
Há definitivamente algo na Suécia. Talvez na correnteza
do Klarälven ou carregado pelo vento, das florestas que ocupam mais da
metade do território do país, “contaminando” a população com uma criatividade
musical única. Afinal de contas, não estamos falando de algo que ocorre apenas
atualmente, mas sim há muito tempo. A diferença, talvez, é que hoje o acesso às
inúmeras bandas seja muito mais simples e invariavelmente já sabemos que algo
bom pode surgir de lá a qualquer momento.
Dando continuidade à série, após a primeira e a segunda
parte com excelentes indicações, vamos com mais dez nomes que contribuem para a Suécia continuar sendo uma das maiores fontes de música boa
da história.

Dynazty
Sempre colocado lado a lado de outras bandas contemporâneas
a ela, como H.E.A.T., Crazy Lixx e Crashdïet, possivelmente pelas altas
semelhanças no que diz respeito aos excessivamente cuidadosos procedimentos
capilares e à atmosfera galhofa que trazem o espírito dos anos oitenta de
volta, o Dynazty não foge muito à regra e traz em seus três álbuns lançados até
agora (Bring The Thunder, Knock You Down e Sultans of Sin - de 2009, 2011 e
2012, respectivamente) aquele som que se equilibra entre o hard rock farofento
de letras sacanas e os elementos de heavy metal que sempre foram intrínsecos ao
estilo. Batidas simples, riffs diretos e melodias pegajosíssimas que irão
assombrar a sua mente por muito, mas muito tempo.

Devilicious
Hard rock acelerado, sem a menor intenção de soar inventivo,
com letras tão mundanas que beiram o amadorismo, perfeitas para figurar como
trilha sonora àquela clichê cena de dirigir o seu carro fabricado na década de
setenta em uma estrada em direção ao por do sol. Isso é o que você encontrará
ao ouvir um álbum do Devilicious, quarteto de Gotemburgo que iniciou suas
atividades em 2005 e já faz parte do catálogo da Sony sueca. Tanto faz escolher
The Asylum Gospels (2011) ou The Esoteric Playground (2012) para ouvir, a
diversão está completamente garantida.

Deville
Não é segredo que o stoner pode ser personificado de
diversas maneiras, e o Deville em três álbuns já passou por vários deles: se o
seu trabalho de estreia, Come Heavy Sleep, de 2007, trazia aquele estilo em seu
formato mais esfumaçado, típico da escola americana da década de oitenta, Hail
The Black Sky, de 2009, mergulhou fundo no lado mais doom. Não apenas isso, o
seu mais recente disco, Hydra (lançado este ano) é uma mudança quase que
completa, e se aproxima em muito da sonoridade do Mustasch ou do Sparzanza, um
stoner envolto por um hard rock mais moderno e um que de groove metal.

Dödaren
Com um disco de estreia lançado em abril de 2012, o Dödaren
é uma banda que definitivamente não se prende a nenhum modelo já feito: as oito
excelentes faixas que compõe o seu único álbum, Maen, flutuam de forma
belíssima entre o stoner sabbathico e passagens que parecem saídas das mentes
de James Hetfield ou Phil Lynott, sempre acompanhadas de letras em seu idioma
natal e um espírito que remete diretamente ao rock progressivo atual e ao
post-rock, resultando em faixas dinâmicas, completíssimas pelo notável trabalho
da criativa dupla de guitarras Fredrik Boulund e Martin Claesson.
Definitivamente, não é tarefa das mais difíceis imaginá-los figurando em listas
de destaques nos próximos anos.

Goatess
Talvez o nome Chritus (ou Christian Linderson) desperte a
memória de algumas pessoas. E não é à toa, afinal de contas, o sujeito já
esteve à frente de dois grandes nomes do doom metal durante algum tempo: o
Count Raven e o Saint Vitus. Atualmente, em paralelo ao seu trabalho com a
banda Lord Vicar, o vocalista também segue em frente com o Goatess, banda que
acabou de lançar seu disco de estreia autointitulado, pela Svart Records.
Aliás, o currículo já deixa claro que vocês encontrarão aqui aquele doom metal
até o osso, lento e polido na medida certa (quase suave, em certos momentos),
que consegue referenciar não apenas bandas como Kyuss, Sleep e Trouble, mas até
algo das mais recentes e psicodélicas viagens pelas quais o estilo passou na
última década.

