Red Hot Chili Peppers, John Frusciante e o umbigo



Em um anúncio surpreendente, o Red Hot Chili Peppers publicou neste domingo (15/12) em suas redes sociais o anúncio do retorno do guitarrista John Frusciante para a banda. Esta será a terceira passagem de Frusciante pelo quarteto. A primeira aconteceu entre 1988 e 1992 e deu ao mundo o clássico Blood Sugar Sex Magik (1991), responsável por tornar o RHCP uma força de alcance planetário. A segundo durou de 1998 a 2009 e presenteou os fãs com três álbuns que ampliaram ainda mais a força do grupo: o sensacional Californication (1999), o ótimo By the Way (2002) e o épico duplo Stadium Arcadium (2006). Josh Klinghoffer assumiu a bronca depois da última saída de Frusciante, e a banda gravou com ele I’m with You (2011) e The Getaway (2016). Já John  mergulhou em sua carreira solo durante esse período.

O retorno de John Frusciante soou sem impacto algum aos meus ouvidos. Li a notícia e pensei: “Tá, e daí?”. O motivo para isso é que não acompanho o Red Hot Chili Peppers e a banda não faz parte do meu universo musical. Ela não faz parte do meu umbigo, e, como se vê, há uma certa dificuldade em enxergar além dele. Descobri o RHCP em 1987 com o fenomenal terceiro disco do grupo, The Uplift Mofo Party Plan (1987), produzido pelo gênio do funk George Clinton. Esse álbum ainda soa incrível aos meus ouvidos e adoro músicas como “Fight Like a Brave”, “Funky Crime” e a versão para “Subterranean Homesick Blues”, de Bob Dylan. E o guitarrista na época era o Hillel Slovak, falecido em 1988 e cujo posto Frusciante assumiu. Gosto de Blood Sugar Sex Magik, mas não pelas faixas que você imagina. Minha canção favorita do álbum é a balada “I Could Have Lied”, cujo solo de Frusciante é belíssimo e sempre me lembrou Jimmy Page. Californication me trouxe de volta para a banda em 1999, e ouvi durante meses a fio. By the Way possui uma das minhas músicas preferidas do grupo, a doce “Dosed”. E Stadium Arcadium nunca chamou a minha atenção.

Mas o meu “Tá, mas e daí?” logo se transformou em “Meu deus, o que está acontecendo?” ao ver a reação enorme que o anúncio do retorno de Frusciante ao RHCP gerou no meu círculo de amigos e em quem acompanha a Collectors Room. Parecia o retorno do filho pródigo ao seu posto de direito, o que não deixa de ter um pouco de verdade. Comoção generalizada, demonstrações de amor incondicional que beiram o fanatismo e coisas do tipo. E tudo isso a respeito de uma banda que, pra mim, deixou de ser relevante há muito tempo. Os motivos para isso posso elencar aqui: as linhas vocais de Anthony Kiedis soam todas semelhantes aos meus ouvidos, as canções tentam replicar a fórmula de Californication eternamente, falta criatividade e tudo mais. Ou é tudo uma questão pessoal de eu não conseguir atravessar a barreira criada pelo meu próprio umbigo e não enxergar o óbvio: o Red Hot Chili Peppers é uma das maiores bandas do mundo, ainda tem o que dizer e o retorno de John Frusciante recoloca a banda automaticamente no seu lugar de direito, entre as mais originais, criativas e mais influentes da história.

John Frusciante é, indiscutivelmente, um guitarrista único. Muito da doçura e da riqueza melódica do Red Hot Chili Peppers, que vem sempre embalada com doses ora sutis e outras nem tanto de melancolia, vem dos acordes que saem de sua guitarra. Ela é o ingrediente que transforma uma das duplas de baixo e bateria mais eficientes que o mundo já ouviu – Flea e Chad Smith – e uma das vozes mais emblemáticas das últimas décadas em algo muito maior. É a sua presença que torna a banda totalmente diferente, seja através dos riffs, das ideias, das surpresas, do feeling e da sensibilidade, todos abundantes. Sem Frusciante o RHCP ainda se sustenta, mas com ele a banda alcança proporções mitológicas e gigantescas. Blood Sugar Sex Magik e Californication não me deixam mentir.

Seja bem-vindo de volta, John. E quanto a mim, vou ter uma conversa séria com meu umbigo enquanto ouço o Stadium Arcadium com atenção pela primeira vez na vida.

