Por Rogério Ratner
Colecionador, Músico e Escritor
Houve épocas em que Porto Alegre era pródiga em lojas de LPs (é óbvio que, evidentemente, a abundância era muito maior nos tempos em que esta era a única mídia - havia as fitas cassetes, mas nunca foram efetivamente concorrentes dos vinis). Muitas lojas ficaram famosas e marcaram época, como aquelas que bem aponta o Emílio Pacheco em sua comunidade sobre "Porto Alegre de antigamente" (o título é mais ou menos isso, mas é fácil de achar) do Orkut.
Eu particularmente lembro-me de ir muito na Galeria Chaves, onde havia praticamente uma loja ao lado da outra, sendo que em algumas era possível escutar os discos em cabines individuais, e, posteriormente, sem as cabines, mas com fones de ouvido. Eu gostava bastante de ir na Pop Som, onde dava pra escutar o disco sem ter que encarar o olhar atravessado do proprietário, que se emputecia se o álbum não fosse comprado (o que ocorria, por exemplo, na Discoteca ou na King's Discos). Foi como funcionário da Pop Som que conheci o famosíssimo Led, que, devido à sua adoração pelo Led Zeppelin, é figurinha carimbada do meio musical de Porto Alegre, uma das mais folclóricas "peças" do mercado fonográfico gaúcho, e que hoje mantém uma bela loja na mesma galeria. A Galeria Chaves, guardadas as proporções, é a nossa Galeria do Rock, tal como a famosa Galeria da 24 de maio, no centrão velho de São Paulo, ponto turístico indispensável para qualquer fã de música.
O fato é que tenho percebido mais e mais que está ficando muito difícil comprar LPs em Porto Alegre, pois o número de lojas caiu de forma vertiginosa. Atualmente, pode-se comprar vinis nas lojas da Galeria Chaves (do térreo e dos andares de cima), na Toca do Disco, na Boca do Disco (do lendário Getúlio), na Stoned Discos (do super simpático Ivan) - as quais, em grande parte, estão focadas mais significativamente para o CD -, e nas lojas do viaduto da Borges de Medeiros, ou no Brique da Redenção, aos domingos de manhã. Também há duas lojas embaixo do Túnel/Viaduto da Conceição.
Mas há poucos pontos na cidade onde ainda é possível achar LPs "de barbada". Antes havia muitas lojas do tipo em que o cara que estava vendendo não era grande conhecedor de música, ou pelo menos não era conhecedor de todos os estilos, o que garantia a possibilidade de pintar um precinho bem camarada por aquele álbuns que você estava buscando há horas, ao invés dos preços mais altos que costumam cobrar os comerciantes especializados. Ou mesmo lojas de caras que, embora conhecessem música, não cobravam preços altos, tal como era o caso do Hilton, que tinha uma lojinha na Salgado Filho, no lugar do antigo cinema São João. A última grande barbada que vi foi na loja de uns coreanos, na Voluntários da Pátria. Eles vendem aparelhos eletrônicos usados e tinham bastante vinis, até que decidiram torrar tudo por R$ 1,00. Eu comprei um monte de discos no ensejo, mas, infelizmente, acho que ainda poderia ter passado mais um pente fino. Só que, quando voltei lá um dia, eles já tinha despachado o resto do estoque.
Há como opções, além dos pontos antes mencionados, um brechó na Júlio de Castilhos (perto do cine Real, será que é esse o nome?), e em alguns briques da João Pessoa (estes dias achei por R$5,00, em um deles, o famoso disco "roqueiro" do conjunto melódico Norberto Baldaulf, provavelmente o primeiro álbum de rock gravado por um grupo gaúcho, embora, evidentemente, não se trate de um grupo de rock, e nem o rock gravado fosse assim tão "roqueiro" para os padrões atuais). Mas tenho saudades de encontrar, em algum porão escuro ou uma loja bem esculhambada, algumas caixas de LPs misturados, de quaisquer gêneros, com alguma preciosidade à espera para ser descoberta, vendida por um ou dois reais.
