O lisérgico ano
de 1967 foi dos mais inspirados na história do rock. Younger Than
Yesterday (dos Byrds), Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (dos
Beatles), Forever Changes (do Love), entre outros álbuns clássicos,
são dessa safra. A obra-prima de um grupo menos badalado, porém muito peculiar
e influente, The Zombies, também data desse mesmo período dourado. Pop e
acessível, Odessey & Oracle é mais um na lista dos discos à
frente de seu tempo e de difícil classificação até hoje. Seria
proto-progressivo, pop barroco ou merseybeat (a batida dos Beatles)
psicodélico?
Tudo isso e mais
um pouco tinha começado a ser engendrado cinco anos antes em Saint Albans,
Inglaterra, pelo tecladista Rod Argent, o guitarrista Paul Atkinson, o baixista
Paul Arnold (logo substituído por Chris White), o baterista Hugh Grundy e por
Colin Blunstone, que quase foi recusado como vocalista por estar com o rosto
repleto de hematomas no primeiro ensaio. Apesar de péssimo desportista
Blunstone tinha garganta apurada, e sua voz de garoto de coral mais o teclado
quase erudito de Argent se tornaram a marca registrada dos Zombies.
Misturando
batidas de jazz, rhythm & blues e mersey sound, os singles "She's
Not There" (em 1964) e "Tell Her No" (em 1965) fizeram sucesso
na Inglaterra e mais ainda nos EUA, onde alcançaram o topo das paradas. O grupo
então se tornou referência essencial para os americanos.
O ápice veio em
1967 com esse segundo álbum. Música pop com rara sofisticação (composta por Rod
Argent e Chris White) e letras bem construídas abordando temas pessoais e
políticos (como o horror das guerras mundiais). Tudo com melodias luminosas e
harmonias vocais singelas, embaladas por arranjos de cordas, sopros e cravo.
Fazer um disco de
nível tão elevado não poderia nunca ser fácil, e teve como consequência o
desgaste das relações entre os integrantes. Resultado: a obra acabou sendo
lançada após o fim do grupo, em dezembro de 1967. Ironicamente, "Time of
the Season" foi um estrondoso sucesso dois anos depois nos EUA, promovendo
um novo interesse pela banda. Propostas vultuosas de retorno foram declinadas por
Rod Argent, pondo fim, assim, a um banda que tornou transitável a ponte entre o
simples e o elaborado, entre o pop e o progressivo.
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