Koloss
Não que isso signifique sucesso comercial, alta popularidade
ou algo do tipo, mas o que se viu em 2013 foi uma porção considerável de bandas
que praticam o chamado sludge/post-metal (estilo que podemos utilizar para
explicar o som de bandas como The Ocean, Isis, Cult of Luna, e por aí vai)
lançando seus discos. E em meio a tantos bons álbuns, o quarteto da minúscula
cidade de Vetlanda lançou o seu debut, chamado Empower The Monster, com quatro
faixas que totalizam pouco mais de quarenta minutos de duração, dando
continuidade ao já apresentado em seu primeiro EP, End of the Chayot, de 2011
(que estranhamente tem praticamente a mesma duração do novo trabalho). Uma
banda para se manter os ouvidos abertos, principalmente pra quem gosta desse
tipo de música que alterna entre infinitas passagens contemplativas com o mais
absoluto caos sonoro.

Mamont
Com referências que vão de nomes setentistas como The Doors,
Mountain e November, até bandas mais atuais como Truckfighters e Colour Haze,
uma forma simples de explicar a proposta desse grupo de Estocolmo que lançou o
seu álbum de estreia no ano passado, intitulado Passing Through The Mastery
Door, seria dizer que eles soam como um Graveyard um pouco mais embaçado, com
doses de psicodelia injetadas sem nenhum limite visível em longos trechos
instrumentais improvisados e absolutamente hipnóticos. Chega a ser desnecessário
dizer que é uma viagem musical das boas, certo?

New Keepers
Of The Water Towers
Há certa dificuldade em tentar explicar o que se deve
esperar ao ouvir o New Keepers Of The Water Towers. Não que faltem palavras
para descrever a música do grupo, mas a questão é que eles estão tão soltos em
questões de influências, que basicamente tudo (e qualquer coisa) pode ser
esperada em seus discos. Desde o metal progressivo direto e com uma veia
avant-garde da compilação Chronicles (reunindo os EPs de quando a banda ainda
atendia apenas pelo nome de New Keepers), de 2009, e passando pelo prog sludge
à lá Mastodon e Baroness de The Calydonian Hunt, de 2011, até a epopeia
espacial do novo trabalho, Cosmic Child, não há fórmulas definidas.
Apenas uma banda sem o menor receio de tentar algo novo. E sim, isso já é mais
do que o suficiente para ouvir tudo o que eles lançaram até agora.

Skånska Mord
Em 2006, o pequeno vilarejo de Örkelljunga viu a banda de
heavy metal Mothercake se unir às imundices do blues rock do Half Man, para
parir o que viria a ser o Skånska Mord. E analisando essa origem, chega a ser
impressionante como eles não apenas encontraram um bom equilíbrio entre as duas
influências, como ainda deixaram certo espaço para a inclusão de elementos de
hard rock e psicodelia em doses nada exageradas. Já com dois discos lançados,
The Last Supper (2010) e Paths To Charon (2012), em termos práticos, o som do
quinteto pode ser exemplificado como um híbrido entre o doom psicodélico do
Witchcraft e o blues sulista do Clutch, com forte tendência para o segundo.

Stonegriff
Uma banda sueca que resolve batizar o seu disco de estreia
(e até agora o único na discografia) como Prologus Magicus já entrega na cara
qual a sua proposta, certo? E a referência aos seus conterrâneos do Candlemass
não param por aí: o som apresentado pelo Stonegriff é descaradamente
influenciado pela banda de Leif Edling, em especial pelos mais recentes (e
excelentes) álbuns com Robert Lowe. Riffs cadenciados ao desespero, letras que
parecem textos saídos de filmes antigos de qualidade duvidosa e a grande
interpretação do vocalista Jacob montam aquela atmosfera tipicamente
proporcionada pelo estilo. Nada exatamente criativo, mas ainda assim bom o
suficiente para as pessoas fazerem a doom dance em pleno 2013 sem a menor
vergonha.
Por Rodrigo Carvalho
Dessa lista eu não conheço nenhuma banda rs. Ainda nem deu tempo de se inteirar das dicas das outras duas matérias! Mais uma vez, obrigado por esse especial tão bacana!
ResponderExcluirGosto muito do Degreed. Excelente promessa sueca que mistura AOR com elementos de progmetal. Já está em destaque em muitas listas de melhores do ano mundo afora, inclusive
ResponderExcluirE nada se disse do Noctum ate agora, que coisa.
ResponderExcluirNovamente conheço todas, Suécia é mesmo um puta celeiro, foram novamente bem escolhidas, Ricardo. Minha predileta dai é SKanska Mord, sonzeira.
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