Ironicamente, os mesmos cinco jovens que atendiam pelo nome de Dorian Gray virariam Wild Boyz — originalmente Wilde Boyz — logo após obterem alguma visibilidade na abarrotada cena de Los Angeles, com uma demo de três músicas lançada em 1988 e shows que davam, estourando, mil pagantes. Na época, a mídia dos EUA já apontava suas lentes, ainda que com moderação, para a costa leste. Mas ninguém poderia imaginar, naquela altura do campeonato, que o rock oriundo da nublada Seattle decretaria o fim do hair metal tão rapidamente.
Ainda assim, restou ao Wild Boyz lançar seu único álbum, Unleashed!, pela minúscula Polaris Records, em 1991. Logo às primeiras notas de "Pleazure N' Pain", faixa que abre o trabalho, nota-se uma energia contagiante comprometida, infelizmente, por uma gravação de nível inferior. Willie D. oferece um vocal que vai do grave limpo ao agudo em falsete, com direito a rasgados à la Quiet Riot. Perde uns décimos no quesito pronúncia, mas está pra nascer um cantor nesse estilo que possua um inglês cantado de forma impecável. Em matéria de guitarras, Valentino e Joey Wylde não ficam devendo em quase nada para duplas mais famosas. E a cozinha, a exemplo de muitas outras, não ousa sair do básico.
Mais à frente, temos "Take Me" (ótimo refrão) e uma baladaça nos moldes de "Home Sweet Home" com uma letra que é pura lamentação de mesa de bar: "Forever". O álbum termina em clima de faroeste com "Cowboy Ride", a "Wanted Dead or Alive" da banda.
O single "I Don't Wanna Cry No More" — não mencionei antes por achar esta, justamente, a pior música do disco — teve lá seus dias na programação da MTV e em listas das mais pedidas em rádios locais. Entrevistas, matérias em jornais, pocket shows em lojas de discos e pedidos vindos da Europa e do Japão deram a falsa impressão de que a coisa poderia engrenar ... mas o ano era 1991 e o resto da história vocês todos já devem saber de cor.
O Wild Boyz desapareceria sem deixar vestígio. Na internet, seu legado é administrado pela ex-A&R da Polaris, Michelle, em parceria com K. Lee Lauren, ex-baterista da banda.
Por Marcelo Vieira
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