Comentários

  1. Acho o RHCP a banda mais paradoxal da história. Amo e odeio ao mesmo tempo. O amor vem devido a 4 obras primas: Freaky Styley (esse sim produzido por George Clinton - Uplift foi produzido por Michael Beinhorn), Uplift Mofo Party Plan, Mothers Milk e Blood Sugar). Californication é bom, mas não genial como seus antecessores. Essas 4 obras citadas trazem um som muito original, agressivo e pop ao mesmo tempo. Meu ódio vem a partir do ano 2000, onde a banda deixou de lado a originalidade e a agressividade, dando ênfase àquele sonzinho pop enfadonho, que qualquer um pode fazer. Mas o que mais me deixa bodeado com a banda é o setlist escolhido para os shows nos últimos 20 anos. A fase genial é praticamente ignorada. Deve ser por isso que nunca fui a um show deles. Mesmo assim fiquei feliz com a volta de John. Ele está entre meus 10 guitarristas favoritos de rock de todos os tempos. Espero que eles voltem às raízes e escolham músicas mais decentes em seus shows.

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    1. Fala Unknown, exatamente! Acho o BSSM top 10, um album incrível, mas o Californication nunca me pegou tanto... acho q a volta eh boa, e tomara que achem uma terceira via de estilo (não serão mais funk e não espero que sejam tão pops como os últimos). Um abraço!!

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  2. Bom,os caras tem uma ligação muito forte, independente de trabalhos,CDs e etc..como vc bem sabe esse guita,tem um problema enorme com narcóticos,esteve no fundo do poço e isso os seus companheiros não querem ver o seu ilustre guitarrista mergulhado nesse lixo q se chama heroína,cocaína e afins, poderiam ficar com esse atual brother,Simm, poderiam+tiro o meu chapéu para todos eles q independente de negócios, algo falou muito+alto,o amor pelo companheiro,as histórias,as famílias,as zoações infinitas q acontecem na história e na estrada kk, vida longa a essa banda q toca simples+,seca curta e reta fazendo o -q é +muitas vezes dentro de um estúdio,eu sou Sandro Alves,batera e arranjador da banda contrato final,(vide CD contrato final no Youtube+plataformas digitais.)

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  3. Curto muito quando apostam no funk rock pesadão...a parte mais pop é legal...mas para o meu ouvido enjoa um pouco.

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  4. Com toda a reverencia q o Josh merece, ele é incrivel, mas avolta do Frusciante é como a volta do Kiske e Hansen pro Helloween, o RHCP é minha banda favorita, nao tanto pelo estilo, mas pela historia na minha vida, foi a primeira banda q passei a acompanhar, foi ela quem me introduziu na musica (Rock/Metal) e quando ouvi q ele iria voltar, primeiro nao acrditei dps surtei de espectativa. o Red Hot, ao meu ver, é um colosso da musica e continua relevante ora mais pop ora menos mas sempre com otima qualidade, dentre os caras que curtem o bom Rock/Metal conheço muito poucos que nao tem essa relaçao com abanda. o Stadium é meu album favorito da banda, desde as medalhonas, passando por Tell Me Baby até Death Of Martian, ninguem é obrigado a curtir a banda, mas na minha opiniao se vc curte Califa ou By The Way,e acha o Stadium algo menos que incrivel, tem algo de errado com vc, ou pelo menos algo deestranho

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  5. Fiquei meio chocado com essa volta. Quando Frusciante saiu e lançaram o primeiro disco sem ele achei que o RHCP tinha se perdido e tal. Mas com o The Getaway me acostumei com o Josh e pensei acertaram a mão. O disco é um dos meus preferidos desse últimos 5 anos. Sinceramente não sei o que esperar disso e com o vai soar os sons do The Gateway com outro guitarrista. Penso que deveriam apenas adicionar o John junto com o Josh. Seria uma baita banda.

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  6. Xará, uma dica pra expandir o seu universo umbilical:
    Live at Slane Castle.
    Depois de assistir e ouvir, você entenderá o alvoroço pela volta do John.

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  7. Coser, Stadium Arcadium tinha tudo pra dar certo. Composições que transitavam entre o velho RHCP e a veia baladeira da banda, todos em forma deslumbrante (até o limitado vocal do Kiedis), mas o resultado foi um disco pretensioso, super produzido...artificial. Um mistério para mim, fã da banda, um disco com tantos bons ingredientes nunca ter me pegado. Eu tinha birra com o By the Way, mas hoje o reconheço como um belíssimo disco e o meu segundo favorito, atrás do BSSM. Mas acho que o RHCP passou, ficou datado. Os trabalhos com o Josh deram um fôlego, mas sempre o achei deslocado. Nos últimos anos o RHCP entregou um som de banda em transição, buscando identidade...com o John de volta, espera-se uma "terceira revolução", considerando o impacto promovido por suas entradas e reentradas na banda. A conferir.

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  8. Eu gostei da volta do Frusciante principalmente pelas apresentações ao vivo. Os últimos shows do RHCP que assisti, fiquei com a impressão do Flea tocando o Baixo no volume 11 e o Josh no 7... a cozinha engolindo a guitarra sempre nos shows. Com o volta do Frusciante esse problema acaba... E acredito que vai rolar um bom álbum novo, com alguns hits mais na onda do Californication. Não acredito que voltem na onda mais funk, o que é uma pena, pois os meus discos preferidos são o Mother´s Milk e Blood Sugar Sex Magic...

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