Review: Black Sabbath – Sabotage (1975)



Com o título servindo como resposta para os problemas de gerenciamento que a banda atravessava na época, Sabotage é a sexta compilação de estúdio do quarteto. Foi o primeiro álbum com a produção assinada por Tony Iommi, embora os créditos apareçam teoricamente destinados para a banda e para Mike Butcher.

Os trabalhos começam com a fantástica e pesada “Hole in the Sky”, que tem um vocal agudo de Ozzy Osbourne. A faixa é cortada subitamente e seguida por uma peça acústica sinistra denominada “Don’t Start (Too Late)”, apresentando o lado clássico de Iommi ao violão.O clímax do álbum é “Symptom of the Universe”, com seis minutos e meio de riffs e solos eternizados na história do heavy metal. A introdução com palhetadas só para baixo consequentemente se tornaria uma característica do thrash metal, servindo de referência para grandes guitarristas do estilo. Ao final, a canção debanda para mais um tema acústico.

Com quase dez minutos, a poderosíssima “Megalomania” traz um lado experimental até então inédito e um solo sensacional (talvez o melhor da carreira) de Iommi na parte intermediária. A composição é rica em atmosferas sombrias e assustadoras, sendo a essência de tudo o que amamos no Black Sabbath e um atestado do auge criativo que a banda atravessava.

“The Thrill of It All” é competente, mas acaba sendo uma das mais fracas do disco devido, principalmente, ao alto padrão das demais faixas.  Trazendo cantos gregorianos do Coro Filarmônico de Londres, a instrumental “Supertzar” virou a faixa de introdução dos shows da banda durante muitos anos. Sem saber da participação do coro, Ozzy chegou no estúdio em uma tarde e deu de cara com os quarenta integrantes gravando a música, então acreditou que estava no lugar errado e foi embora!
               
“Am I Going Insane (Radio)” foi desenvolvida em um sintetizador, o mesmo utilizado na faixa “Who Are You” do trabalho anterior, Sabbath Bloody Sabbath (1973). O termo “Radio” entre parênteses parece indicar que a canção foi composta para tocar no rádio, mas na verdade trata-se de uma gíria. Nas palavras de Bill Ward: “É uma gíria usada em Birmingham. Se você é doente mental, nós o chamamos de radio”. É o tema mais comercial do álbum, com seu refrão melódico e fácil de ser cantado, apesar de encerrar com alguns gritos bizarros de agonia, que acabam entrelaçando-se com a linha de baixo inicial da última e uma das melhores faixas do disco: “The Writ”. Esta apresenta letra escrita por Ozzy (algo bastante raro nos discos do Sabbath) cujo mote é o ex-empresário contra o qual eles moviam uma ação judicial e traz uma das mais fantásticas performances vocais da carreira do vocalista, encerrando o álbum no nível máximo.

Sabotage nos apresenta uma porção maior de peso em relação ao disco que o antecedeu, apesar de conter uma das piores capas da história do rock (Ward está ridículo na foto, vestindo as calças de sua esposa na época). Os perrengues judiciais e aborrecimentos com empresários que a banda estava atravessando na época foram canalizados em um álbum raivoso, sendo o último registro verdadeiramente excelente da formação clássica Ozzy, Iommi, Geezer Butler e Ward.

Por Diego Colombo

Comentários

  1. em minha modesta e humilde opinião a obra máxima (junto com o primeiro e o sabbath bloody sabbath) da banda da minha vida. um dos discos da minha vida com a maior performance vocal do nosso querido madman, ele canta como um anjo raivoso. até hoje lembro com exatidão a primeira vez que ouvi "hole in the sky" nos idos de 1984, em um programa de radio de minha cidade, Belem, que rolava a madrugada tocando sons "diferentes" da programação normal. fiquei estasiado e. até hoje, fico da mesma forma. disco genial, pesado, inteligente, supreendente, enfim, uma obra prima do rock

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  2. quando comprei o disco, alguns meses depois, tudo me marcou, inclusive a capa (apesar da calça ridicula de Bill). Aquele espelho e os reflexos, a moldura clássica, Ozzy naquele roupão com motivos orientais meio mistico meio amedrontador , com aquela cruz e, após botar o vinil pra rolar, tudo ficaria mais misterioso, raivoso e envolvente

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  3. Junto com Sabbath Bloody Sabbath, é o meu álbum favorito da banda.

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  4. A capa deste disco esteve colada no meu quarto dos 15 aos 20 anos, no Bom Fim, em Porto Alegre. Curtia Sabbath desde 1973, depois de ter sido apresentado à banda por um primo mais velho. Por sorte, o vizinho que morava embaixo gostava ainda mais, descobri uma bela manhã, ao acordar com o petardo de Hole In The Sky. Hoje escuto os álbuns com Ozzy no vocal em ordem cronológica, no carro, sempre o mais alto possível (sem distorcer, claro!). Impossível não ficar impressionado com a qualidade, criatividade e a capacidade técnica desta banda, em total dissonância do progressivo que começava na época.

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