Atualmente, com o lance do Mercado Livre e da internet em geral, o pessoal tem ficado bem esperto. Só pra contar uma historinha rápida a respeito: sábado passado fui fazer a minha pesquisa em jornais antigos no Museu Hipólito da Costa, na esquina da rua da Praia com a Caldas Jr., para o livro que estou escrevendo sobre a música/rock gaúcho. Daí, tinha um cara bem ao lado, perto do antigo cinema Cacique, vendendo uns LPs que ele expôs na rua mesmo, na porta de uma loja fechada. Ele tinha, para o meu total espanto, um raríssimo LP em bom estado do Pau Brasil, grupo do expoente do samba-rock gaúcho Bedeu e companhia. Não sei porque, em minha ingenuidade, achei que de repente o cara ia querer cinco, no máximo dez reais, talvez pelo fato de ele vender na rua, e geralmente o pessoal que faz isso está precisando mesmo da grana naquela hora, e, supostamente, não é muito especializado no assunto. Perguntei o preço e quase caí pra trás: ele queria R$80,00!!!!! E ainda me disse que estava barato, porque na internet estava R$150,00. Claro que eu não comprei, porque raramente me disponho a pagar isso por um LP (só uma vez paguei R$70,00 por um, no Mercado Livre, mas era mesmo um achado). Usando a minha famosa tática de negociação "vou dar uma volta e depois passo de novo pra ver se o cara afrouxa", ele disse que baixaria no máximo para R$60,00, isto porque "tinha comprado o disco de uma pessoa que não entende de música, e que mesmo assim me vendeu por R$35,00". É claro que eu não acreditei na conversa do cara, pois ele deve ter pago uns dois reais, no máximo. Eu ofereci R$20,00 como última oferta. O negócio não saiu, mas talvez um dia saia.
Atualmente, com o lance do Mercado Livre e da internet em geral, o pessoal tem ficado bem esperto. Só pra contar uma historinha rápida a respeito: sábado passado fui fazer a minha pesquisa em jornais antigos no Museu Hipólito da Costa, na esquina da rua da Praia com a Caldas Jr., para o livro que estou escrevendo sobre a música/rock gaúcho. Daí, tinha um cara bem ao lado, perto do antigo cinema Cacique, vendendo uns LPs que ele expôs na rua mesmo, na porta de uma loja fechada. Ele tinha, para o meu total espanto, um raríssimo LP em bom estado do Pau Brasil, grupo do expoente do samba-rock gaúcho Bedeu e companhia. Não sei porque, em minha ingenuidade, achei que de repente o cara ia querer cinco, no máximo dez reais, talvez pelo fato de ele vender na rua, e geralmente o pessoal que faz isso está precisando mesmo da grana naquela hora, e, supostamente, não é muito especializado no assunto. Perguntei o preço e quase caí pra trás: ele queria R$80,00!!!!! E ainda me disse que estava barato, porque na internet estava R$150,00. Claro que eu não comprei, porque raramente me disponho a pagar isso por um LP (só uma vez paguei R$70,00 por um, no Mercado Livre, mas era mesmo um achado). Usando a minha famosa tática de negociação "vou dar uma volta e depois passo de novo pra ver se o cara afrouxa", ele disse que baixaria no máximo para R$60,00, isto porque "tinha comprado o disco de uma pessoa que não entende de música, e que mesmo assim me vendeu por R$35,00". É claro que eu não acreditei na conversa do cara, pois ele deve ter pago uns dois reais, no máximo. Eu ofereci R$20,00 como última oferta. O negócio não saiu, mas talvez um dia saia.
Contudo, é isso que eu digo, cada vez mais a venda de LPs usados em Porto Alegre é feita por experts, não há mais lugar pra "amador", e aí os preços nos levam à loucura. Aliás, quem souber de alguma "boquinha" diferente, onde se achem boas barbadas, por favor me avise.
Boa matéria sobre Porto Alegre.Quero muito um dia ir até POA para visiar não somente as lojas mas para conhecer uma das cidades que mais despertam minha curiosidade.
ResponderExcluirarrgh, meu irmão tava em POA semana passada, nem me animei a falar pra ele procurar uns vinis, porque nao conhecia nenhuma loja.... se essa materia tivesse saído antes...
ResponderExcluirAinda tem bastante sebos por aqui.
ExcluirPorto Alegre é considerada a segunda melhor cidade brasileira pra se comprar discos, depois, é claro, de São Paulo. Quem diz isso são experts no assunto, como o Ed Motta, por exemplo.
