Dead Kennedys cancela shows no Brasil após polêmica com pôster

A banda norte-americana Dead Kennedys anunciou o cancelamento dos shows que faria no Brasil. O motivo foi a polêmica em torno do pôster que promovia as apresentações, cuja ilustração mostra uma família de palhaços que remete claramente à família Bolsonaro em frente a uma favela em chamas. A arte, criada pelo ilustrador Cristiano Suarez, foi celebrada pelos fãs mas considerada ofensiva pelos eleitores do presidente.

A banda publicou um comunicado em suas redes sociais, onde culpa o promotor dos shows pela confusão causada. Leia o texto na íntegra abaixo:

Os shows aconteceriam no Rio de Janeiro (23/05), São Paulo (25/05), Brasília (26/05) e Belo Horizonte (28/05).

Sinceramente, achei essa postura do Dead Kennedys decepcionante. Independentemente de apoiar ou não o governo atual brasileiro, o punk rock, gênero musical onde a banda se enquadra, sempre foi marcado por posicionamentos políticos fortes e claros. O estilo sempre possuiu um discurso político, as letras de muitos dos seus maiores clássicos contestam o establishment, e o próprio Dead Kennedys tem uma tradição de letras que criticam os líderes norte-americanos e de outras partes do mundo. Músicas como “Kill the Poor”, “Let’s Lynch the Landlord”, “California Über Alles” e “Holiday in Cambodia” são exemplos claros disso.

E mais: Jello Biafra, ex-vocalista do grupo, chegou a se candidatar a prefeito de San Francisco em 1979, sendo o terceiro mais votado com 3,79% dos votos. Em 2000, Biafra concorreu a indicação como candidato a presidente dos Estados Unidos pelo Partido Verde.

Vale mencionar que a formação atual do Dead Kennedys conta com Ron Greer (vocal), East Bay Ray (guitarra), Klaus Flouride (baixo) e D.H. Peligro (bateria). Jello deixou a banda em 1986.

Uma atitude medrosa de uma banda que já foi um ícone, e hoje é apenas um pastiche mal feito de seu passado.