Quinto álbum do Megadeth, Countdown to Extinction foi
lançado em 14 de julho de 1992 e forma o trio dourado da discografia da banda
norte-americana ao lado de seu antecessor, Rust in Peace (1990), e de seu
sucessor, Youthanasia (1994). Com estes três discos, o Megadeth assumiu uma
sonoridade mais madura e palatável ao grande público e se transformou em uma
das maiores bandas de metal dos anos 1990 e além.
Countdown to Extinction foi também o segundo trabalho com
o quarteto mágico do grupo: Dave Mustaine (vocal e guitarra), Marty Friedman
(guitarra), David Ellefson (baixo) e Nick Menza (bateria). Este time gravaria
ao todo quatro álbuns, se desfazendo após Cryptic Writings (1997).
Nick deixou a banda em 1998 e foi substituído por Jimmy DeGrasso. Já Marty
permaneceria até 2000 e deixaria o grupo após a turnê de Risk (1999), sendo substituído por Al Pitrelli.
Um dos discos mais políticos do Megadeth, Countdown to Extinction
se destacou por este aspecto e por trazer uma abordagem mais concisa em relação
tanto aos três primeiros álbuns – Killing is My Business ... and
Business is Good! (1985), Peace Sells ... But Who’s Buying? (1986) e So Far, So
Good ... So What! (1988) – quanto se comparado com Rust in Peace. Um ponto
crucial para essa variação foi a participação ativa do restante dos músicos no
processo de composição, antes centrado quase exclusivamente em Mustaine, e o
conceito trazido pelo produtor Max Norman, que queria descomplicar a música da
banda.
Não se pode menosprezar também outro fator fundamental: o
sucesso estrondoso alcançado pelo Metallica com Black Album, lançado um ano antes, abriu
os olhos de milhares de músicos de metal em todo o planeta, mostrando que era
possível tocar o estilo e alcançar plateias gigantescas e fora do próprio
nicho. Isso também aconteceu com o Megadeth, como os próprios músicos já
declararam várias vezes. Um exemplo está no maior hit de Countdown to
Extinction, “Symphony of Destruction”, que em sua concepção original passava
dos seis minutos de duração e contava literalmente com uma mini sinfonia tocada
por instrumentos clássicos, além de diversas dinâmicas que se alternavam
durante o desenrolar da canção. O resultado final que entrou no álbum e se
transformou na música mais conhecida da carreira do Megadeth só veio ao mundo
devido ao descontentamento de Norman, que após a banda gravar se trancou sozinho no estúdio e montou a versão final cortando os trechos que julgava desnecessários
e enxugando a faixa à sua essência.
Além de “Symphony of Destruction”, estão em Countdown to
Extinction outras canções que marcaram a carreira do Megadeth como “Skin o’ My
Teeth” (que abre o álbum de maneira brilhante e fala de forma sutil sobre
suicídio), “Foreclosure of a Dream” (com samples de um polêmico discurso
do então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush), “Sweating Bullets” e a
música título, cuja letra expõe a preocupação sobre o futuro do planeta e foi
inspirada em um artigo da revista Time sobre o assunto, dando ao grupo o Humane
Society Genesis Award. Outra curiosidade é que “Psychotron” foi inspirada em
personagem da Marvel, o ciborgue Deathlok.
Countdown to Extinction estreou no segundo posto da
Billboard 2000, ficando atrás apenas de Some Gave All, do astro country Billy
Ray Cyrus. O disco alcançou altas colocações também em países como Inglaterra
(5º lugar), Japão (6º), Nova Zelândia (5º) e Noruega (9º). Só no mercado
norte-americano o álbum vendeu mais de 3 milhões de cópias e rendeu ao
quarteto uma indicação ao
Grammy de Best Metal Performance em 1993, prêmio que o Megadeth só iria vencer
em 2017 com a canção título de Dystopia (2016).
Outro ponto de destaque em Countdown to Extinction é a capa, criada pelo
artista canadense Hugh Syme. Trazendo um realismo perturbador, a arte expressa
com precisão o discurso presente no álbum, sem meias palavras e de maneira até mesmo chocante. Syme possui uma longa colaboração com inúmeras bandas e assinou capas
para discos de nomes como Rush, Whitesnake, Bon Jovi, Aerosmith e outros, e
trabalharia novamente com o Megadeth em Youthanasia, Cryptic Writings e The
World Needs a Hero (2001). É de Syme também outra capa famosa pelo seu tom
realista: a de The X Factor, álbum lançado pelo Iron Maiden em 1995.
Countdown to Extinction faz parte daquela categoria de
discos que o tempo não consegue atingir. Tanto musicalmente quanto em relação
às letras, ele segue soando atual. Responsável por fazer o Megadeth subir
vários degraus rumo ao topo da música pesada, é também um álbum que figura
entre os mais importantes, influentes e essenciais trabalhos da história do
metal.
Obrigatório em qualquer coleção. De preferência merecendo
audições constantes e em alto e bom som.
Fantástico!
ResponderExcluirA rivalidade entre Metallica e Megadeth sempre rendeu bons frutos! Lembro da primeira vez que vi essa capa, que me fez lembrar do clipe de "Unforgiven". Da mesma forma quando ouvi "The God That Failed", lembrei de "Dawn Patrol", do Rust in Peace.
ResponderExcluirMarco Aurélio