Os três melhores shows do 19º Goiânia Noise

Realizado no último fim de semana, o 19º Goiânia Noise movimentou o Martim Cererê nas noites dos dias 6, 7 e 8 de dezembro. A edição de 2013 foi uma das mais modestas dos quase 20 anos de festival em termos de line-up, mas nem por isso ficou atrás no que se refere à qualidade dos principais shows. A única atração internacional foram os punks escoceses do The Exploited. Krisiun e Mixhell  foram os outros headliners do evento, que contou com quase 50 nomes, dentre eles Ação Direta, Delinquentes, Marcelo Gross, Diablo Motor, Alf, The Baggios, Ressonância Mórfica...

Já passou um bom tempinho, mas antes tarde do que nunca. Abaixo, listamos as três melhores apresentações do Noise 2013. Ou pelo menos aquelas que mais encantaram este que vos escreve.

Krisiun

Quanto mais se assiste ao Krisiun, mais impressionado fica o sujeito. Seja ele um maníaco por death metal ou não. A banda segue divulgando The Great Execution (2011), seu último álbum de estúdio, e, como de costume, fez um show muito intenso. Moyses Kolesne, Alex Camargo e Max Kolesne parecem uma máquina interligada e que produz uma avalanche sonora. Um power trio que consegue preencher os espaços vagos e não deixa lacuna, tampouco dá descanso.

O setlist é bem montado e contempla as duas fases marcantes da banda: os primórdios, com guitarra e bateria na velocidade da luz, e a mais recente, que apresenta um som mais cadenciado, intricado, e com um peso absurdo. Divisão que reverbera e encontra espaço no público, que também mescla fãs diferentes. Há os que preferem os sons mais antigos, do início da trajetória dos gaúchos, bem como os mais novos, que os conheceram a partir do aclamado Works of Carnage (2003). Destaque absoluto para Moyses Kolesne, cada dia mais completo e criativo nos riffs e solos.

Setlist: "Ominous", "Ravager", "The Will To Potency", "Combustion Inferno", "Vicious Wrath", "Vengeance’s Revelation", "Descending Abomination", "Sentenced Morning", "Black Metal" ( Venom), "Slain Fate", "Conquerors of Armageddon", solo de bateria, "No Class" (Motörhead) e "Kings of Killing.

The Baggios

Não foi a primeira vez do The Baggios em Goiânia, mas foi a melhor. Júlio Andrade (guitarra/vocal) e Gabriel Carvalho (bateria) já haviam passado pela cidade em 2008, no Perro Loco, festival universitário de cinema latinoamericano, e em 2012. Porém, coube à terceira apresentação realmente mostrar todo o talento da dupla, que praticamente roubou a cena na noite de abertura do festival. Prova de que não é preciso ser headliner para fazer um show bacana e eficiente.

Já tem tempo que o The Baggios vem chamando a atenção, inclusive aqui na Collector's, onde geralmente são mencionados pelos leitores nos comentários. O duo, à la Black Keys e White Stripes, vem de São Cristóvão, munícipio bem próximo de Aracaju. A mistura de blues, rock de garagem e influências dos 60's/70's molda o som dos caras, que também incluem aspectos da cultura e dos ritmos regionais nas canções. Letras em português e, principalmente, o sotaque nordestino de Júlio, que até lembra a voz de Raul Seixas - a guitarra também -, fazem toda a diferença na hora de cativar ainda mais e conferir a eles maior identidade. Boa parte das músicas do setlist vem de Sina (2013), disco mais recente da banda e que é uma belezura, assim como foi a apresentação no Noise. Agradável, despretensiosa e muito divertida.

Setlist: "Afro", "Blues do Aperreio", "Sem Condição", "Salomé Me Disse", "Esturra Leão", "O Azar Me Consome", "Em Outras", "Pegando Punga" e "Rolling Tumbling"

The Exploited

Dono do show mais aguardado do festival, o Exploited correspondeu bem e tocou 24 músicas para saciar a urgência punk que tomou de assalto o teatro Pyguá, principal palco do Martim Cererê. Liderada fundamentalmente pelo vocalista Wattie e pelo baixista Irish Rob, a banda conseguiu explicitar a pegada que sempre esteve presente em seu som e que muitas vezes a aproximou do metal, sendo uma das preferidas do segmento entre os headbangers.

Um desfile de bons riffs e passagens mais aceleradas fez a festa da galera no circle pit, bem como dos que se postavam logo em frente ao palco para poder a ajudar Wattie a cantar. O que prejudicou um pouco a apresentação dos escoceses foram alguns percalços técnicos. Geralmente, o microfone dava problema ao voltar 'castigado' das mãos do público, e o bumbo da bateria foi detonado durante a música "Never Sell Out". O mesmo precisou ser consertado, o que paralisou o show por alguns minutos e deixou impaciente quem queria ver logo o circo pegar fogo. Nada, porém, que comprometesse os méritos do Exploited, que conduziu muito bem a insandecida massa, com direito a invasão ao palco no final. Bela noite.

Setlist: "Let’s Start a War (Said Maggie One Day)", "Fight Back", "Dogs of War", "Maggie" "UK 82", "Chaos Is My Life", "Dead Cities", "Alternative", "Noize Annoys", "Troops Of Tomorrow", "Never Sell Out", "Rival Leaders", "Anarchy", "Beat The Bastards", "Fuck The System", "Cop Cars", "Porno Slut", "Fuck The USA", "Army Life", "Sex and Violence", "Punk’s Not Dead", "Was It Me" e "Why Are You Doing This to Me"




Texto e fotos por
Guilherme Gonçalves

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