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Mostrando postagens de maio, 2024

Review: The Black Crowes – Happiness Bastards (2024)

O The Black Crowes foi uma das maiores bandas dos anos 1990 e 2000, e, principalmente durante a década de noventa, talvez a grande responsável por manter a chama do rock clássico viva e forte em uma época dominada pela energia e juventude do grunge, pelas inovações do metal alternativo, pelo nascimento do nu metal e pelo apelo universal do Britpop. A banda dos irmãos Robinson contrastava com tudo isso ao entregar um rock and roll embebido em influências como Led Zeppelin, Allman Brothers e The Faces. O resultado foi uma carreira marcada por grandes álbuns, notadamente o clássico The Southern Harmony and Musical Companion (1992), um clássico atemporal e que até hoje soa impressionante. Porém, as rusgas entre entre Chris e Rich Robinson fizeram a banda passar por momentos de ausência e hiatos, culminando com o encerramento das atividades em 2015. E, por mais que tanto o vocalista quanto o guitarrista tenham entregado trabalhos de qualidade em seus projetos seguintes, a lisérgica Chris...

Review: Pearl Jam – Dark Matter (2024)

Percebemos a força de algo quando, ao usarmos comparações para demonstrar como um artista alcançou um pico de criatividade, indicamos determinado momento como exemplo de algo ótimo e que serve de parâmetro de qualidade. É isso que acontece com Dark Matter , novo álbum do Pearl Jam. Não são poucos os reviews que apontam o trabalho como um retorno da banda ao grunge – ou seja, usam uma comparação com algo de qualidade já comprovada e que sobreviveu ao teste do tempo. Produzido por Andrew Watt, que nos anos recentes fez seu nome assinando álbuns celebrados de nomes como Ozzy Osbourne e Rolling Stones que já havia trabalhado com Eddie Vedder em Earthling (2022), terceiro disco solo do vocalista, Dark Matter revisita a sonoridade dos primeiros álbuns da mais longeva banda e maior sobrevivente da icônica cena de Seattle. O disco está recheado de grandes momentos e transpira doses generosas de inspiração, características que farão os menos habituados com a carreira do Pearl Jam afirmare...

Review: Accept – Humanoid (2024)

A reconstrução do Accept após perder a sua figura mais reconhecível, o vocalista Udo Dirkschneider, é um dos maiores cases de sucesso da história do metal. Tendo o guitarrista Wolf Hoffmann como grande mente criativa e Mark Tornillo como novo frontman, a banda alemã embarcou em um novo auge e se reinventou totalmente. Humanoid é o sexto álbum desse novo Accept e o décimo sétimo da discografia do grupo, e irá surpreender os mais desavisados de forma extremamente positiva. Digo isso porque, após a renovação apresentada em Blood of the Nations (2010) e Stalingrad (2012), a banda foi meio que se acomodando no lugar comum e entregou trabalhos não tão inspirados como Too Mean To Die (2021). Humanoid corrige o rumo e traz o Accept soando sanguíneo, energético e criativo como no início da fase Tornillo. A força e a magia do metal teutônico de alto quilate são percebidas em todas as doze faixas, como destaque para canções como a abertura “Driving Into Sin” e seus leve acentos orientais...

Review: Kerry King – From Hell I Rise (2024)

Ouvindo From Hell I Rise , primeiro álbum solo de Kerry King, fica claro que o guitarrista não foi um dos motivos do fim do Slayer. A conta deve ser despejada toda nas costas de Tom Araya, cansado das turnês e querendo passar mais tempo com a família. Já King mostra que ainda tem lenha pra queimar e segue sendo um dos grandes arquitetos do metal extremo. O disco soa totalmente na linha do Slayer e isso não deveria surpreender ninguém, já que o Kerry sempre foi um dos principais compositores da banda. Tendo ao lado o chapa de longa data Paul Bostaph (Testament, Forbidden e com longa passagem pelo próprio Slayer) na bateria, King chamou Mark Osegueda (Death Angel) para os vocais, Phil Demmel (Machine Head, Vio-Lence) para a guitarra e Kyle Sanders (Hellyeah) para o baixo e montou uma banda coesa e que soa conforme o seu desejo. O grande destaque vai para os vocais de Osegueda, que fogem de maneira inteligente de qualquer mínima semelhança com Tom Araya, e também para Demmel, guitarri...

Review: Slash – Orgy of the Damned (2024)

Slash usa um recurso manjado em seu novo álbum, um truque que já rendeu discos multiplatinados como Supernatural  (1999) de Santana e que o próprio guitarrista do Guns N’ Roses utilizou em seu primeiro trabalho solo, autointitulado, lançado em 2010: a presença de diversos convidados especiais. O resultado é como o time de convidados: varia entre bons momentos e outros esquecíveis. Orgy of the Damned traz versões para clássicos do blues interpretados por Slash ao lado de nomes como Chris Robinson, Billy Gibbons, Iggy Pop, Paul Rodgers, Brian Johnson e outras vozes lendárias. A ótima Beth Hart decepciona em “Stormy Monday”, mais gritando do que cantando. Já Demi Lovato surpreende com uma bela interpretação de “Papa Was a Rolling Stone”, uma das joias do catálogo da Motown. Outros destaques ficam por conta de Chris Robinson vestindo a carapuça do traficante dos bons sons em “The Pusher”, hino do Steppenwolf, enquanto Billy Gibbons entrega a classe costumeira em uma inspirada releit...

Quadrinhos: Bouncer – Primeiras Histórias, de Alejandro Jodorowsky e François Boucq (2024, QS Comics)

Bouncer é um faroeste atípico. A obra criada pela dupla Alejandro Jodorowsky e François Boucq em 2001 contrasta com a abordagem clássica, romântica e quase poética de Tex e outras referências do gênero ao apresentar um universo repleto de tragédia e doses generosas de violência, tudo embalado por uma grandiosidade épica. O quadrinho teve o seu primeiro volume publicado na França em 2001 e chegou ao Brasil apenas em 2024, mais de duas décadas depois, e em dose dupla, pelas mãos das editoras QS Comics e Comix Zone. A HQ de Jodorowsky e Boucq possui, até o momento, doze volumes publicados entre 2001 e 2023. Os sete primeiros saíram no mercado francês pela editora Les Humanoïdes, e os seguintes chegaram às livraras franco-belgas pela editora Glénat. A divisão editorial da publicação original também se repetiu no Brasil, visto que a primeira metade da série foi adquirida pela QS, enquanto os volumes mais recentes foram comprados pela CZ. Bouncer: Primeiras Histórias reúne os sete prime...

Paracuellos, de Carlos Giménez (2024, Comix Zone)

Paracuellos é uma história triste, trágica e comovente. Contada pelo quadrinista espanhol Carlos Giménez, conta a sua experiência nos abrigos sociais do país nas décadas de 1940 e 1950, durante a ditadura franquista. Esses locais eram para onde eram levados os meninos cujos pais não tinham condições financeiras para criá-los, e que, na esperança de oferecerem uma educação melhor, confiavam essa tarefa ao estado. Só que a história não era exatamente o que parecia ser. Na prática, os abrigos sociais eram instituições onde os jovens garotos passavam por uma grande doutrinação política adornada por doses generosas de religião, tudo isso enquanto sofriam na mão de professores, educadores e profissionais que, em sua maioria, pouco se importavam com o destino dos internos. Gimézez foi um desses internos, e eternizou a sua experiência em Paracuellos . No total, a série teve um total de oito edições, e, após anos inédita no Brasil, foi lançada pela Comix Zone. O primeiro volume reúne os qu...