ResponderExcluirE Fábio, Ramon e amigos: o Rogério Ratner tem textos excelentes e um trabalho de pesquisa muito bom, e a partir de agora passará a colaborar com o blog. Teremos um grande ganho de qualidade com a participação dele, podem ter certeza disso.
Abração.
Legal.Seja bem-vindo, cara...
ResponderExcluirEu acho que, em termos de PREÇO, Porto Alegre ganha de São Paulo.
ResponderExcluirAh, sim, legal o Rogério ter citado a minha comunidade no Orkut. O nome correto é "Porto Alegre do passado".
ResponderExcluirEmílio, em relação ao preço, vc quis dizer que em Porto Alegre os discos são mais baratos que em Sampa, certp? Ou seria o contrário?
ResponderExcluirSim, os preços são mais baratos em Porto Alegre. Mas algumas lojas estão "ficando espertas", por assim dizer.
ResponderExcluirOi, valeu galera.
ResponderExcluirSuper obrigado pra todo mundo pela força e os elogios, é uma grande honra participar do blog e trocar figurinhas com todo mundo, tenho aprendido muito. Como disse o Emílio, os caras aqui em Porto Alegre estão ficando mais espertos, e eu completaria, mais expertos também. Às vezes, acha-se um cara que mete bem a faca, mas ainda é possível achar raridades a R$1,00, embora bem mais dificilmente. Aliás, o disco aquele do Pau Brasil, terminei achando por 1 real, mas sem capa. Na verdade tinha a capa, mas estava tão mofada e rasgada que não valia a pena levar, mas o vinil tava em estado razoável. Contudo, certamente não há a quantidade e a variedade de títulos de Sampa. Por exemplo, na época da faculdade, uma amiga tinha o disco da Barca do Sol, "Pirata", e me emprestou pra gravar. Depois procurei feito doido o vinil aqui e nunca achei. Em Sampa, na Galeria do Rock, na Baratos Afins, achei. O preço não era dos melhores (R$16,00), na época, há uns dez anos atrás, era caro. Contudo, um valor razoável, não estratosférico. Mas acha-se bons vinis e não tão caros na Lapa, em sebos na av. Consolação (onde também há uma grande variedade de compactos) e na av. São João, meio próximo da 24 de maio (na mesma calçada tem umas lancherias que vendem mate). Eu tinha muita curiosidade de visitar as lojas do Rio, deve ter muita coisa boa. Um lugar que me surpreendeu foi Blumenau, que tem excelentes sebos com bons preços. Abração do amigo Rogério Ratner, e desejo um ótimo ano novo pra toda a galera.
ResponderExcluirBah, é tudo verdade. Antigamente comprar aqu em PoA era muito bom, agora ta horrivel. Os preços das coisas simples (Led, Sabbath, Purple) vai de 10 a 50 em vinil, e quando acha uma raridade, como Van Der Graaf (e olha q nem é tao raro) chega a 100. Pra mim o melhor local ainda é o Rio, tem muito sebo (principalmente na Galeria Siqueira Campos) que vendem discos bons (nao raros, mas bons) por 3, 5 reais, fora as tradicionais que sempre tem raridades a bom preço. Aqui em PoA o melhor lugar pra achar uma raridade ou é num "negócio" que tem no viaduto da conceição, bem nas escadas "famosas" onde tem muito vinil empoeirado por 5, 10 pila. E tem o Antigo Garimpo, na João Pessoa esquina Redenção, que também as vezes se acha um vinilzão por 1 real. Mas ultimamente mesmo, tenho juntado minha grana pra comprar no Rio mesmo, sai bem mais em conta principalmente pela qualidade e pelo preço.
ResponderExcluirA loja citada aqui em SP pelo Rogerio no centro de SP é a 'Sampa Discos', ao lado da 'Casa do Mate', na av. São João próximo ao Largo Paissandu, somente para localizar melhor que vem de fora...
ResponderExcluirValeu pela dica, Fábio.
ResponderExcluirAbraço.
Onde fica. Meu wats 055981445593
ResponderExcluirOlá pessoal...me dizia se vcs tem algum vinil da Garotos da Rua q tenha as músicas Meu coração não suporta mais é Pra te dar prazer....caso tenham me dê um toque no meu Whats q é 16 99118 0194...Luiz Antônio..Franca sp. Abraço
ResponderExcluirDesculpem o erro acima..quis dizer me diz aí kkkk dizia .
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