuns já passou por vários deles: se o seu trabalho de estreia, Come Heavy Sleep, de 2007, trazia aquele estilo em seu formato mais esfumaçado, típico da escola americana da década de oitenta, Hail The Black Sky, de 2009, mergulhou fundo no lado mais doom. Não apenas isso, o seu mais recente disco, Hydra (lançado este ano) é uma mudança quase que completa, e se aproxima em muito da sonoridade do Mustasch ou do Sparzanza, um stoner envolto por um hard rock mais moderno e um que de groove metal.






Dödaren


Com um disco de estreia lançado em abril de 2012, o Dödaren é uma banda que definitivamente não se prende a nenhum modelo já feito: as oito excelentes faixas que compõe o seu único álbum, Maen, flutuam de forma belíssima entre o stoner sabbathico e passagens que parecem saídas das mentes de James Hetfield ou Phil Lynott, sempre acompanhadas de letras em seu idioma natal e um espírito que remete diretamente ao rock progressivo atual e ao post-rock, resultando em faixas dinâmicas, completíssimas pelo notável trabalho da criativa dupla de guitarras Fredrik Boulund e Martin Claesson. Definitivamente, não é tarefa das mais difíceis imaginá-los figurando em listas de destaques nos próximos anos.






Goatess


Talvez o nome Chritus (ou Christian Linderson) desperte a memória de algumas pessoas. E não é à toa, afinal de contas, o sujeito já esteve à frente de dois grandes nomes do doom metal durante algum tempo: o Count Raven e o Saint Vitus. Atualmente, em paralelo ao seu trabalho com a banda Lord Vicar, o vocalista também segue em frente com o Goatess, banda que acabou de lançar seu disco de estreia autointitulado, pela Svart Records. Aliás, o currículo já deixa claro que vocês encontrarão aqui aquele doom metal até o osso, lento e polido na medida certa (quase suave, em certos momentos), que consegue referenciar não apenas bandas como Kyuss, Sleep e Trouble, mas até algo das mais recentes e psicodélicas viagens pelas quais o estilo passou na última década.






Koloss


Não que isso signifique sucesso comercial, alta popularidade ou algo do tipo, mas o que se viu em 2013 foi uma porção considerável de bandas que praticam o chamado sludge/post-metal (estilo que podemos utilizar para explicar o som de bandas como The Ocean, Isis, Cult of Luna, e por aí vai) lançando seus discos. E em meio a tantos bons álbuns, o quarteto da minúscula cidade de Vetlanda lançou o seu debut, chamado Empower The Monster, com quatro faixas que totalizam pouco mais de quarenta minutos de duração, dando continuidade ao já apresentado em seu primeiro EP, End of the Chayot, de 2011 (que estranhamente tem praticamente a mesma duração do novo trabalho). Uma banda para se manter os ouvidos abertos, principalmente pra quem gosta desse tipo de música que alterna entre infinitas passagens contemplativas com o mais absoluto caos sonoro.






Mamont


Com referências que vão de nomes setentistas como The Doors, Mountain e November, até bandas mais atuais como Truckfighters e Colour Haze, uma forma simples de explicar a proposta desse grupo de Estocolmo que lançou o seu álbum de estreia no ano passado, intitulado Passing Through The Mastery Door, seria dizer que eles soam como um Graveyard um pouco mais embaçado, com doses de psicodelia injetadas sem nenhum limite visível em longos trechos instrumentais improvisados e absolutamente hipnóticos. Chega a ser desnecessário dizer que é uma viagem musical das boas, certo?






New Keepers Of The Water Towers


Há certa dificuldade em tentar explicar o que se deve esperar ao ouvir o New Keepers Of The Water Towers. Não que faltem palavras para descrever a música do grupo, mas a questão é que eles estão tão soltos em questões de influências, que basicamente tudo (e qualquer coisa) pode ser esperada em seus discos. Desde o metal progressivo direto e com uma veia avant-garde da compilação Chronicles (reunindo os EPs de quando a banda ainda atendia apenas pelo nome de New Keepers), de 2009, e passando pelo prog sludge à lá Mastodon e Baroness de The Calydonian Hunt, de 2011, até a epopeia espacial do novo trabalho, Cosmic Child, não há fórmulas definidas. Apenas uma banda sem o menor receio de tentar algo novo. E sim, isso já é mais do que o suficiente para ouvir tudo o que eles lançaram até agora.






Skånska Mord


Em 2006, o pequeno vilarejo de Örkelljunga viu a banda de heavy metal Mothercake se unir às imundices do blues rock do Half Man, para parir o que viria a ser o Skånska Mord. E analisando essa origem, chega a ser impressionante como eles não apenas encontraram um bom equilíbrio entre as duas influências, como ainda deixaram certo espaço para a inclusão de elementos de hard rock e psicodelia em doses nada exageradas. Já com dois discos lançados, The Last Supper (2010) e Paths To Charon (2012), em termos práticos, o som do quinteto pode ser exemplificado como um híbrido entre o doom psicodélico do Witchcraft e o blues sulista do Clutch, com forte tendência para o segundo.






Stonegriff


Uma banda sueca que resolve batizar o seu disco de estreia (e até agora o único na discografia) como Prologus Magicus já entrega na cara qual a sua proposta, certo? E a referência aos seus conterrâneos do Candlemass não param por aí: o som apresentado pelo Stonegriff é descaradamente influenciado pela banda de Leif Edling, em especial pelos mais recentes (e excelentes) álbuns com Robert Lowe. Riffs cadenciados ao desespero, letras que parecem textos saídos de filmes antigos de qualidade duvidosa e a grande interpretação do vocalista Jacob montam aquela atmosfera tipicamente proporcionada pelo estilo. Nada exatamente criativo, mas ainda assim bom o suficiente para as pessoas fazerem a doom dance em pleno 2013 sem a menor vergonha.



Por Rodrigo Carvalho

Comentários

  1. Dessa lista eu não conheço nenhuma banda rs. Ainda nem deu tempo de se inteirar das dicas das outras duas matérias! Mais uma vez, obrigado por esse especial tão bacana!

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  2. Gosto muito do Degreed. Excelente promessa sueca que mistura AOR com elementos de progmetal. Já está em destaque em muitas listas de melhores do ano mundo afora, inclusive

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  3. E nada se disse do Noctum ate agora, que coisa.

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  4. Novamente conheço todas, Suécia é mesmo um puta celeiro, foram novamente bem escolhidas, Ricardo. Minha predileta dai é SKanska Mord, sonzeira.

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